Cinco.

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Empire State Building, New York; 25 de Agosto; 00:07

Desculpa. – Josh dá dois passo pra trás rapidamente antes que possa fazer algo com que vá se arrepender.

    Any suspira e cruza os braços, sentindo o repentino vento frio percorrer o seu corpo. Josh caminha lentamente do outro lado da sacada, escorando o corpo no murinho.

— Você sabe o rufar dos tambores? – Any pergunta depois do silêncio dominar aquele espaço por alguns segundos. Josh a encara, negando com a cabeça. – É o que acontece antes do beijo. É aquele momento em que os rostos estão perto e tem toda aquela expectativa quanto ao que vai acontecer. Dá um frio na barriga, como se não estivessem apenas borboletas mas uma manada de elefantes dançando dentro do seu estômago. São aqueles segundos antes das bocas se encostarem que parecem demorar uma eternidade. – Ela sorri e Josh faz o mesmo, concordando mentalmente com o que acabara de dizer. – Na minha opinião, é a melhor parte do beijo... – Ela diz, suspirando antes de sussurrar a próxima frase. – E não tem nada na minha promessa que proíba o rufar dos tambores.

     Por alguns segundos, Josh fita profundamente seus olhos castanhos – os mais brilhantes que já viu na vida, e respira fundo, parando na sua frente.

— Posso me aproximar? – Ele sussurra e ela concorda lentamente com a cabeça, sentindo o coração acelerar.

   Josh dá mais um passo em sua direção, sem desentrelaçar seus olhos dos da garota, e permite que os lábios expressem um sorriso conforme se aproxima.

    Quando seus corpos já estão perto o suficiente, Josh coloca os dedos na mão de Any e sobe delicadamente pelo seu braço até chegar em sua face. Ele puxa uma mecha do cabelo pra trás de seu rosto e acaricia-o, enquanto a outra mão pousa em suas costas e une seus corpos. Any sente o corpo inteiro arrepiar ao sentir os olhos de oceano do garoto cravados nos seus, enquanto a respiração rápida de ambos se misturam em uma só e podem ser sentidas em sua pele.

    Josh permanece acariciando o seu rosto por alguns segundos, enquanto seu olhar reveza entre os olhos da garota e sua boca. Em um ato final para, finalmente, poder colar os seus lábios, ele tira a mão de seu rosto e a coloca em seu pescoço, para puxa-lo pra ainda mais perto do seu.

    Assim que Any fecha os olhos, sente Josh se afastar e suspira; nunca desejou tanto quebrar uma promessa.

   Quando sente o coração voltando para seu compasso normal, abre os olhos e vê Josh fitar o chão enquanto anda de um lado para o outro.

— Se eu não me afastasse nesse exato momento eu faria uma besteira. – Ele diz, se sentando no chão.

   Ela suspira, se sentando relativamente perto do garoto.

— Tudo bem.

    Eles permanecem em silêncio por alguns minutos, revivendo em suas mentes o que acabara de acontecer enquanto procuravam formas de retomar o assunto.

    Any foi a primeira a decidir quebrar o gelo.

— Eu sempre quis conhecer o Empire State. – Ela diz, chamando a atenção do garoto para si. – New Yo-ork. Concrete jungle where dreams are made of, there's nothin' you can't do... – Any cantarola a canção, balançando a cabeça no ritmo da música. – Eu sempre acreditei que, um dia, estaria aqui ouvindo essa música. – Ela ri e olha para o garoto, que está a observando com um sorriso. – O quê?

— Porque não me disse que você canta? – Ele pergunta, a fazendo corar.

— Eu cantei zoando, Josh. – Ela responde, desvinculando o olhar do dele pela vergonha que sente. – Não viaja.

— Você canta bem sim! – Ele diz surpreso, se aproximando um pouco mais. – Canta de novo, sua voz é linda.

— Para com isso. – Ela diz sorrindo, tampando o rosto com as mãos. – Eu tenho vergonha.

— Não precisa ter vergonha, você provavelmente nunca mais vai me ver. – Ele diz, desejando comer de volta cada uma de suas palavras.

— É. – Any responde com um sorriso, fingindo não se abalar com suas palavras. No fundo, ambos sabiam que isso era verdade, mas estão gostando tanto da presença um do outro que desejavam esquecer esse detalhe. – Você não vai rir?

— É claro que não. – Ele sussurra, apertando o seu joelho.

    Any respira fundo e termina de cantar Empire State of Mind, sentindo o coração leve a cada palavra que dizia.

     Ela nunca havia se sentido tão livre.

    Assim que termina a última palavra, ainda com os olhos fechados, ouve gritos de Josh e os abre rapidamente. O garoto está imitando uma plateia que grita "Any, me dá um autógrafo" e frases similares.

— Para! – Ela o empurra.

— Você tem algum defeito? – Ele pergunta depois de alguns segundos e ela ri, revirando os olhos.

— Olha, eu ronco e às vezes posso ser muito dramática. Além de que na tpm eu viro um monstro, fico extremamente nervosa e choro por qualquer besteira. E ainda tem mais, meu humor muda com muita facilidade e... – Ela para de falar e o encara, fazendo-o cair na risada. – Eu falo muito quando estou nervosa. Eu nunca tinha cantado assim na frente de outras pessoas que não sejam da minha família.

     Ele sorri.

— Não precisa ficar nervosa. Eu gosto te ouvir. – Ele brinca e ela sorri. – Eu também tenho algo que nunca faço pra ninguém. – Ele suspira, se levantando. – Então espero que se sinta especial.
Josh pega o celular e coloca Only For You, do Lund, respirando fundo antes de começar.

Por Hoje Nós. | BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora