Capítulo 5

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— Como você cresceu! — Mamãe exclamou assim que me viu.

Revirei os olhos, ora, eu tinha parado de crescer aos dezesseis anos.

— Mãe, eu parei de crescer há um bom tempo, lembra?

Ela sorriu e me abraçou. O abraço da minha mãe era o meu lar, e eu sentia falta de casa. Eu sentia falta de tudo.

Meu pai apareceu logo atrás, ele raramente usava roupas esportivas, estava sempre de terno escuro, era diferente vê-lo um pouco mais a vontade.

— Senti sua falta boneca. — Ele falou me abraçando e beijando minha testa.

Papai sempre foi muito agarrado comigo, e eu nunca soube o porque, talvez fosse pelo motivo de eu ter sido filha única, ou se ele escondia algo, eu nunca soube. Ele sempre teve a mania de dizer: Desculpe-me por tudo, e eu te amo daqui até a lua. Sempre. Eu nunca entendi porque ele me pedia desculpas, uma vez perguntei a minha mãe, mas, ela mudou de assunto.

— Eu também senti falta de vocês. — Falei sentindo meus olhos marejarem.

Papai e mamãe haviam acabado de chegar na Califórnia e eu fiz questão de busca-los no aeroporto, não que eles precisassem disso.

— Cadê tia Nathalie e tio Josh? — Perguntei olhando ao redor enquanto papai empurrava o carrinho com as cinco mala da minha mãe parecia que eles estavam se mudando e não que iriam passar apenas o final de semana comigo.

— Eles chegam amanhã, Ellery inventou uma viagem de última hora pra casa de praia com as amigas, e sabe como seu tio é, então, eles ficaram para resolver as coisas. — Papai falou no mesmo momento em que encontramos meu carro no estacionamento.

O caminho até o meu apartamento foi tranquilo, eu estaria sozinha pelo final de semana, já que Rose tinha ido passar o dia com Danny em algum acampamento e voltaria no dia seguinte pro jantar com os seus pais e meus tios, Benjamin, eu não tinha notícias dele desde o encontro na praia. Eu estava o evitando, e por incrível que pareça, eu não mandei nenhuma mensagem pra ele, meu orgulho estava feriado demais e isso ajudava um pouco.

Abri a porta do apartamento e meus pais entraram logo em seguida, tudo estava do mesmo jeito, exceto por algumas fotos na parede, algumas plantas espalhada pela casa. Eu amava plantas, e tinha uma grande coleção de suculentas, especialmente cactos.

— Esse apartamento é o lugar mais organizado que eu já vi na minha vida, mesmo pra uma jovem, você e Rose são bem organizadas. — Papai falou. — Na minha época, meu apartamento parecia que moravam umas cinquenta pessoas, quando na verdade, eu era sozinho. — Ele sorriu e mandou um beijo pra mamãe que revirava os olhos.

— Eu nunca conheci seu apartamento de solteiro. — Ela falou pensativa. — É sério Alex, depois de vinte anos de casados, eu me dei conta que não conheci sua belíssima cobertura.

— É que não tinha nada pra você conhecer lá. — Ele foi até ela e a beijou carinhosamente na bochecha. — Depois que eu te conheci aquilo lá deixou de ser lar e meu lar era onde você estava, e sejamos sinceros baby, nosso inicio não foi nada convencional.

— Como assim, não foi um inicio convencional? — Perguntei.

Papai me olhou um pouco assustado e mamãe sorria sem graça.

— O que faremos? Vamos comer por aqui ou podemos ir naquele restaurante mexicano que eu tanto amo e sinto falta. — Mamãe falou mudando de assunto.

Era sempre assim, sempre que eu perguntava algo relacionado ao passado do meu pai, ela mudava de assunto e eu nunca conseguia entender o porquê.

— Eu acho uma boa. — Falei dando de ombros, e fazendo uma nota mental pra perguntar a mamãe o porquê disso.

DE REPENTE ACONTECE - EM HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora