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Já tá de tarde e eu estou acabando de arrumar uma mochila com garrafas de água, suco e uns sanduíches, kit de primeiro socorros, lanterna, um casaco e uma toalha de piquenique. Apenas isso, eu não preciso de mais nada.

Eu não disse a ninguém pra onde eu vou, até porque é capaz de me proibirem por achar arriscado. Eu só disse a minha mãe que iria sair um pouco e não saberia a hora que voltaria, ela só concordou. Ela não tentou discutir porque ela quer mesmo que eu saia e me distraia, que eu tente superar. Como que eu posso fazer isso? Tá tudo muito recente.

Antes de sair dou um beijo na Jesse que está deitada por cima dos meus lençóis e sussurro "fica bem garotona, você é forte. Já já eu volto".

Pego o carro da minha mãe emprestado e sigo rumo ao meu destino. Uma hora de viajem até lá que eu fico repassando na mente tudo que eu quero dizer.

A viajem foi tão calma, tão solitária. Quando Luana andava de carro comigo era sempre uma gritaria da gente cantando as músicas que tocava na rádio. Decidi desligar o rádio e seguir viajem no completo silêncio.

Por fim chego ao meu destino. Estaciono o carro num lugar que nem sei se é apropriado, porém não ligo. Jogo a cabeça pra trás e tento ver onde termina o morro, mas é tão alto que fica até difícil de ver perfeitamente.

Agarro as alças da minha mochila, puxo e solto o ar de uma vez e adentro a trilha. Não faço a mínima idéia de quantas horas vou levar pra subir isso, mas se precisar eu subo isso correndo só pra chegar antes de anoitecer.

Segundo meu relógio eu já estou andando a exatos 40 minutos. Sinceramente... Acho que não estou nem na metade.

Com 1 hora e meia de caminhada os meus pés começaram a doer. Eu tento esquecer a dor, tento fingir que ela não está ali, mas é difícil. Mas mesmo com o pé doendo e latejando, pedindo pra estar livre dos tênis e de todo esforço que faço sobre eles pra subir cada degrau mau feito de madeira, eu continuo subindo.

Pézinhos, aprendam com o meu coração. Ele está na maior dor e tristeza da vida dele a exatos um mês e nem por isso parou de bater. Se o coração que é o coração tá aguentando isso tudo a um mês, vocês dois dão conta disso por apenas umas horinhas.

Ok, essa é uma comparação muito estranha, mas pra não mim não é tãaao estranha assim. Se for parar pra pensar faz até sentido, no literal, mas faz.

2 horas subindo e eu sinto que meus pés e pernas vão cair a qualquer momento. É sério, eu não aguento mais subir isso, mas eu não vou desistir. Eu vou chegar lá em cima. Assim que eu chegar lá minhas pernas podem cair a vontade.

Tudo bem que não vou consegui descer mais, mas não tem problema. Eu desço de lá de outro jeito, um jeito mais livre e muito mais rápido e com bastante vento na cara. E de quebra, no final quando acabar a descida, eu vou reencontrar Luana, se é que me entendem.

Me agacho no chão e respiro fundo, bebo um gole da minha água que a essa altura já tá totalmente quente. Um fator que também prejudica é o calor. Já está quase no final da tarde, então o sol não tá muito forte, mas ainda sim tá muito quente.

Encaro o caminho aberto entre matos e pedras gigantes a minha frente. Ainda falta bastante pra eu chegar no topo.

Vamos Bradley, é por ela. Tudo por ela. Ela merece isso. Não desiste! Digo mentalmente me auto-incentivando.

Respiro fundo mais uma vez e levanto, sentindo minhas pernas doerem mais ainda. E mesmo com a dor irritante eu continuo subindo mais e mais.

2 horas e 40 minutos de caminhada. Finalmente eu posso dizer que tô quase lá. Eu consigo ver o topo. O que me impede de chegar até lá são as madeiras que tinham como degrau que sumiram, ficando apenas pedras e mais pedras uma por cima da outra.

Luana. - Bradley SimpsonOnde histórias criam vida. Descubra agora