QUAL O NOME DELA?

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Na manhã de domingo, Fernando acordou mais cedo que o normal, que chega a passar das onze horas da manhã. Foi um sonho muito estranho que o fez despertar pouco antes das oito da manhã, e ficar olhando para o teto do quarto pequeno, deitado em sua rede para tentar dormir de novo. E não conseguiu.

Ele lembra poucos detalhes, mas recorda de uma garota. Não apenas uma garota. Ele a conhecia, e jurava ser uma de suas amigas, mas quando ele a chamava, ou melhor, gritava para a moça, que aparentava ter uns 15 anos, ele não recebia resposta. O local era estranho para ele. Ele estava num jardim, muito bem cuidado e cheio de espécies das mais variadas flores, com as mais variadas cores e cheiros. O restante, Fernando não consegue discernir, pois fica tudo muito cinza, nada estava nítido; tudo tremia, mas lembra de ver o olhar negro e sem vida da menina misteriosa quando ela virou o rosto em direção a ele. A última cena o fez ter um susto repentino e impactante o suficiente para despertar e perder totalmente o sono.

Levantou-se de forma solene e se dirigiu para a cozinha, que ficava próximo ao seu quarto. A casa estava silenciosa, o que era normal pois não costumavam receber muitas visitas e raramente ocorria uma discussão. Andou descalço, sentindo o frio da cerâmica branca que cobria todo o chão da pequena casa e passou por entre os móveis que representavam ali uma sala de estar, que na verdade era apenas um espaço da cozinha separado por um balcão de mármore que começava atrás da geladeira e fazia uma curva para perto do sofá. Abriu a geladeira e bebeu um pouco de água, ainda um pouco intrigado com o que tinha visto em os seus sonhos. Tirou o celular do bolso e fez uma rápida análise: nenhuma novidade, nenhuma mensagem. 

Seu cabelo estava liso, caído quase acima dos olhos e arrumado mesmo depois de acordar, assim como as princesas em filmes de contos de fadas quando despertam em suas camas grandes e confortáveis em seus palácios mágicos. Ele não se considerava um príncipe, mas se sentia em um palácio, naquela casa que eu cresceu. Pequena mas confortável, apesar de todo o transtorno afora. 

Voltando para o quarto, ele liga o computador e confere sua lista de amigos em uma rede social mas já previa que nenhum deles estaria acordado a esta hora.

– Meu filho. Você já está acordado? – A voz doce e tranquilizante de dona Laédia, encostada no umbral da porta do quarto, sempre confortava Fernando.

– Sua benção, mãe. – respondeu Fernando dirigindo-se com os braços abertos para abraçar a mãe. Ela vestia uma camisola esfarrapada com estampa de pele de onça; o cabelo com algumas mechas já grisalhas devido a meia idade, estava preso por um prendedor com a figura de uma joaninha pequena; sua pequena altura a fazia alcançar até o pescoço do filho. Ela retribui o ato carinhoso e aperta suavemente a mão estendida do filho.

– Deus te abençoe, meu filho. Você está se sentindo bem? – Fernando olhou para ela como se ele estivesse doente. Ele apenas acordou cedo, e sem despertador.

– Mãe? Eu apenas fiquei sono, não se preocupe.

– Eu te conheço viu, Fernando? O que é que está tirando o seu sonho? – disse ela soltando um olhar curioso, como se pudesse ler a mente do filho. – Tá com problemas com o tal de bule no colégio? – Ela não sabia pronunciar a palavra bullying mas sabia do que se tratava, depois de várias palestras a respeito do assunto focadas em evitar a prática entre os filhos e para que os pais estejam atentos. – Olha, se algum bichão estiver mexendo com o meu neném, mamãe vai lá e... – mas foi interrompida.

– Mãe! Eu só acordei cedo. – Fernando elevou um pouco o tom, fazendo a mãe olhar e ficar pensativa.

– Você nunca foi de acordar a este horário. – Ela fez uma pausa olhando para a chinelas vermelhas nos pés e voltou o olhar para o filho. – É namoradinha?  – perguntou curiosa, em um tom afetivo, que poderia ser considerado como fofo.