Capítulo 4

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Primeiramente, uau. Segundo, primeiramente. Não deveria estar querendo recolher meu queixo, porque não é surpresa que um rico more em uma casa de rico; mas estou. Isso é um encanto de um lar.

É até exagerado, porque eu não moraria sozinha em uma casa assim. É perfeita demais. O segundo andar tem duas varandas belíssimas sustentadas por pilastras brancas e exuberantes, que chamam a atenção para toda a vidraria do andar de baixo. Há escadas por dois lados, parecendo de pedra escura. Vejo muito verde pelos arredores somente e tem muito, muito espaço.

— Onde eu estaciono? — questiono ao perceber que cheguei em seu vale. Isso tudo é a sua casa e não é brincadeira.

— Pode ser aqui mesmo — ele quase não fala direito, me atraindo o olhar. Não parece em seu melhor estado.

— Vai querer ajuda para entrar?

Sua cabeça vira em minha direção, o impacto do seu olhar sendo imediato. Está mais destacado devido o escurecer que o sangue deixou em seu rosto.

— Não acho que tá com vontade de me ajudar.

— Não estou, mas Thalita pediu que eu te ajudasse por ela, então faço se você precisar.

Ele fica em silêncio por uns segundos, parecendo não querer também. Eu entendo o seu lado, também não quereria ser ajudada pela pessoa que magoou o meu ego.

— Tudo bem — concorda. — Pelo menos até a porta.

— Uhum — eu destravo as portas do veículo e saio primeiro, dando a volta e já encontrando-o fora. — Vem, passa seu braço no meu ombro pra se apoiar em mim.

Thomas me olha de cima a baixo, soltando um som descrente. Mas faz o que pedi, e assim passo um braço por trás de seu corpo, espalmando a mão livre em seu abdômen para apoiá-lo melhor.

Seu sibilar de dor, no entanto, me faz retirar o toque imediatamente.

— Foi mal — olho seu rosto, vendo quando sua cabeça balança levemente, indicando que não tem problema. — Vamos.

Nós começamos a caminhar com passinhos curtos de criança, sua respiração difícil indicando que isso, essa ação, é difícil para ele.

— Está doendo pra valer? — questiono.

— Tem dor pior que essa.

— É, né? — eu rio, desconsiderando seu tom áspero. — Pelo menos a física passa em algum momento. Por onde é que entra nessa casa?

— Pela porta.

— Não estou vendo uma, só muito vidro.

— A porta é o vidro do meio acima das escadas — ele para um segundo e automaticamente faço o mesmo, esperando-o recuperar o ar, então seguimos outra vez.

É mais difícil subir os cinco pequenos degraus bonitos, mas ele consegue, e nos arrastamos até o vidro do meio entre os outros dois que estão ao lado. É escuro, portanto não consigo ver o interior da casa.

— Onde está a chave?

— No meu celular — a resposta é mais som que voz. — No meu bolso.

— Ah, tá — me inclino e enfio a mão em um bolso, e logo no outro, capturando seu celular, mas sem ouvir o barulho de chave. — Não está, só o celular — mostro a ele.

— A chave é o celular — ele hesita, então solta um murmúrio entrecortado enquanto abaixa a cabeça e fecha os olhos. — A senha é 1209. Tem um ícone de uma chave. O código é 9021B.

Rendição sob Amor #3 (NA AMAZON)Onde histórias criam vida. Descubra agora