Capítulo 2.

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Porra, Lauren ...não para. - A morena suplicou em um tom alto enquanto rebolava nos meus dedos.

Seguro mais forte em sua coxa, tentando evitar que ela esbarre na buzina do carro e entregue a gente. Apesar de estar no meio da madrugada, alguém pode muito bem nos escutar.

- Tem certeza de que não tem câmera aqui? - Pergunto mais uma vez. O que aconteceu comigo?

- Tenho ... porra, estou quase. - Ela disse, me segurando pela gola da camisa, com um olhar que poderia estar me destruindo por completo, mas por um momento apenas me fez congelar por dentro.

Aperto os fios dos seus cabelos com a mão esquerda, fazendo mais força do que o necessário, e estoco os dedos dentro dela com a mesma intensidade, querendo terminar logo com aquilo. Não demora muito até ela gozar, sujando minha calça social e caindo nos meus braços.

- Deus ...você é incrível. - Disse, se ajeitando pro lado.

- Preciso ir. - Falei, colocando meu casaco novamente.

- Como assim? Não vai subir comigo? - Ela me jogou um olhar de reprovação.

- Não posso, Daniela, preciso voltar ao trabalho. Mas eu ligo, assim que puder. - Soltei as palavras rapidamente, esperando que ela entendesse o recado.

Ela saiu como um furacão, batendo na porta ao sair. Merda, não era justo. O que acabei de fazer?

Giro a chave do carro, e piso de fundo no acelerador, saindo da garagem dela o mais rápido possível. Estou exausta, mas simplesmente não consigo dormir bem a muito tempo. Pensei que poderia jogar meus problemas pro alto pelo menos hoje, mas é impossível relaxar.

Observo na janela do carro a chuva caindo, depois de ajeitar o retrovisor do carro, e me sinto um pouco mais tranquila com o barulho que ela faz ao bater no vidro. Estaciono em minha garagem, depois de minha entrada ser liberada, e paro um breve momento para respirar. Estou trabalhando demais, faço isso para evitar pensar nos meus medos, mas ultimamente não está sendo nada fácil.

Depois de tomar um banho quente, percebo minha barriga roncar. Lembro que minha refeição hoje foi composta apenas por um café da manhã. Eu realmente preciso começar a mudar meus hábitos. Ligo a televisão no canal de esportes, enquanto assopro a fumaça que sai da minha sopa, que esquentei no microondas, e aparentemente não está com uma cara boa. Me xingo internamente enquanto pego uma caneta e anoto numa pequena folha que preciso urgente parar no mercado depois de sair do trabalho amanhã.

04:23 da manhã.

Que inferno, não consigo dormir, estou me remexendo a horas na cama. Desisto e abro meu notebook sentando no sofá, carregando os arquivos do trabalho. Bom, se você não consegue dormir, pelo menos consegue trabalhar. Dou um sorriso de canto ao pensar isso, sendo que preciso levantar e ir para delegacia em menos de quatro horas. Estou há alguns meses trabalhando em um novo caso, no qual Verônica me incentivou a não desistir. Conseguimos avançar significativamente nesse período, mas sinto que tem muito mais coisa envolvida. Nós temos acesso ao telefone do homem que eu conheço como Marcus, mas duvido que esse seja seu nome verdadeiro. Ele "trabalha" no contrabando de pessoas, e voltou a ativa há pouco tempo, me dando finalmente uma chance de poder pegá-lo. Mas até agora, eu não estava recebendo nenhum chamado, e nenhum som da escuta. Cogitei pensar que ele poderia ter descoberto o que eu fiz, e o estava tentando fazer. Mas era impossível.

Descobri recentemente que "Marcus" era como um pombo correio. Ele atrai garotas com ofertas de emprego, e depois as leva para um lugar afastado, para que elas possam passar a fronteira, onde depois de um tempo elas são obrigadas a trabalhar em Madri, em casas de show, ou bares discretos, junto a outra quadrilha que meus agentes descobriram recentemente. Pode parecer fácil descobrir tudo isso, muitas meninas podem receber esse tipo de oferta. Mas era muito perigoso, e eu tinha completa noção disso, mas não iria desistir agora. Eu queria mais do que qualquer coisa sentir essa sensação novamente, poder fazer algo por outra pessoa, poder ajudar quem precisa, como um dia que eu não pude.

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