Apolo, O Corvo

16K 2.2K 720
                                    


- Ele está morto ! - Seokjin gritou, nervoso. - Você entendeu, Yoon ? Morto. Isso aconteceu com ele, não é nossa culpa.

- Ele estava triste, ele estava sofrendo, estava se sentindo sozinho porque perdeu Jeongguk e ia me perder também. É minha culpa, eu sei disso, eu não deveria ter deixado ele, eu nunca deveria ter feito isso. - Yoongi hyung começou a chorar, sendo amparado por Jimin. - Eu escolhi amar, Seokjin. Eu escolhi amar mesmo sabendo que ele precisava de mim pra viver ! Mesmo sabendo que depois de perder Jeongguk, eu era a única coisa que o encorajava a acordar todos os malditos dias ! Mesmo tendo pesadelos, mesmo sofrendo, mesmo amando alguém que não poderia ter ! Eu sabia que ele só tinha a mim e eu escolhi o amor ao invés dele e agora ele está morto !

- Não é sua culpa ! Não é minha culpa ! Não é culpa do Namjoon e não é culpa de ninguém ! - Seokjin gritou, fazendo todos ficarem em silêncio. - Eu estava lá, Yoon, eu não vivi tudo que vocês viveram e eu não amei como vocês amaram, mas eu estava lá nas noites em que ele tinha pesadelos e só você o fazia parar de chorar, eu estava lá quando ele se arrastava pelos cantos, eu estava lá quando ele chorava, gritava e dizia que queria morrer por não poder amar ! Eu sei o quão dependente de você o Taehyung estava, e eu sei o quanto ele era puro, o quanto ele amou Jeongguk com a sua vida ! Eu sei, Yoongi ... e eu sei que se ele está morto, não é por nossa culpa.

Yoongi chorou alto, forte, se afastando de Jimin e abraçando Seokjin, enquanto Namjoon ia até eles. Eles se abraçaram, com dor.

- Nós não sabemos onde ele está, Yoon, mas sabemos que ele está melhor agora. - Namjoon beijou a testa de Yoongi e depois a de Seokjin. - Nós vamos enterra-lo aqui, onde tudo começou.

- O corpo de Taehyung permanecerá, pela enfermidade, na Ilha de Afrodite. Ele é um de nós. - Jimin se juntou a eles. - Eu tentarei falar com Jeongguk, eu farei o possível, eu irei descobrir para onde Taehyung foi.

- Você pode falar com ele ? - De repente, o sorriso de Namjoon já não era tão inocente assim. - Então, se você pedir com jeitinho, a gente pode morrer temporariamente ?

- Namjoon ? Você tá maluco ? - Seokjin, que ainda abraçava Yoongi hyung, perguntou, chocado.

Jimin retribuiu o sorriso. - Provavelmente os Deuses me castigarão, mas droga, o que eu não faço pela família ?

- Yoongi hyung riu, apaixonado. - Nós fazemos tudo pela família.

Eu não pude ver mais nada porque Jeongguk assobiou, mandando seu corvo voltar para casa.

- Eles podem vir até aqui ? - Perguntei, sentado em sua grande cama, sentado como índio.

- Jimin nunca tentou. Ele estava em debate se deveria desafiar sua própria mãe para falar comigo, o que aconteceu foi um incentivo. - Jeongguk não me olhou. Estava perto da grande janela do quarto, esperando que o corvo voltasse para o prender na gaiola novamente.

- Ei, Gguk. - Chamei, tombando a cabeça para o lado. - Venha cá, meu homem.

Jeongguk se aproximou e se jogou na cama, a cabeça deitada em minhas pernas cruzadas. Ele fechou os olhos e eu tracei todo seu rosto, até parar na pequena cicatriz, me abaixei o suficiente para deixar um beijo nela, e então voltei a aplicação inicial, acariciando seu couro cabeludo.

- Você sente falta dele ? - Perguntei, calmo.

- Eu o amo com a minha vida. Ele é meu irmão e é parte minha. - Jeongguk abriu os olhos, me encarando. - Eu sinto muita falta dele.

- Te magoa ele nao ter tentado falar com você antes, não é ? - Perguntei, compreensivo. - Eu entendo esse sentimento de mágoa, Gguk. Eu fiquei cheio dele quando você não me procurou. Mas não seria justo.

- Eu estou com raiva dele. Eu desafiaria qualquer um, somente para conseguir um abraço, a porra de um abraço. - Jeongguk rangeu. Eu conseguia notar sua raiva, mas só balancei a cabeça, o dando um leve tapa na testa. - Ai, Taehyung !

- Não doeu, não. - Mostrei a língua, brincalhão. - Todos temos medos, Gguk. Você é um Deus, pode fazer o que quiser, mas Jimin é só filho de uma, ele é metade humano, ele não pode desafiar todos.

- Eu entendo. Certo. Eu posso entender. - Jeongguk respirou fundo, fechando os olhos mas logo os abrindo para me encarar. - Mas Chungha era minha mãe, entende ? Não Perséfone, Chungha.

Me calei, esperando que ele falasse mais.

Quando ele não falou, me pronunciei : - Você já a viu ? Conheceu Perséfone ?

- Sim. - Respirou fundo. - Ela veio me visitar, um dia desses. Não temos noção de tempo por aqui, tudo é uma eternidade, mas ela não demorou para vir.

- E como foi ?

- Ela é insuportável.

- Uh, ok. Certo. - Não esperava por isso, mas já estava me adaptando ao nível de sinceridade de Jeongguk. - Porque ?

- Ela é uma Deusa. Ela é cheia de si, poderosa, submissa quando se trata do meu pai, que por falar nele, o imbecil desistiu do trono e sumiu. - Começou a reclamar, enquanto eu continuava acariciando seus cabelos. - Perséfone entrou no castelo, se sentiu em casa. Mas não é mais a casa dela, é minha. Eu mudei tudo, só a sala do trono é como sempre foi.

Realmente. Eu esperava um castelo caindo aos pedaços e todo escuro, mas Jeongguk pareceu sentir gosto em mudar tudo por ali.

Meu Jeongguk gostava de coisas escuras, mas o castelo era claro. As paredes pintadas de bege e branco, os móveis dourados e vários quadros espalhados pelo corredor. Nosso quarto era todo branco, os móveis também eram dourados e tinham, no mínimo, três espelhos, um acima da cama, um no closet que eu nem sabia que ele havia criado ali, e outro na parede. Só no quarto tinham duas grandes janelas, elas estavam sempre abertas porque aqui é surpreendentemente frio, mas as cortinas ficavam fechadas, menos agora que estamos esperando Apolo, O Corvo, voltar.

Resumindo a decoração do castelo de Jeongguk, era tudo branco e dourado, haviam flores em cada mesa, e eu me sentia confortável ali. Nunca tinha ido na sala do trono, mas também não estava muito curioso para isso.

- A mandei embora, neguei a chamar de mãe, fiz questão de lhe dizer que se descer aqui novamente, não voltará viva para o céu, mas talvez Zeus receba a cabeça dela.

Neguei, balançando a cabeça, e dei um beijo em sua testa. - Tão carinhoso esse meu homem.

Ele me encarou, carinhoso. - Você está bem ?

- Estou. De verdade, eu tô. - Sorri. - O que nós vamos fazer agora ?

- Esperar pelo corvo, porque provavelmente, Jimin não vai demorar para chegar.

E eu sei, que no fundo, Jeongguk está triste, porque ele sempre sentiu a proteção e o carinho de Chungha, e agora, ele não tem uma mãe.

Mas...

Eu posso dar um jeito nisso.

✦✧✧ ~ ✧✧✦

Hi

Até a próxima metades da minha uva :3

Ilha de Afrodite; ᵗᵃᵉᵏᵒᵒᵏOnde histórias criam vida. Descubra agora