Capítulo 4.

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Em que momento eu deixei as coisas saírem do controle? Ou pior, por que isso não me incomodou da forma como deveria? Ela me pediu para ficar. Tudo bem, eu já passei por isso, já ajudei muitas pessoas em situação de pânico. Mas dessa vez, eu fiquei. Não que estivesse quebrando algum protocolo, mas eu estava quebrando minhas próprias barreiras, e isso sim era ruim, isso sim era o pior. Ela se encontra deitada em meu colo, aparentemente em um sono profundo, ressonando baixo com a boca aberta. E se alguém entrasse e visse essa situação, o que eu iria dizer? Ótimo, só o que preciso fazer é levantar e sair, afinal, Verônica deve estar louca me procurando.

Me Levanto com cautela, segurando o rosto dela e apoiando no sofá. Não quero que ela acorde agora, ou então eu não saberia o que dizer. Confiro mais uma vez, ela está dormindo. Fecho a porta com cuidado ao sair, e rumo em direção a minha sala. Espero que a esse ponto tenhamos conseguido dar mais um passo. Verônica não conseguiu alcançá-lo a tempo, e nenhum de nossos carros achou sequer uma pista de para onde esse desgraçado pode ter ido. Eu preciso mais do que tudo concluir esse caso, e além de todo meu plano ter dado errado, eu poderi ter morrido. Meu estômago revira ao me lembrar da situação em que aquela mulher estava. Ela se encolheu no canto da sala como se fosse um cachorro que tivesse acabado de apanhar. Na verdade, isso realmente aconteceu com ela, o que era pior ainda. Eu senti na hora uma vontade absurda de estar em qualquer outro lugar que não fosse aquele, principalmente quando ela me olhou, com o rosto cheio de sangue e cortes enormes. Eu não fazia ideia do que tinha acontecido com ela antes de eu chegar, e preciso que ela me conte tudo em detalhes. Não vai ser fácil, nunca é fácil ter que relembrar as situações que mais queríamos apagar da memoria, mas no momento seria necessário, pois assim eu posso estar mais perto de acabar com tudo. E eu devo isso a ela, e a mim também.

Abro a porta da sala e vejo Verônica jogar um olhar como se fosse um raio.

-Onde diabos você se meteu, porra? - Era exatamente essa reação que eu esperava.

- A garota, precisei cuidar dela, ela vai ficar mal por um bom tempo. - Confessei, afinal, não gosto de esconder nada dela.

-Não encontramos nada até agora. O local já foi examinado, já colhemos as impressões digitais, mas nada dele aparecer, pelo menos por enquanto. - Ela disse, sendo o mais realista possível.

-Não acredito que isso aconteceu. Merda, não era para ser assim. - Falei, me sentando com as mãos na cabeça.

-Não acredito que você saiu do carro como a porra de um furacão. O que deu em você? - Estava demorando para ela tocar no assunto.

-Eu..não sei, eu ouvi os gritos, depois disso não pensei em mais nada. - Confessei outra vez.

-Você poderia ter morrido, você entende isso? - Veronica exclamou, claramente em pânico ao pensar nessa hipótese.

- Merda, vou precisar colher os depoimentos dela, não vai ser nada fácil. - Lembrei, me sentindo pior ainda.

- Você precisa ir para casa, aposto que nem dormiu. Eu assumo por enquanto - Ela disse, me avaliando.

- Eu estou bem, só preciso de um café. - Realmente, eu precisava.

- As escutas e o e-mail estão sendo monitorados o tempo inteiro, mas eu duvido que vai sair algum resultado disso, agora ele já se livrou delas. - Ela me contou, e tinha razão.

-A foto dele já foi divulgada, ele não vai conseguir sair do país pelo menos, o que nos resta é esperar ele se movimentar, e checar outra vez os possíveis lugares onde ele pode ter ido. Assim que ela estiver melhor, podemos tentar conseguir mais informações sobre o caso. - Disse, enquanto verificada toda a papelada na mesa.

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