DE REPENTE ACONTECE - EM HIATUS

Capítulo 3

BENJAMIN

— Eu vou nessa, tô sem cabeça pra filme e tenho dois contratos pra revisar até o final de semana — Falei me levantando e colocando a garrafa de cerveja em cima da mesa de centro. — Amanhã eu passo aqui ou nós podemos almoçar juntos. — Dei um beijo na cabeça de Rose e apertei a mão de Danny.

— Eu te mando mensagem. Te amo. — Rose falou.

— Eu vou cair por aqui, cara. — Danny respondeu.

Balancei a cabeça e sai.

A minha conversa com Elizabeth ainda martelava em minha cabeça. Eu não conseguia entender porque um medo tão grande de se envolver. Eu nunca a vi namorando tanto tempo com alguém, eram apenas casos esporádicos, onde ela apresentava a família como amigos e depois os caras sumiam. Eu morria de ciúmes, é claro, ela devia ser minha, na verdade eu sempre achei que iríamos ficar juntos.

Enquanto eu andava em direção ao meu apartamento, olhei em direção a praia e a vi sentada na areia de frente pra água. Ela era linda. Eu nunca tive olhos pra alguém como eu tenho pra Elizabeth, pra mim, ela era a mulher mais linda do mundo. Seus cabelos escuros contrastavam com seus olhos azuis, um azul tão claro que eu poderia me perder neles a cada vez que eu a olhava.

Andei em direção a ela, alguma coisa sempre me chamou pra Elizabeth, era uma energia que eu nunca entendi. Era como se um imã nos conectassem. Quanto mais eu me aproximava, eu ficava nervoso, eu sei que havia sido duro com ela, mas, eu precisava colocar pra fora. Eu não queria que ela se afastasse de mim.

Ela não notou minha presença e eu me sentei ao seu lado. O vento balançava seus cabelos e o cheiro de pêssego enchia meu nariz. Eu amava seu cheiro. Na verdade, eu amava tudo em Elizabeth, sempre amei e acho que eu sempre ia amar.

— Lembra a primeira vez que viemos aqui? — Perguntei olhando pras ondas batendo na água e respingando em meus pés.

Ela apenas balançou a cabeça e fungou.

— Eu tinha cinco anos e você tinha dez, brincamos de procurar concha, você achou uma fechada e me deu de presente — Ela dá um lindo sorriso com a lembrança. — Eu a tenho guardada até hoje, acho que foi a concha mais bonita que eu já vi.

Sorri.

Eu lembrava exatamente disso. Eu não consigo imaginar um momento da minha vida em que eu não tive Elizabeth ao meu lado. Eu fui seu príncipe no seu aniversário de um ano, dancei com ela em seu baile de formatura, dancei com ela em seu baile de debutante. Eu estava ao seu lado quando ela caiu pela primeira vez de bicicleta, estava ao seu lado quando tudo acontecia. Ela era a melhor parte de mim, e eu não conseguia entender como tudo tem que ser tão difícil pra gente. Porque ela tinha que ser tão difícil.

— É sério que você guarda?

— Sim, fica dentro de uma caixinha de veludo no meu quarto. Eu guardo tudo o que eu ganhei de você Ben, você pode achar que sou sem coração, mas, eu tenho um. — Ela me olhou e sorriu. Eu amava seu sorriso. Seus lábios carnudos eram um convite pra beijar, eu estava usando todas as minhas forças pra não tomar seus lábios agora.

— Então porque tem que complicar tudo? — Sussurrei a encarando.

Elizabeth fazia eu me sentir como um menino inexperiente. Eu não sabia como lidar com ela.

— Eu não sei. — Ela falou e simplesmente deu de ombros.

— Você sabe!

— Eu te amo Ben, mas, não posso fazer isso agora. — Ela falou e respirou fundo.

Eu entendi o que ela queria dizer. Eu não queria ter que fazer o que eu faria a seguir, mas, era melhor. Meu coração não poderia viver escravo dela, eu tinha uma vida também, eu tinha meus medos e inseguranças, mas, ela era mais importante do que tudo isso.

— Eu entendi, então, se você me falar que não quer que eu insista em nós dois, eu vou te deixar em paz, mas, se você acha que lá no fundo, há um jeito pra mim e você, eu fico aqui. — Supliquei. — Porque se você falar que não me quer, eu vou seguir com a minha vida, vou continuar sendo seu amigo e só. Eu só preciso saber o que fazer, a bola tá no seu campo, Eliz.

Ela me olhou.

Eu a olhei.

Ela se aproximou e colou sua testa na minha, suas mãos deslizaram pela minha nuca, seu toque era quente e carinhoso, era como se ela tivesse mede de me perder. Sua boca caiu na minha e ela me beijou, era um beijo lento com gosto de saudade e medo. Eu a beijei de volta, beijei com tudo o que eu tinha. Eu não conseguia manter minhas mãos longe dela.

Elizabeth era meu céu e inferno.

Ela me tinha em suas mãos, eu era seu boneco.

Ela se afastou e eu quis que esse momento durasse pra sempre.

Eu achei que tudo estaria bem entre nós dois, mas, eu nunca, em todos os anos, estaria preparado pro que viria da sua boca a seguir.

— Eu quero que você desista da gente. — Ela falou sem me olhar. Ela olhava pra frente. Uma grande onda quebrou na areia e veio até nós.

Eu entendi o que ela queria.

Eu iria manter minha promessa de ser amigo, mas, minha vida iria continuar.

— Seu pedido é uma ordem. — Falei me aproximando dela, beijei sua testa e me levantei. — Você sabe onde me encontrar, você sempre terá a minha amizade.

— Eu te amo, Ben. — Ela falou e eu apenas balancei minha cabeça.

Eu sempre dizia que a amava, mas, dessa vez eu não conseguia.

Meu coração estava se quebrando bem ali, na frente dela e ela nada fez.

Virei minhas costas e fui embora, eu precisava ficar um pouco longe dela, era melhor pra nós dois. Amanhã seria um novo dia, e se Deus quisesse, tudo iria se acertar.