No momento em que a vi, senti todo o meu mundo parar, só ela parecia existir, não existia mais nada ao meu redor. Os cabelos pretos caídos sobre os ombros, uma maquiagem forte destacando seus belos olhos azuis, a pele era branca - não em um tom doentio -, seus lábios estavam com um batom vermelho forte, ela usava um vestido preto colado ao corpo, ele modelava e se encaixava perfeitamente em seu corpo, um salto agulha preto, e uma bolsa de mão.
Ela veio até mim, seu olhar era de um predador que acabou de encurralar a sua presa, em seus lábios vermelhos ela carregava um sorriso safado.
‘ O que uma mulher como você, faz em um lugar como esse? ’ ela perguntou, percebi que ela tinha um leve sotaque francês, assim que parou na minha frente.
‘ Uma mulher como eu? ’
‘ Sim, uma mulher que com certeza não se encaixa em uma boate como essa, com um monte de pessoas bem piores que cadelas no cio ’ ri levemente da sua fala.
Ela estava certa não me encaixava naquele lugar, pelo menos, não mais. Se ela tivesse me conhecido a uns cinco anos com certeza eu me encaixaria.
‘ Você não está vestida para estar aqui e principalmente não parece estar se divertindo nem um pouco. ’ ela comentou se sentando ao meu lado em um dos sofás que tinha ali, conseguia sentir sua respiração batendo no meu rosto, de uma maneira que fazia minha pele se arrepiar, era uma sensação quase esquecida por mim.
‘ Fui arrastada até aqui pela minha irmã. ’ respondi revirando os olhos, Dom passou o último mês tentando me trazer a essa balada lgbt, e quando eu finalmente aceitei vir, ela inventa de me largar sozinha.
‘ Nunca esteve em uma balada gay? ’
‘ Já estive em muitas desde dos meus dezesseis, mas não venho a uma a algum tempo ’ comentei presa no olhar da desconhecida.
Culparei o álcool, por estar falando tão facilmente sobre a minha vida para uma total desconhecida, mas sabia que tinha uma parcela de culpa, não bebia mais ao ponto de esquecer até mesmo quem eu era.
A desconhecida aproximou seu rosto do meu, pudia sentir o cheiro de uísque, não sabia se ela estava muito bêbada, mas não me importava, fazia anos que não fazia uma loucura, talvez uma aventura de uma noite não me prejudicará.
Ela colocou suas mãos em meu cabelo castanho, olhou em meus olhos e depois em meus lábios, não aguentava mais e nem ela, por isso avancei em seus lábios avermelhados, seu sabor adocicado misturado com o gosto do uísque, estava me levando ao delírio. Não sabia quando foi, só sabia que já estava entregue a essa mulher.
Quando percebi estávamos em seu carro, não queria parar pelo menos não agora, deixaria para pensar nas consequências no outro dia.
回回回回回回回回回
Acordei sentindo uma leve dor de cabeça, glória ao pai, por não exagerar mais na bebida, senti uma mão segurando de maneira possessiva a minha cintura, parei de respirar por alguns segundos, não de novo não, eu não posso estar passando por isso novamente, a memória da noite de ontem vem como um tapa na minha mente.
‘ Bom dia. ’ a voz rouca, que me faz arrepiar, fala em meu ouvido. Olhei para o lado e a vi, ela estava me olhando com um mínimo sorriso no rosto, sua mão ainda na minha cintura.
‘ B-bom dia. ’ murmurei me sentando na cama, ela se sentou também, soltando a minha cintura. ‘ Desculpe, mas não acho que perguntei seu nome. ’ comentei envergonhada.
‘ É Hannah. ’ ela falou. ‘ E o seu? ’
‘ Hope. ’ respondi me levantando da cama, logo percebi que estava nua, corei e puxei a coberta tapando o meu corpo.