Chegou a hora mais temida e ao mesmo tempo esperada por mim: o anoitecer.
Assim que as luzes das estrelas começam a iluminar meu quarto, um misto de sentimentos me atinge. É uma coisa boa por eu finalmente poder conversar e me sentir um pouco mais próximo de Luana.
Sim, todas as noites eu fico aqui da minha janela conversando com a Lua. Isso me dá uma esperança de que a Luana está lá do outro lado me ouvindo e até me respondendo. Essa é uma hora feliz e meio triste pra mim.
Já que Luana amava a Lua, porque não trocar uma idéia com ela todas as noites? Essa foi uma das melhores idéias possíveis que eu tive desde a partida dela.
Existe uma música da One Direction chamada End Of The Day que me lembra Luana, pela simples parte que fala "só eu, ela e a Lua". Antes era eu, ela e a Lua, e a Jesse também, agora é apenas eu, a Lua e a Jesse.
Com Jesse sentada ao lado dos pés da minha cadeira, eu fico encarando a Lua que brilha bastante lá fora.
- É Luana, não tá sendo fácil. Amanhã faz 1 mês que você não tá mais aqui pra alegrar meu dias... - as lágrimas já começam a escorrer pelo rosto. - até a Jesse, coitada, tá sentindo falta de você. Todos sabem que você sempre foi a melhor arremessadora de bolas pra Jesse. Falando nisso, eu nem tenho brincado muito com ela, a gente só fica deitado pensando em você.
Por mais que eu não esteja mais levando Jesse pra passear e brincar, ela também não parece muito animada. Por mais que eu ajudasse na brincadeira, Luana sempre teve mais disposição que eu.
Eu sei que tanto eu quanto Jesse precisamos dar a volta por cima, mas é muito difícil. É uma ferida que está aberta ainda, e eu tenho certeza que vai demorar muito pra cicatrizar.
- Sabe, Lua, eu não sei porque você se foi assim tão cedo, tão de repente. Porque? - lamento. - a ficha não caiu totalmente pra mim que você se foi, as vezes eu me pego esperando que você entre por essa porta falando "oooi, amorzão". Eu tô com saudade de escutar você me chamando por esses nomes fofos. Eu tô com saudade de dormir com você mexendo no meu cabelo.
Então Jesse começa a fazer uns barulhinhos que eu definiria como uns resmungos. Com muita dificuldade, eu pego ela e coloco no meu colo. Não é uma tarefa fácil, já que ela é gigante. Pra minha sorte ela não fica se mexendo, porque suas unhas iriam causar belos arranhões nas minhas coxas.
Agora somos nós dois encarando a Lua, na esperança de que Luana esteja lá do outro lado.
- Sabe, as vezes eu me sinto um tolo, um completo idiota por estar sentando aqui sozinho e conversando com uma simples Lua - desabafo, fazendo carinho nos pelos macios de Jesse. - porém, ao mesmo tempo, eu me sinto melhor vindo aqui e conversando com a Lua, e com você também. Ah, e Lua, você tá tão linda hoje.
É engraçado eu elogiar a Lua por estar brilhante, se é que posso dizer assim. Mas ao mesmo tempo, eu tô elogiando a Luana também, aonde quer que ela esteja.
Enquanto abro um sorriso meio triste, com a cara toda molhada pelas lágrimas, algumas pessoas passam pela rua e me encaram torto.
Normal. Mais um dia sendo julgado pela sociedade que não sabe nada da minha vida e nem o que eu tô passando.
Um grupo de três, aparentemente, amigos começam a sussurrar coisas entre eles e me encaram ao mesmo tempo. "Ele é louco, fica falando sozinho", isso foi o que um deles disse, e eu só entendi porque houve um descuido e falaram meio alto.
Mas mesmo se não houvesse esse descuido, todos que passam aqui e me vêem sentando encarando e falando com a Lua, me chamam de doido.
Se eles soubessem o que eu tô passando e o motivo por trás da minha conversa diária com a Lua...
- Uma coisa que eu não aguento mais é as pessoas me chamando de louco só por eu conversar com a Lua - digo assim que eles já estão longe. - tudo bem que isso é uma idéia meio diferente, mas ficar julgando sem saber?
Um dos motivos por eu odiar julgamentos é que quando eu conheci Luana, a anos atrás, eu julguei ela falando que ela não gostaria de tais brincadeiras apenas por ser menina. Tudo bem que eu tinha só 7 anos, mas hoje eu me odeio um pouquinho por ter julgado ela.
A menina que eu julgava se tornou minha melhor amiga, irmã e paixão.
Eu achava que ela era chata e mimada, mas ela foi o contrário disso. Ou seja, eu julguei ela e quebrei a cara no final.
A mesma coisa são essas pessoas. Eles estão me julgando por "falar sozinho", mas eu aposto que se eu chegasse e contasse o porque de eu estar, como eles chamam, falando sozinho, segundos depois eles estariam ajoelhados na minha frente pedindo perdão, de tão arrependidos que estariam.
Esse é o jeito que eu encontrei de me conectar com a Luana, de me sentir mais próximo dela, e aí vem pessoas totalmente aleatórias querendo debochar da situação sendo que nem sabe o porque daquilo? Eu espero, do fundo do meu coração, que essas pessoas se tornem seres melhores, que parem de julgar sem saber das coisas.
Tá sendo muito difícil... Já estou em um momento horrível da minha vida e ainda tenho fama de doido entre os meus vizinhos. Já estou destruído, e isso só me destrói mais ainda.
Eu sei que eles não tem nada haver com o que eu faço ou deixo de fazer por mais estranho que seja, mas quando eles dizem que sou louco por falar sozinho com a Lua, é como se eles ofendessem a Luana de alguma maneira.
Ok, eu tô falando com a Lua, mas a Luana está ali por trás. E quando eles dizem, parece que a Lua é qualquer coisa, e assim Luana também se torna qualquer coisa. Ela não é qualquer coisa! Ela merece respeito mesmo não estando aqui. Mas eles estão muito preocupados em julgar, então não procuram saber o porque daquela "doidera" que é muito significativa pra mim.
Também chega a ser até uma ofensa à própria Lua. Luana me fez amar a Lua, então, assim como Luana faria, eu vou defender a Lua sim!
Depois de chorar tanto a ponto da minha cara inchar e desabafar até não ter mais fôlego pra falar, eu decido que tá na hora de ir descansar um pouco.
- Luana, saiba que eu te amo muito - digo colocando Jesse no chão e levantando da cadeira. - boa noite.
E assim fecho a janela, mas deixando a cortina aberta pra luz da Lua iluminar meu quarto.
Como de sempre, Jesse corre pro meio dos lençóis e se acomoda, me esperando pra deitar e abraçar ela. Deito, abraço Jesse e fecho os olhos.
Mais um dia concluído.
Com milhões de pensamentos relacionado a Luana na mente, um específico vem a tona. Como eu pude esquecer disso por um instante?
Luana tinha o sonho de passar a noite comigo na maior montanha do mundo apreciando a beleza da Lua e das estrelas. Mas infelizmente a maior montanha do mundo está fora de cogitação, não tem como eu chegar lá no topo.
Levanto da cama com cuidado pra não acordar Jesse e vou até meu computador pesquisar algumas coisas. Dez minutos depois eu decido: eu subirei uma trilha que me levará até a maior montanha da minha cidade, e irei amanhã mesmo. Tá decidido, eu vou pela Luana. Não é exatamente onde ela sonhava e nem com nós dois apreciando a vista do céu infelizmente, mas tenho certeza que, se ela estiver vendo isso, ela deve estar muito orgulhosa pela tentativa.
Isso significa também que amanhã eu ficarei bem mais perto dela. Esse será o mais próximo dela que eu vou conseguir chegar daqui pra frente...
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Luana. - Bradley Simpson
Teen Fiction[TERMINADA] Um sentimento nunca confessado em voz alta por conta do medo de perder a amizade tão preciosa com Luana. E agora ele nunca mais poderá confessar isso. Ela se foi. Pra sempre. Luana sempre foi apaixonada pela Lua, o que fez Bradley acaba...