Ruas nevadas, luzes por todos os lados, pessoas andando apressadas junto aos seus familiares para as compras de natal, bonecos de neves nas calçadas, um cenário típico de todo ano na grande Nova York, a enorme selva de pedra dos americanos. Dylan já conhecia bem todos estes detalhes, pois há anos morava naquela cidade, e também há anos passava o natal sozinho ou em festas chiques da alta sociedade.
Entrando no prédio de seu império, a Cooper Enterprises, ele pega o elevador executivo sentindo o peito inflar de orgulho por cada ano trabalhado. Agora aquilo tudo ali era seu, graças ao esforço e conquista de sua parte. Rico aos trinta anos, e com a sua empresa no topo das melhores em arquitetura e construção.
—Bom dia, senhor Cooper! —cumprimenta o zelador do andar, Harold.
—Bom dia, Harold! Frio hoje, não acha? — diz ele em passos apressados até o escritório.
—A previsão é de mais neve nos próximos dias, como se já não bastasse toda essa massa branca cobrindo os prédios, ruas e calçadas. — grita o velhinho de volta, enquanto retorna a limpeza dos vidros.
Entrando no escritório, ele cumprimenta com acenos de cabeça e alguns sorrisos aos seus funcionários, ou como gostava de dizer, sua equipe. Dylan sempre fez o possível para não ser daqueles chefes carrancudos e arrogantes, gostava de ser amigo das pessoas.
—Bom dia, chefe! —cumprimenta Tyler, seu advogado e amigo. —Animado para o natal?
—Ainda falta alguns dias. — diz ele de volta enquanto caminha até sua sala.
—Já sabe onde vai passar o feriado?
—Não sei, talvez passe igual como das últimas vezes. — responde sem muito ânimo.
A pergunta do amigo lhe deu um aperto no peito, por mais que não quisesse demonstrar. Dylan já se imaginava em seu enorme apartamento vazio, com a lareira ligada e tendo a garrafa de Whisky como sua companhia. Depois veria algo na netflix, terminaria de beber toda a garrafa e cairia bêbado no próprio sofá. Que ideia de natal mais emocionante.
—Se quiser, pode ir passar a noite de natal na minha casa. Silvia fará uma bela ceia, e as crianças sempre me perguntam se o tio Dylan vai aparecer no natal. — sugere o amigo, enquanto ia atrás dele.
—Eu vou ver e te falo. — era sempre a resposta dada por ele.
Não é que ele não quisesse ir para a casa do amigo, é que a família do Tyler lhe fazia lembrar muito a sua, que há anos não os via. Entrando em sua sala, ele se depara com Anneliese, sua assistente engraçada e atrapalhada às vezes. Ela trabalhava com ele há um ano já, era uma moça simpática e bastante alegre todos os dias. Parecia que não havia tempo ruim na vida dela.
—Bom dia, senhor Cooper! — ela abre seu enorme sorriso de sempre e lhe entrega seu café favorito de sempre. —Um caramelo macchiato no capricho para começar o dia com bastante energia e o coração aquecido neste inverno.
—Ah,obrigado. — ele dá uma risadinha e pega o café das mãos dela. —O que temos para hoje, Anneliese?
—Reunião às dez com os acionistas e um almoço marcado com aquele investidor.—responde ela enquanto lhe entrega a sua agenda.
—Reunião com os acionistas, sério isso? — ele revira os olhos de uma maneira engraçada, arrancando risadas dela.
—Não podemos decepcionar os caras. — rebate Tyler, sentando-se na cadeira que ficava de frente para ele.
—Certo, me reunirei com eles então. —concorda ele sem muito ânimo.
A manhã passou voando para Dylan, na reunião com os acionistas ele estava praticamente em modo automático, pois sua cabeça viajava à mil. Ele não conseguia parar de pensar sobre o que faria na noite de natal, por mais que aquilo fosse um pensamento bobo, algo lhe dizia para ir rever seus familiares. Imediatamente uma lembrança gostosa e inesquecível surge de um dos seus natais, quando era ainda criança. O cheiro de biscoitos feitos por sua mãe que incensiava toda a casa e ele ficava lá no balcão, ansioso e babando para dar uma mordida neles.
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Surpresas do Natal (Conto)
Short StoryDylan sempre foi um homem focado em trabalho e no crescimento de sua empresa, a Cooper Enterprise. Por ter vivido a maior parte de seus anos da vida adulta trabalhando e preocupando-se só em ganhar dinheiro, ele foi se esquecendo de suas origens e f...