Capítulo 3

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— Por que não?

A pergunta repetida de Thalita me faz parar a meio caminho, pôr as mãos na cintura e olhá-la de forma séria. Mas ela parece não se importar. Sua áurea apaixonada anda muito evidente.

— Eu não quero ir segurar vela — respondo com descrença. — Você e o seu namorado juntos, minha nossa, é muito apego carnal. Não vou viajar com vocês.

Ela dá uma risadinha seguida de um suspiro.

— Não pode me culpar — puxa meu braço para entrelaçar no seu e continuarmos o caminho. — Ele é maravilhoso.

— Eu sei, você não me deixa esquecer. Repete isso todo santo dia que Deus dá.

— Devo me sentir constrangida?

— Sortuda — corrijo enquanto passamos pelas portas principais.

Estamos indo embora e vamos chamar um carro para dividir o valor, porque Richard está vindo de uma reunião em outra cidade e não poderá nos dar carona.

Preciso ressaltar que Thalita teve uma grande sorte mesmo. Seu namorado parece um grande homem. É educado, gentil, trabalha para caramba e ainda consegue deixá-la assim, nítida e totalmente satisfeita. Quero dizer, ele não cansa. Parece ter todo o pique. Trabalha, trabalha e ainda consegue força para deixar a pessoa mais explosiva que já conheci com um sorrisão na cara. Estou dizendo, isso é sorte grande.

Do meu lado, infelizmente, só azar. Tive alguns namorados e conheci outros caras apenas para algum lance casual, podendo dizer com toda firmeza e certeza que sou pé frio no amor e na cama. Nunca tenho o meu fogo devidamente apagado e na maioria das vezes saio com raiva dos encontros. Por que os caras não têm paciência em me satisfazer? É angustiante até, mas eu não desisto. Uma hora há de dar certo.

— Ei, aquele ali é… É o Thomas? — sua voz urgente me faz olhar na direção que seus olhos seguem, eu vendo o homem alto apoiado na parede de um edifício alguns passos ao nosso lado, às sombras, a cabeça ligeiramente inclinada para frente. Pouco se pode notar pela falta de luz.

Antes de eu sequer ter alguma reação, Thalita já está seguindo correndo até ele. Posso vê-la agitada quando chega perto, então vou também, parando alguns passos antes quando Thomas levanta a cabeça.

Engulo uma exclamação surpresa, apenas trazendo uma mão à boca.

Ele está sorrindo, mas não deveria. Nitidamente fizeram uma festa em sua cara. Estou dizendo, isso foi uma pancada daquelas.

Thalita parece nervosa por vê-lo assim e resolvo ajudá-la. Não sei bem como mas vou tentar, por isso me aproximo mais deles, Thomas não me olhando.

— O que houve? — jogo a pergunta no ar.

— Ele disse que foi um assalto — ela responde e não posso evitar um som ruidoso de incredulidade, atraindo seu olhar. Mas vejo que também não engoliu a mentira óbvia.

— Assalto e o deixaram com o relógio de ouro? — balanço a cabeça. — Não mesmo.

Mas Thomas parece mais preocupado em nos oferecer uma careta e apertar a barriga, gemendo de dor. Olho Thalita de novo, que parece aflita.

— Eu vou chamar o Daniel — ela anuncia.

— Não! — ele praticamente berra, arregalando os olhos o tanto quanto consegue. Estão vermelhos dentro, roxos e machucados com arranhões por fora, tirando os salpicos de sangue em todo seu rosto. — Não pode fazer isso, Thalita. Tudo que eu não preciso agora é vacilar com eles.

Rendição sob Amor #3 (NA AMAZON)Onde histórias criam vida. Descubra agora