– Vamos sair daqui amanhã mesmo, e eu não quero ouvir nenhuma reclamação, ouviu bem? – ordenou Márcio batendo a porta atrás de si e seguindo o caminho de pedras do jardim da frente, ornamentado por orquídeas e tulipas e, perto da entrada, agraciado pela sombra de duas palmeiras, um pequeno banco de concreto cinza. Ele abriu o portão de grades enferrujadas, entra em sua Buick Super preta e segue rumo a escuridão da rua mal iluminada.
– Cachorro! Canalha! Que ódio desse homem, ó Senhor! – Maria Alice enxuga as lagrimas em seu avental e se dirige ao pequeno depósito onde são guardados os produtos e os instrumentos de limpeza. Em meio á barras de sabão, esponjas usadas e desinfetantes, ela pega uma vassoura de palha e uma pá de mão pequena, volta para a cozinha e coleta cada estilhaço de vidro deixados no chão após o marido quebrar duas taças ao tentar acertá-la. A cozinha estava uma bagunça. Mesa bagunçada, pratos de alumínio no chão e uma garrafa de uísque relativamente caro vazia deixado para trás. Toda aquela discussão foi porquê Maria Alice não concordava com a ideia de saírem do Centro para outro bairro de Fortaleza, sem nenhum motivo aparente vindo do marido.
Maria Alice olha para o portão entreaberto através da janela e percebe que nem o marido e nem o carro estão lá fora e ela sabe muito bem para onde ele foi numa hora daquelas. Ainda com o rosto molhado pelas lágrimas, ela olha para a imagem em porcelana de Jesus em um pequeno altar com duas velas em cada ponta, se ajoelha diante do móvel e aos soluços começa a rezar desesperadamente até ouvir pequenos passos delicados vindos do corredor que dá acesso aos quartos. A pequena menina de cabelos lisos e negros, pele branca e olhos curiosos aparece ao lado da mulher suplicante que interrompe suas preces para analisar a criança.
– Volte agora para o seu quarto. – Grita para a filha, que observava curiosa a situação que foi deixada na cozinha de sua casa. – Você está bem, mamãe? – Pergunta a menina delicadamente esperando uma brecha para poder dar um abraço carinhoso na mulher que sofria encostada num móvel de madeira. Porém, a resposta que obtém de sua mãe é ela lhe puxar pelo braço através do corredor em direção a um pequeno quarto enfeitado. – Eu já mandei você ir para o quarto rezar! – Dizia a mãe enquanto apertava o braço da menina, arrasta e a empurra para dentro do quarto e tranca a porta por fora. – Eu quero ver o papai. Aonde está o papai? – Dizia a voz abafada da menina de dentro do quarto, choramingando. – O seu pai está no cabaré. E você não se atreva a dizer para ele que eu te tranquei no quarto, mas você merece um castigo por ser tão desobediente. – Grita a mãe do lado de fora, ignorando o choro da filha no outro lado da porta.
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QUAL O NOME DELA?
Misterio / SuspensoVocê já pensou na possibilidade de que você existe para cumprir um objetivo nesta vida? Após ser socorrido de um acidente por uma garota misteriosa, Fernando se encontra em um passado distante e precisa descobrir as respostas para tentar voltar par...