O Kim

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Jeongguk

- Chegou mais um ! - A voz de Jongin soou alta e me irritou.

Não era difícil me irritar, na verdade era bem fácil, mas desde que a aura de Hades tomou todo meu corpo, eu tenho me irritado mais facilmente.

Cérbero rosnou, se mostrando tão irritado quanto eu, mas mesmo assim me levantei do trono de caveiras e fui até a parte de fora do grande castelo.

As opções eram : mais uma alma inútil tinha chego, ou minha querida mamãe resolveu fazer uma visitinha. Espero que a segunda opção seja coisa da minha alma perturbada, porque sou capaz de causar outra guerra com Zeus se Perséfone aparecer na minha frente.

- O inferno tá ficando super lotado. - Kyungsoo, cuidador de Cérbero, apareceu ao meu lado, a aura cansada e ruim dele me deixando tonto por segundos.

Algo que eu aprendi sendo o rei do submundo é que, aqui existem almas piores que a minha, coisas realmente ruins existem aqui. Não tem beleza, sol, chuva, só tem pessoas chorando ou rindo alto demais, pessoas se arrastando e se lamentando, almas imundas que só estão esperando para serem exiladas.

Esse é meu trabalho, eu sou o juiz e eu decido se dou paz para a alma deles ou se eles continuam sendo atormentados para sempre.

Eu escolho o tormento, claro, preciso garantir minha diversão.

A única alma que eu queria que seguisse intacta era a do filho de Vênus, mas ultimamente, algo tem me barrado quando tento entrar em seus sonhos e o dizer para continuar vivendo. Eu fazia muito isso, eu entrava em seus sonhos e o dizia que dias melhores iriam vir, que ele era o ser mais puro do mundo e belo do mundo, que ele tinha tudo.

Ele não acreditava em mim. Ele tinha pesadelos e mesmo que eu tentasse o proteger dele, eu tinha limites, a Terra era de Zeus, e eu sabia que não podia interferir em grandes coisas por lá.

Eu podia causar pequenos acidentes, claro. Ultimamente eu tenho adorado coagir pessoas a ameaçarem umas as outras, ou coagir adolescentes a usarem coisinhas para acabar de foder o que já está fodido.

Qual é, eu sou um demônio, não espere grandes coisas vindas de mim. A menos que essas coisas sejam para Taehyung, se for para ele, são só flores.

- Claro que tá super lotado, pessoal lá da terra tá vacilão pra caralho. - Revirei os olhos, acariciando as três cabeças de Cérbero.

- E você acha que eles tem medo do diabo, Jeongguk ? - Kyungsoo revirou os olhos, respirando fundo.

- Se até Perséfone tem, porque eles não vão ter ? - Jongin respondeu por mim, aumentando meu ego.

- Vim aqui dizer que um velho está fazendo bagunça na entrada, diz que estamos mentindo e que ele não morreu. - Kyungsoo cruzou os braços, a aura se tornando algo muito próximo do tédio.

Ainda sem responder, notei quando Jongin abaixou a cabeça levemente ao se aproximar de Kyungsoo, de forma quase submissa. Relacionamentos por aqui eram para lá de tóxicos, poucos, ou talvez somente um, era realmente saudável e envolvia sentimentos de verdade.

Acho que aquilo não se encaixava no relacionamento dos dois, ja que Jongin parecia tão submisso que machucava meus olhos.

- Me leve até ele, então. - Suspirei, enrolando a coleira de Cérbero melhor em meu pulso.

O fato de Cérbero estar quase correndo em minha frente enquanto a coleira de ferro machucava meu pulso não me incomodou tanto. Eu não sentia dor, um leve incômodo talvez, mas dor, não.

O senhor estava gritando, se ajoelhando e xingando. Eu não sabia se ria da cara dele, se chorava por ele estar gritando tanto, se soltava Cérbero na sua cara, ou se me assustava com a semelhança que ele tinha com o filho de Vênus.

O meu filho de Vênus.

- Quem é você ? - Perguntei, Jongin e Kyungsoo ao meu lado.

- Quem é você pergunto eu, moleque ! Me mande para casa agora ! - Se levantou, gritando. Ele ia se aproximar de mim se Cérbero não tivesse rosnado pra ele. - Que aberração é essa ?

- Ele falou do meu bebê ? Ele fez isso ? -  Kyungsoo perguntou para Jongin, parecendo chocado.

- Circulando, vrómikes psychés*. - Jongin gritou, as pessoas que estavam ali murmurando entre si sairam rapidamente, empurrando uns aos outros.

- Olha aqui, seu filho da puta imundo, não fale, nem mesmo olhe para Cérbero. -  Kyungsoo rangeu, os olhos vacilando entre o castanho e o preto. - Entendeu ?

- Vocês são malucos ! Me mandem de volta ! - O velho voltou a gritar.

Entreguei a corrente da coleira de Cérbero para Kyungsoo e me aproximei do velho, segurando seu rosto com as minhas mãos. Ele tentou se afastar, mas apertei ainda mais seu rosto, olhando diretamente em seus olhos.

Kim Sungmin, cinquenta e sete anos, aniversário no dia vinte de Setembro, morreu de overdose de remédio. Batia na esposa e a ameaçava para que ela não conseguisse o divórcio, tinha dois filhos, uma garota e um garoto. A mulher e a filha morreram em um acidente de carro, ele mesmo provocou um acidente, bêbado o suficiente para culpar o filho adolescente por um erro que ele cometeu.

E, o pior, ele não estava arrependido. Ele nunca esteve, era um doente do caralho.

Taehyung era seu filho. O filho que ele culpou, o filho que ele expulsou de casa, o filho que ele não deu nenhum tipo de apoio ou amor, o filho que ele culpou pela morte da esposa e da filha.

Era aquele, então, o homem que fazia o coração de Taehyung doer tanto.

- O que você fez comigo ? - Ele se afastou de mim, seu nariz sangrando enquanto ele cambaleava para os lados.

- Jongin. - Chamei, ainda encarando o outro homem. - O leve para o escuro, o acorrente e não deixe que os gritos cheguem até mim.

- Sim, senhor. - Jongin apagou o homem com um soco antes que ele começasse a gritar. - Não ouvirá seus gritos.

- Não quero ouvir, mas quero que grite. -  Deixei claro, e então, olhei para Kyungsoo. - Cuide de Cérbero, tenho algo para fazer.

- O que ? - Kyungsoo franziu o cenho, ainda segurando a corrente de Cérbero.

- Preciso achar Taehyung.

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Calma, falta ainda...

Até a próxima metades da minha uva  :3

Ilha de Afrodite; ᵗᵃᵉᵏᵒᵒᵏOnde histórias criam vida. Descubra agora