Imagines / you

Lauren Jauregui

Preparem pro tombo.

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Hoje não era para eu estar aqui. Sabia disso. Mas a necessidade de ver com meus próprios olhos se ela estava feliz e seguindo em frente era mais forte do que qualquer promessa que fiz a mim mesma de manter distância. Então, aqui estou eu, escondida nas sombras, disfarçada para que ela não perceba minha presença. O baile da faculdade está em pleno curso, e a atmosfera romântica paira no ar, evocada pela melodia suave que preenche o salão. Casais se formam em harmonia, dançando ao ritmo da música. Deveria ser ela ali ao meu lado.

Mas então a vejo. Ao lado dele. Juntos, eles irradiam felicidade, como se o mundo inteiro fosse feito de cores mais vivas na presença um do outro. Respiro fundo, tentando conter as emoções tumultuadas que ameaçam transbordar. É pior do que eu imaginava. Quando acredito que a dor não pode ser mais intensa, eles se aproximam e seus lábios se encontram num beijo. Meu corpo inteiro parece se despedaçar diante da cena, e sinto o calor das lágrimas que banham meu rosto.

Por um instante, por uma cruel ironia do destino, nossos olhares se cruzam. Todo o sorriso que adornava seu rosto se dissipa ao me ver ali, oculta nas sombras. Ela me vê. E neste momento, sou nada mais do que uma imagem refletida do que um dia fui. Sou uma sombra do passado, uma lembrança dolorosa que ela preferiria esquecer. Sou uma idiota, uma tola que ousou acreditar que poderia recuperar o que já se foi.

Sem hesitar, corro para fora do salão, fugindo da crueldade da realidade que se impõe diante de mim. No silêncio do meu carro, enquanto as luzes da cidade deslizam rapidamente pela janela, sigo pela estrada sem rumo, perdida em pensamentos e memórias que me assombram implacavelmente.

Meu pai, aquele que deveria ser meu porto seguro, transformou-se em meu algoz, manipulando a verdade para me destruir. Ele era o líder respeitado, enquanto eu era a ovelha negra, condenada à desgraça.

Perdi tudo graças a ele, meu emprego, minha noiva, meus amigos. E agora, diante do abismo que se abre diante de mim, percebo que estou prestes a realizar o desejo final do meu pai. As lágrimas turvam minha visão, obscurecendo a estrada à minha frente. O som distante do trem se aproxima, um rugido ensurdecedor que ecoa em minha mente.

Tento frear, desesperado, mas é tarde demais. O impacto é inevitável.

===== Flashback on =====

A dor latejante em minha cabeça preenche meus sentidos enquanto sou despertada por uma luminosidade ofuscante. Gritos ecoam ao fundo, ecoando na minha mente confusa. À minha frente, vejo Lauren, seus olhos transbordando de raiva e tristeza enquanto me encara. A confusão se mistura com a dor quando percebo Isabella nua ao meu lado, e eu também estou desprovida de qualquer vestimenta. Mas as lembranças estão turvas, um borrão indistinto em minha mente.

— Seu pai estava certo, você é uma babaca filha da puta — as palavras de Lauren cortam o ar, acompanhadas pelo apoio de meu pai. Minha cabeça lateja intensamente, uma tormenta de confusão e angústia.

A dor lateja em minha cabeça, uma sinfonia de pulsações lancinantes que parecem ecoar em sintonia com os gritos ao redor. A confusão se instala em minha mente enquanto tento processar as palavras de Lauren, meu olhar buscando desesperadamente por respostas na expressão magoada dela.

— Mas... O que aconteceu, amor... eu não me lembro de nada — minha voz vacila, embargada pelo nó que se forma em minha garganta. Tento me levantar, mas a tontura me derrubou de volta ao chão frio e impiedoso.

— Ah, claro que não se lembra, sua idiota! E não me chame de amor, acabou tudo, S/n — seu grito ressoa em meus ouvidos, a aliança que repousava em sua mão sendo lançada ao chão.