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June

-Babe vamos embora. – Alfred, o meu namorado, sussurra ao meu ouvido. Assinto e levanto-me da cadeira. Alfred pega na minha mão e saímos do café, eu adoro este café porque fica perto da minha universidade, Columbia University e também porque o ambiente é agradável e acolhedor. Mas tenho de admitir que hoje estava farta de estar lá, a nova empregada estava sempre a meter-se com o meu namorado com frases de engate do século passado e o Alfred em vez de ignorar ou mandá-la dar uma volta não, ele estava a ir na conversa dela mesmo à minha frente.

-Não vais falar comigo?- ele pergunta.

-Não tenho nada para dizer.- eu digo tentando não parecer irritada, porque na verdade eu estou bastante irritada. Acho que ninguém ia gostar de ver o seu namorado a babar-se para uma cabra.

-Tu estás com os ciúmes?- ele ri e isso deixa-me ainda mais irritada.- Eu não tenho culpa de ela se estar atirar a mim por isso deixa de fazer birra.

-Tu tens culpa sim! Ela estava atirar-se a ti e tu estavas a fazer o mesmo à minha frente.- eu grito a última parte mais alto. Eu e ele paramos de andar e posso sentir o olhar de todos os que estão na rua em nós.

-Para de ser cabra e vamos embora que eu não quero fazer uma cena.- ele ordena e eu quero-lhe bater por me chamar de cabra mas a única coisa que faço é correr.

Eu não acredito que ele me chamou de cabra! Isso faz-me lembrar o inicio da minha relação com ele, nós éramos tão diferentes e ainda somos. Ele o típico de rapaz que só sabe fazer porcaria sem razões nenhuma e eu a rapariga que não faz mal a uma mosca e que não sabia o que era ir a uma festa universitária, beber álcool, fazer sexo.. Ele mudou-me e não sei se foi para melhor.

-June espera!- ele grita e corre até mim como as pernas dele têm o dobro do tamanho das minhas pernas ele chega ao pé de mim em segundos. Ele agarra no meu braço com força, o que me assusta.

- Alfred para! Estás-me aleijar!- eu grito e as lágrimas que já tinham secado começam a cair de novo.

-Tu vais parar de fazer essa birra estúpida e é agora!- ele grita e faz mais força no meu braço. Tenho a certeza que vai deixar marca.- June vamos para o teu quarto e quem sabe divertir nos um pouco. – ele diz com um sorriso malicioso e eu começo a ficar assustada com o que pode estar a pensar.

Eu não digo nada. Ele larga o meu braço e começamos a caminhar de novo para o meu quarto. Ninguém diz nada e apenas se ouve o meu choro. Nunca pensei que ele me fosse tratar mal ao ponto de me aleijar e chamar-me de nomes. Definitivamente eu não estou a gostar disto e estou a ficar farta das atitudes de merda dele, se ele pensa que é assim que se trata uma pessoa, uma rapariga mas principalmente a namorada dele então ele pode tirar o cavalinho da chuva porque eu estou chateada e bastante magoada com ele e acho que não aguento muito mais isto. E com isto eu quero dizer a nossa relação.

Finalmente chegamos ao meu quarto. Abro a porta e olho em meu redor para ver se Amora se encontra no quarto mas logo vejo que ela não está. Ela deve estar com o Francis o namorado dela, penso. Os meus olhos captam um pequeno envelope azul claro, a minha cor preferida, em cima da cama. Vou até à minha cama ignorando a presença do meu namorado e pego no envelope vejo que não remetente apenas tem o meu nome escrito ‘June xx’ numa caligrafia bonita e cuidada, ao contrário da minha letra que mais parece um conjunto de gatafunhos.

-De quem é isso?- Alfred pergunta mesmo sabendo que eu não lhe vou responder. Ele sabe que estou chateada e magoada com ele por me ter chamado de cabra e por me ter aleijado. Ele sempre disse que nunca iria bater em mulheres, apesar de ele não me ter batido, e vejamos onde estamos agora. Eu com nódoas negras e ele indiferente ao que aconteceu. O que me faz pensar que não fui a única que mudou desde o início da nossa relação.

Eu abro o envelope e encontro um papel também azul. Este logo fica manchado com as lágrimas que ainda teimam em cair. Começo a ler assim como Alfred que entretanto se colocou atrás de mim.

‘’Sabes o que é estar perdida no mundo? Estares rodeada de pessoas mas sentires que estás completamente sozinha. Sentires que ninguém te compreende. Que ninguém te quer compreender. Sentires que ninguém te ama ou se preocupa contigo? 
Eu senti isto e por vezes ainda sinto que se partisse ninguém iria sentir a minha falta. Iria ser apenas mais uma pessoa a morrer neste mundo gigante. 
Mas tu mudaste completamente isto! Quando estou contigo, sinto que tu és a única que me compreende, que se preocupa comigo e mais importante de tudo que me amas.
Ainda não te posso dizer quem eu sou, apenas posso dizer que estou completamente apaixonado por ti e que apesar de estar longe de casa, eu contigo sinto que estou de volta a casa. Porque quando estou contigo tu trazes a minha felicidade e a minha alegria de volta.’’

A carta acaba sem dizer o nome da pessoa que escreveu isto e fico a pensar em quem a possa ter enviado. Terei eu um admirador secreto? E por mais que este pensamento esteja errado e estranho faz um sorriso surgir na minha cara.

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