*****Miguel
Naquele dia eu me sentia bem,sem a minha razão de viver...mas eu estava bem.Tomei o meu chá,li o livro de Pepetela...Quem me dera ser onda.Coloquei Andrea Bocelli a tocar lá no fundo e reflectia sobre o fim do livro,como as coisas foram difíceis para as personagens mas que talvez o melhor foi o fim do animal mencionado no livro.Já era hora de me deitar,então me deitei.Aquele sono não foi comum,eu estava pensado nela e ela nos meus sonhos olhava para mim e sorria.
*******Raquel
-Olá Maria,o senhor Miguel já comeu? -Cheguei em casa do meu pai perguntando.
-Na verdade dona Raquel,ele ainda não acordou. -Disse a Maria com receio do que eu diria depois.
-Como assim?São doze horas! -Digo preocupada gritando já com ela.
-Eu sei...mas eu não quis acordar ele ,então... -Disse mas eu a interrompi.
-Cala a boca Maria!Que o seu trabalho vc nem consegue fazer. -Digo irritada.
Subi as escadas já irritada por ele não ter comido aquela hora,bem acordado né.Abri a porta e vi o meu pai deitado de barriga ao teto,sempre dormindo como majestade.Parei e achei ele lindo,um senhor idoso mas sempre com o seu charme.Chamei:
-Pai acorda,sabe que horas são? -Disse mas não obtive resposta. -Pai acorda. -Disse e comecei a entrar em pânico, eu sabia que ele tinha uma doença cardiovascular e se a pressão dele baixasse...eu nem queria pensar nisso.Aquela irritação foi tomada por um outro sentimento,medo,preocupação, tristeza?Eu não sabia porque foi tudo ao mesmo tempo.Comecei logo a chorar quando toquei em seus pulsos e percebi que o sangue deixou de ser impulsionado pelo coração.-Pai Não! Não me deixe,vc não. -Cai mole no chão, chorando muito e muito.
-Senhora Raquel...O que... -Ela parou quando olhou o braço do meu pai jogado para o lado e provavelmente ela ligou tudo.Começou a chorar também ,eu entendia como ela estava se sentindo,trabalhou com os meus pais durante anos.
-Liga para a Senhora Bárbara e conta sobre o acontecido. -Eu me levantei,tentando me recompor,mas o disse sem gaguejar,forte como ele me ensinou.
-Sim...Senhora.-Ela hesitou em responder mas o fez.
Saí da casa do meu pai fui directo ao meu apartamento.Mandei uma mensagem ao Marcus pedindo que ele viesse o mais rápido possível.
Eu não sabia lidar com aquilo,nem com a perda da minha mãe eu aprendi, nós nunca estamos preparados para perder alguém na nossa vida e quando perdemos temos vontade de recuar o tempo e poder dizer tudo o que nunca dissemos,de mostrar tudo o que nunca mostramos...Só que tudo passa a ser tarde de mais pois perdemos a pessoa para sempre.
*****Marcus
-O que se passou amor?Saí do hospital correndo. -Digo tirando o casaco,me viro e vejo ela chorando e vou já abraçando ela até o sofá onde ela estava.
-O meu pai morreu...Ele se foi Marcus. -Disse ela chorando e soluçando.
Eu nunca tinha visto a Raquel daquele jeito,ela perdeu os pais no mesmo ano,eu sabia o que era aquilo e do que ela precisava.
Ela não parava de olhar um foto que estavam os pais dela. Anna e Miguel.
Eu senti que ela não daria conta então resolvi tudo por ela.Fizemos o funeral, a Bárbara veio.Dessa vez ela estava mais arrasada ainda.
*******
-Não,não chore mais Bárbara. -Digo abraçando ela.
-Marcus ,eu não sei lidar com isso ,agora somos só nós duas.Eu não me despedi dele e nem da mãe.Eu sou uma idiota. -Disse ela chorando muito.
-Eu sei,eu sei e tem que ser mais forte.Xii...Não diz isso,vc teve seus motivos e eles sabiam disso,não se culpe. -Eu digo,ainda abraçados.
Mesmo depois de ter passado meses,ela já não era a mesma e eu percebia.Ninguém está pronto para deixar partir mesmo tendo a certeza de que a pessoa vai embora algum dia.Eu me manti ao lado dela,era a Raquel a mulher que eu tinha colocado em minha vida.Se o mundo dela abalasse, o meu também abalava.
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Aconteceu,apenas isso
RomanceDeyse decidiu escrever um romance fora da realidade dela mas muito próximo a realidade alheia.Ela escreve nos tempos livres ou sempre que possível. Na verdade a vida nunca é como na maioria dos livros e Sophia irá mostrar isso. Como irá reagir dian...