Prólogo

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                  "She loved three things – a joke, a glass of wine and a handsome man."

W. Somerset Maugham - The Moon and Sixpence

 

Eu fico tentando entender essa necessidade que as pessoas têm de encontrar o amor. Como se fosse a resposta para todas as perguntas e a solução para todos os problemas. Todo filme que você já viu, todo livro que já leu, milhões e milhões de músicas que existem por aí: Tudo gira em torno dessas quatro letras. Claro, você pode até fingir e dizer que não é bem assim. Que até gosta do jeito que a carruagem está andando, mas, no fundo, sempre estará lá – na mesa de bar, na cadeira do metrô, na fila do supermercado – esperando que ele apareça. Ele, o homem da sua vida. Ele, o cara que põe o A em amor, o R em romance, e o P em Príncipe Encantado.

Posso apostar o quanto quiser que é por causa disso que você está aqui. Você quer ver o Conto de Fadas, as declarações de amor em público, a corrida desesperada até o aeroporto, o "felizes para sempre". Blá-Blá-Blá! Se for isso mesmo, feche o livro. Isso aí. Feche essa porcaria e vá assistir àqueles filmes terríveis da Disney, aqueles que sua mãe colocava na TV quando você era criança. Porque isso aqui não é aquele tipo de história.

Primeiro de tudo, chega desse negócio de Príncipe Encantado. Isso mesmo, esqueça aquele homem bom e nobre, que mora em um castelo e dirige conversíveis. Homem bonzinho demais é bicha. Homem nobre demais não existe. É lenda. Tipo dragão, coelhinho da Páscoa, saca? E homem malvado é gostoso, mas nunca chega a ser mocinho de porcaria nenhuma. Para que precisamos de mocinhos? Existe tanta coisa mais importante do que perder tempo idealizando garotos altos, gostosos, com sorriso contagiante e olhos extremamente azuis ou sei lá o quê. Caras bonzinhos com olhos extremamente azuis são bichas do mesmo jeito.

Danem-se os mocinhos. E danem-se as princesinhas que acreditam ter conquistado todos os homens da galáxia com aquela típica baixa autoestima e cabelo emaranhado. Vamos lá, você sabe de que tipo de garota estou falando. Aquela que se julga horrorosa, desastrada, nunca bebe e casa virgem, mas, ainda assim, todo cara da história, do mais feio ao mais lindo, se apaixona perdidamente por ela.

Se você algum dia acreditou que isso acontece na vida real, doce ilusão. Vamos ser razoáveis por um momento: o que faria um homem lindo, rico e com um coração de ouro querer alguma pé rapada sem sal, com cara de quem comeu e não gostou e que nunca iria aos finalmentes, pelo menos não antes de receber uma aliança no dedo?

Por isso, preciso ir logo dizendo que aqui a parada é diferente. Não me julgo horrorosa, mesmo que, no fundo, nenhuma mocinha de história realmente seja. Sou descendente de japoneses, meu cabelo é preto, liso e longo. Não sou estabanada, nem desastrada e muito menos inocente. Só não bebo ainda mais porque o fígado e a ressaca não deixam. Nunca acreditei nessa baboseira de amor verdadeiro, e minha virgindade foi embora há tempos, com o calouro de faculdade mais gato que o estado de São Paulo já conheceu. E, acredite quando digo, não vou perder tempo esperando por príncipe algum. Não estou à procura de finais felizes. Tudo o que eu quero é viver minha vida, da melhor e mais intensa maneira possível.

Então não, queridos leitores, essa não é nenhuma história de princesas virgens e príncipes boiolas. É bem, bem melhor.

Agora que já fiz as apresentações, Vamos a la playa!

Ou melhor: Vamos a la sierra, que é para onde tive que me mudar depois do que aconteceu.

Tudo o que ela querOnde histórias criam vida. Descubra agora