Seis.

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Empire State Building, New York; 25 de Agosto; 00:38

    Assim que a música termina, Josh se joga no chão e tampa os olhos com as mãos, enquanto respira ofegantemente.

— Não quero ouvir o que tem a dizer. – Diz.

    Any permanece em silêncio por alguns segundos e ele a fita com os olhos cerrados, se deparando com a garota o observando com um sorriso no rosto.

— Uau. – Any sussurra, se deitando ao seu lado. – Josh, você é muito bom nisso. De verdade.
O garoto sente o coração acelerar com suas palavras.

Nah. – Ele nega.

— É sério. – Ela diz, o olhando nos olhos, na intenção de mostrá-lo convicção. – Você é muito bom. Deveria fazer isso pra viver, Josh. Você é muito bom.

    Ele sorri com suas palavras, virando-se pra ela para pegar em sua mão, inconsciente quanto ao que esse ato causa no coração da mesma.

— Eu te digo o mesmo, Any. – Ele diz com firmeza.  – Você deveria fazer isso pra viver.
Ela sorri e também vira o corpo na direção do garoto, sem desvincular os seus olhares. Ele começa a brincar com sua mão e ela sorri.

— Minha mãe diz que arte não dá dinheiro. – Ela diz depois de alguns segundos e ele ri.

— Minha mãe diz o mesmo. – Ele responde, fazendo-a gargalhar. – Acho que somos dois fracassados nos nossos sonhos.

   Ela sorri, observando a mão dos dois entrelaçadas enquanto ele acaricia seus dedos.

— Pelo menos estamos em New York. – Diz.

— Pelo menos estamos em New York. – Ele ri.

    Eles permanecem por alguns minutos em silêncio.

   Any se entretém tateando a mão de Josh, gargalhando em alguns momentos ao tentar entrelaçar seus dedos de maneira estranha. Enquanto isso, Josh crava os olhos no rosto da garota e se percebe sorrindo ao observá-la.

   Any sente como se o conhecesse a anos e Josh sente o mesmo, mas nenhum dos dois consegue o dizer.

— Ei! – Um grito ecoa pela sacada e ambos se levantam rapidamente pelo susto.

   Uma luz de lanterna atrapalha a visão de ambos e Any sente o coração acelerar, se escondendo atrás do corpo do garoto.

— Josh?! – Ela sussurra, apertando sua blusa.

— Tá tudo bem. – Ele sussurra de volta, apesar de sentir as pernas tremerem. Ele não gostaria de acreditar que Yonta tenha os esquecido ali em cima.

   Passos se aproximam devagar e, quando Josh força as vistas na tentativa de reconhecer o rosto do indivíduo, Yonta vira a lanterna para o seu rosto e grita Bu.

— Puta merda! – Josh coloca a mão no coração, enquanto risadas da mulher ecoam pelo local. Any respira fundo pelo alívio e sorri pela brincadeira.

— Impagável. – Yonta diz entre uma risada e outra, observando a feição pálida do garoto. Depois de alguns segundos, consegue recuperar o fôlego. – Vocês precisam ir. Já são uma da manhã e meu turno acaba a qualquer instante.

— Sua vida que vai acabar a qualquer instante, dona. – Josh brinca, abraçando o pescoço da mulher.


Quinta Avenida, New York; 25 de Agosto; 01:00

— Volte mais vezes, Josh. – Yonta diz com voz meiga, sorrindo. – E você também, Any. Se o Josh confia em você, eu também confio. Quando quiser aparecer, será bem-vinda.

   Any sorri com as palavras e o carinho da mulher. Desde que chegou à cidade, é uma das primeiras vezes que sentiu verdades nas palavras de consolo de alguém.

— Obrigada, Yonta. – Josh agradece. A mulher balança a cabeça e fecha a porta.

— Vamos, então? – A garota aponta para o metrô com a cabeça, dando passos pequenos naquela direção. – Não quero perder completamente a pista de dança, quero chegar a tempo de uma última música.

— Na verdade... – Josh diz, puxando-a com delicadeza pela mão. – Vamos andando?
A garota para, fazendo uma careta.

— Andando?

— Não é muito longe e... – Josh respira fundo, contendo o sorriso. – Eu não quero que a noite acabe. Quando chegarmos no salão a noite vai acabar, e eu quero adiar isso o máximo que eu puder.

    Any faz um biquinho, fingindo tristeza. 

— E a última música? – Diz com voz trêmula.

— Eu prometo que vamos chegar a tempo... – Ele diz, puxando a mão da garota para sua boca e dando beijinho em seus dedos logo em seguida. – Vamos, vai.

   A garota o observa com olhos cerrados por alguns segundos enquanto o garoto tenta fazer a sua melhor cara de cachorro-sem-dono. Apesar de tentar resistir, Any gargalha e cede.

— O que eu faço com você, menino? – Ela rola os olhos e ele dá um pequeno murro no ar em comemoração. – Mas só porque esse meu salto é baixo e confortabilíssimo, porque se eu tivesse com um salto alto, desconfortável e caro, nem o papa pra me convencer a andar assim.

    Josh ri de suas palavras e entrelaça melhor seus dedos no dela, dirigindo-a pela direção correta. 

— Inclusive, senhorita... Eu amei seu sapato. – Ele diz, reparando no salto baixo transparente com pompons em cima.

— Era da minha avó. – Any responde, sorrindo. – Falando em avó, vamos voltar pro jogo? Estava divertido.

— Não entendi a relação do jogo com sua avó. – Josh brinca, fazendo a garota gargalhar.

— Porque no jogo teve uma pergunta de vó. Ou uma resposta. – Any responde confusa, ainda rindo. – Sei lá, isso não entra ao caso.

    Josh gargalha e concorda.

— Ok. – Ele diz. – Sua vez.

Por Hoje Nós. | BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora