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And everywhere we go
I can feel a subtle taste of the deeds outgrown
And the welcome overstayed
And you're no better at swimming
Than you were in the beginning
But you come over at night
And we practice all the breathing

Quando anoitece, Nick reclama de dor de cabeça. Só por precaução, num instinto quase materno, levo minha mão até a testa dele. Está ardendo em febre.

Raúl não está em casa, então levo Nick até o meu quarto no andar de cima e peço a ele que me espere enquanto dirijo até uma farmácia para comprar alguns remédios para ele. Trêmulo sob o edredom vermelho da cama, ele não protesta.

— Eu já volto. — prometo, dando um beijo rápido em seus lábios antes de pegar a chave do carro na penteadeira e sair.

A farmácia não fica muito longe, apenas uns quinze minutos de viagem, que eu percorro ao som de Sia, batucando as músicas no volante e cantando com a letra toda errada.

Sorrio para mim mesma. Nunca estive tão feliz. Nunca estive tão leve. E a chave para a felicidade estava ali, naquela casa de praia, o tempo todo.

Estaciono o carro em frente à farmácia e entro correndo. Não tem nenhum cliente no lugar, então sou atendida rapidamente e vou embora levando um antitérmico e um analgésico numa sacolinha de plástico.

Dirijo o caminho de volta com a mesma trilha sonora da ida.

A dois quarteirões da casa, meu coração relaxa. Mas quase para quando eu finalmente chego em casa.

O que vejo me deixa em choque.

A casa está em chamas

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A casa está em chamas. O fogo sobe pelo lado de fora, lambendo as paredes e chegando ao andar de cima com uma fúria avassaladora. Não consigo reagir. Minhas mãos tremem e derrubam a sacola da farmácia e tudo que eu consigo fazer é olhar. Meu corpo não responde a nenhum dos meus comandos desesperados.

Nick. Ele está lá dentro. Sei disso como sei que o céu é azul. Nick está lá dentro.

Começo a gritar. Primeiro não sei o que está saindo pela minha garganta. Mas depois compreendo. É o nome dele. É tudo que eu consigo pensar quando, num ato de loucura, entro correndo pela porta dos fundos.

As chamas queimam a casa pelas laterais, corroendo tudo pela frente e correndo para dentro, ameaçadoras e velozes. Não tenho tempo para pensar em mais nada enquanto me embrenho em meio ao fogo, incapaz de sentir o calor e a dor das chamas que tocam minha pele, e subo as escadas de três em três degraus.

— Nick! — eu grito. Minha voz sai rouca. Ele não vai me ouvir. Ele não vai me ouvir. O fogo parece me perseguir, cada vez mais empenhado em alcançar o andar de cima, assim como eu. Tropeço no último degrau, caindo de cara no chão. Sinto o gosto metálico e salgado do sangue na boca. Não tenho tempo.

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