Já era fim de tarde quando o trem de Anastácia chegou em Dique do Duque.Ainda sem coragem de encarar a irmã, a ex-aprendiz de bruxo resolveu se refugiar em uma pousada na beira da estrada e deixar para o dia de amanhã o reencontro terrivelmente esperado.
Enquanto era recebida pelo dono da pousada, um saci de barba branca e comprida, Anastácia reparou numa estranha casinha, logo na entrada da Floresta do Duque.
- Que lugar mais adorável para se morar! – ela exclamou.
O saci riu quando ouviu seu comentário.
- Não é uma casa – ele explicou com sua voz grave – É a Birosca do Duque.
- O que é isso?
- É uma casa de festas. Quando chega a noite, esse lugar fica apinhado de jovens que vêm de Dique do Duque. Daqui a pouco eles vão começar a acender as luzes e o lugar fica muito bonito, só que aí chega a madrugada e os jovens começam a fazer uma algazarra! Os donos do lugar são um gnomo e dois elfos, e pelo calendário elfo toda noite é uma festa diferente. Acho que hoje é a Noite do Capim. Você devia ir, acho que vai gostar.
Anastácia ficou triplamente animada com a ideia de ir a uma festa, de ver elfos e de quem sabe, encontrar com Dinorah lá. Afinal de contas revelações humilhantes são sempre mais bem recebidas quando a outra pessoa está sob o efeito de uma batida de caldo de cana com cachaça.
- Oh, talvez seja mesmo uma boa ideia – ela falou, sonhadora.
***
Anastácia ainda estava se arrumando quando uma música estranha e contagiante começou a tocar do lado de fora.
- Puxa, a Noite do Capim já está começando... – suspirou.
Ela levantou-se e correu até a janela. Quem sabe não dava pra ver algum elfo de lá. A Birosca do Duque era bem visível, agora com luzes verdes brilhando por toda a casa, mas não havia nenhum elfo à vista.
- Parece tão animado... Oh, Diná! Espero que você já esteja aí! E bem bêbada de preferência!
Ela saiu do seu quarto e desceu as escadas correndo, animada e angustiada. Assim que chegou do lado de fora da pousada estava pronta para se dirigir em direção a Birosca quando ouviu duas mulheres vestidas como bruxas, que cochichavam baixinho.
– Tenho certeza que foi daqui que o poder veio! – uma delas sussurrou.
– Sim, dá para sentir a presença do demônio... só preciso descobrir onde ele está!
Quando Anastácia reparou nos cabelos completamente brancos e brilhantes das duas mulheres, logo ela entendeu que se tratava das Bruxas Alvas e aquilo lhe deu um calafrio de terror. As Bruxas Alvas eram o tipo de feiticeiras mais temidas. Eram poderosas, arrogantes e muitos diziam por aí que elas estavam planejando tirar o imperador do trono e serem as novas bruxas-imperatrizes supremas. Mas ninguém tinha prova de nada.
Anastácia se ajoelhou bem perto delas, fingindo estar amarrando as cordas da sua bota, enquanto tentava ouvir um pouco mais daquela conversa. Quem sabe seria alguma prova do plano maligno daquelas bruxas e ela poderia ir correndo contar ao imperador e se tornar sua nova assistente pessoal? Quem sabe ele não faria dela uma espécie de princesa honorária ou algo do tipo?
– A localização do demônio parece estar bloqueada por algum feitiço – uma das bruxas falou, mexendo um cristal arroxeado em suas mãos.
– Mas eu consigo ouvir um nome – a outra bruxa disse, com seus olhos revirados, deixando-os completamente brancos – O nome que o demônio pronunciou... Dinorah Aveleira.
Anastácia sentiu seu coração parar de bater por um segundo. Então a bruxa sorriu, olhando para sua companheira.
– Encontrando ela, encontramos o demônio!
***
PRÓXIMO CAPÍTULO: DIA 17/12
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um beijo e um queijo, Andréa Romão
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O Demônio, a Bruxa (e a irmã dela) [CONCLUÍDO]
FantasíaDinorah Aveleira é uma humana condenada a uma vida comum. Sua irmã mais nova, Anastácia, é a aprendiz de bruxaria do grande Mestre Valentim. Cornélio Cacau é um bruxo sério e mal-humorado. Seu irmão gêmeo, Ícaro, é um humano fútil e galanteador. Des...