– Oh, Diná! Você tem de estar aqui! – Anastácia pensou quando atravessou o portal de entrada da Birosca, correndo e suando.Ela não conseguia parar de pensar nas Bruxas Alvas que estavam atrás de sua irmã. Seu medo de confrontar Dinorah com todas as suas mentiras parecia agora algo muito pequeno e insignificante perto do risco misterioso que a irmã mais velha estava correndo. Que história era aquela de demônio e porque logo Dinorah – a humana sem um pingo de magia nas veias – estaria metida nisso?
Lá dentro, a música tocava animadamente, e tudo estava coberto de capim. Havia capim em cima das mesas, no chão, e dependurado pelo teto como bandeirinhas. Um elfo tocava um piano coberto de capim e outros dois cantavam, um tocando violão e outro um instrumento élfico redondo como um tambor.
– Mais alguma? – um homem que estava numa espécie de palco, ao lado dos elfos gritou – Mais alguma candidata a Senhorita Capim do Duque?!
Em torno do palco estava um grupo de mulheres, sorridentes e bem arrumadas, vestidas com roupas feitas só de capim. Estava tudo tão barulhento que Anastácia nem conseguia entender o que estava acontecendo.
– Ali tem mais uma! – o homem berrou, apontando para ela – Com seu colete-capim! Aproxime–se jovem senhorita!
Todas as luzes se viraram na sua direção e todos no bar olhavam para ela.
– Eu... eu estou procurando minha irmã...
Mas um elfo grande como uma porta pegou-a pelos ombros, ignorando o que ela estava tentando dizer, e carregou-a até o palco. As outras mulheres subiram também, e todos em volta berravam atirando capim nas candidatas.
A vontade de Anastácia era de se transformar num capim e sumir no meio de tantos outros. Ela não estava entendendo nada daquilo, as Bruxas-Alvas estavam bem ao lado da Birosca e a vida de sua irmã estava em perigo!
– Senhorita Capim do Duque! – o homem anunciou, colocando uma coroa de capim em uma das mulheres, que usava um vestido que era um capim gigante – As outras deixem o palco, por favor!
As mulheres começaram a empurrar umas às outras e quando uma delas despencou lá embaixo, em cima de um homem sentando em uma das mesas, todas as outras decidiram fazer o mesmo. Foram escolhendo seus alvos e se jogando.
– Esperem! Eu vou cair! – Anastácia berrou, tentando fugir daquela confusão.
Uma ruiva, usando uma calça de capim e com um laço de capim no cabelo, escolheu o alvo de Anastácia por ela, atirando-a para fora do palco, fazendo–a cair em cima de um homem, que tentava agarrar a vencedora do concurso.
– Ei! – o homem berrou, caído no chão, com Anastácia em cima dele.
– Desculpe...
Ele se levantou e ajudou-a se levantar também.
– Tudo bem – ele disse estendendo a mão para ela, vendo que a vencedora já estava sendo carregada de cavalinho por um elfo – Mas normalmente quem toma a iniciativa sou eu. Você é muito atirada!
Anastácia ignorou aquilo tudo. Nem mesmo olhou para cara do homem, não notando sua cara de gato e cabelos loiros dourados.
– Por favor, me ajude! Você é de Dique do Duque?
– É claro – ele respondeu galante.
– Será que você conhece minha irmã...
– Irmã?! Com certeza! Me diga seu nome e eu te digo exatamente quem ela é!
– Dinorah Aveleira!
Ele ficou um tempo pensativo, olhando para o rosto de Anastácia, então abriu um enorme sorriso.
– É claro! Nós vamos juntos a Festa do Abacaxi com Chocolate! Você se parece um bocado com ela, mas ela tem olhos verdes gigantescos! – ele pegou nas mãos de Anastácia e confidenciou–lhe – Mas eu prefiro olhos pequeninos e escuros.
– Então me leve até ela, por favor! Ela precisa me ajudar, porque as Bruxas-Alvas...
Ele torceu o nariz, interrompendo–a.
– Bruxas! Oh, não! Vamos ficar por aqui e nos divertir! Deixe os bruxos em paz e vamos dançar!
Ele puxou-a pelos pulsos, para o meio das pessoas que dançavam e gritavam "Capim! Capim!".
– Não, não! Espere! Você não está entendendo...
Mas ela não pôde terminar de falar, por que do lado de fora da Birosca começaram explosões tão altas, que nem as animadíssimas pessoas da Festa do Capim puderam ignorar. Todos correram para fora, para ver o que era todo aquele barulho, inclusive o homem-gato, que foi arrastando Anastácia.
Do lado de fora, fogos de artifícios explodiam em cima da estalagem, os cavalos corriam em torno do estábulo e três bruxos voavam em meio aos fogos, que eles mesmos lançavam.
– E viva o Capim! – alguém gritou no meio da multidão.
– Viva! – os outros berraram também – Capim! Capim!
Mas o homem-gato já não estava mais animado como os outros, ele ficou muito sério, olhando os três bruxos que voavam por cima da estalagem.
– Cornélio... – ele murmurou entredentes – Alguma coisa está acontecendo...
– É o que eu estou tentando te dizer!
– Está certo! Vou leva-la até sua irmã! Vamos!
Eles saíram do meio da multidão, enquanto todos ainda olhavam, maravilhados, o espetáculo e gritavam "Viva o Capim!".
***
PRÓXIMO CAPÍTULO: 14/01/2020
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um beijo e um queijo
Andréa Romão
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O Demônio, a Bruxa (e a irmã dela) [CONCLUÍDO]
FantasyDinorah Aveleira é uma humana condenada a uma vida comum. Sua irmã mais nova, Anastácia, é a aprendiz de bruxaria do grande Mestre Valentim. Cornélio Cacau é um bruxo sério e mal-humorado. Seu irmão gêmeo, Ícaro, é um humano fútil e galanteador. Des...