Cá estava eu, de novo no vilarejo de Hommlet. Era de praxe que, quando acabava uma de minhas aventuras - Em sua maioria trabalhos de garoto de recados - Eu voltava pra cá, me hospedava na taverna por um ou dois dias, as vezes nem isso... Às vezes só pagava por um banho, um prato de comida decente e um jarro de cerveja, da mais barata.
Depois de descansar na taverna ou acampando na floresta logo ali, acordava no dia seguinte e ia direto pra Quitanda de Quinquilharias Mágicas do Velho Quill.
O Velho Quill era um aventureiro aposentado, muito mais bem sucedido que eu. Lutou nas Guerras do Velho Sangue, Visitou os 12 Planos da Esfera e é um dos poucos felizardos a ter conversado frente a frente com Pelor.
Sim, aquele Pelor, deus do Sol e da Justiça.
Suas andanças por todas as partes do cosmo o deram acesso a um arsenal de itens mágicos que agora, em sua velhice, serviam como inventário da sua loja. Um pequeno, mas bem cuidado, prédio na periferia de Hommlet, bem perto da cidadela amaldiçoada onde ele um dia começou suas aventuras.
- Já voltou? - Veio a voz do velho Quill detrás do balcão.
- Oi, Seu Quill, tudo bem? - Respondi, acenando positivamente como a cabeça.A loja sempre me assustava com seu estoque praticamente infinito. Toda vez que entrei ali, as armas, armaduras e os acessórios dispostos na parede eram completamente diferentes da minha visita anterior. Dessa vez não foi diferente. No lugar de um tridente estava agora um par de Adagas Pontiagudas e Brilhosas que emitiam uma aura tão medonha que até eu, um zé ninguém sem treinamento em magia, podia sentir. No teto estava pendurado uma mochila que portava duas asas de dragão mecânicas, algo completamente alienígena que capturou minha atenção.
- Que isso, Seu Quill? - Questionei, apontando para mochila
- É um dispositivo de vôo mecânico, vem lá da Cidade das Máquinas.
- Sei... - Menti, não sabia
- E como você tá, garoto? Aqueles negócios que te vendi tão de servindo bem?Eu sou um cliente fiel de Quill a um tempão. Mas sabe como é, né? Minhas aventuras não me levam pra muito longe do condado - Ainda mais pelo fato de que a maioria dos grupos de aventureiros não estão procurando por mais um membro e os que estão pedem pelo menos três anos de experiência na área e a formação em pelo menos algum colégio de aventureiros. E honestamente, sozinho ninguém consegue atravessar a planície cinzenta
- Tô bem sim, Seu Quill! Com certeza, a bainha me ajudou muito!
Com as peças de cobre e prata que juntei comprei do Sr Quill dois itens: Uma bainha linda, decorada, repleta de runas místicas e um par de luvas de duelo que faziam parte da mesma "coleção" da Bainha, ambas tinham as mesmas runas e decorações, era fantástico. O problema é que ambos os itens eram mágicos e por algum motivo Sr Quill não as testou.
E infelizmente os dois eram amaldiçoados, ou seja, não conseguia desequipar os itens por mais de alguns minutos. Tentei procurar ajuda, mas contratar um mago para quebrar as maldições era caro demais, infelizmente.
Os efeitos eram bem legais, a bainha afiava qualquer coisa que fosse guardada lá. O problema é que espadas ficavam tão afiadas que normalmente quebravam em um golpe só. Mas foi bem útil na minha última aventura, usei a bainha e uns pedaços de pau pra subir um morro e escapar de uma alcateia de lobos famintos. Colocava o pedaço de pau e ele virava uma estaca, enfiado na terra aquilo servia como um ótimo equipamento de alpinismo.
Já a luva, eu não entendi muito o que ela fazia. Me sentia bem confiante com elas, mas minhas mãos não tem mais aquele perfume agradável que tinham antes.
- Que bom, garoto! O que posso fazer por você hoje?
- O que você me consegue por... - Peguei minha bolsinha e contei as peças de prata e ouro que tinha guardado - 1 peça de ouro e 6 de prata?
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Tell, o Falido
خيال (فانتازيا)Esse é parte de uma série de contos baseados no subreddit "Writing Prompts" onde pequenas idéias literárias são dadas e os usuários escrevem pequenas histórias da forma que quiserem. A ideia para a história de Tell, o Falido é "Um aventureiro falido...