A caixa

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P.O.V de David  
  
          Já havia trocado de canal algumas vezes, mas em todos os noticiários era o mesmo assunto. A morte de Julia.

  - "E hoje completa 1 ano da morte da Secretária do Interior e criadora do projeto Ripa 18 Julia Montague. Julia que foi vítima de um atentado no ano passado durante..." - Ignorei o resto que a repórter dizia e desliguei a televisão.
Entrei na cozinha onde Vicky estava com as crianças tomando café. Ela veio até a mim entregando uma xícara de chá e depositando um beijo em minha bochecha.

- Está tudo bem querido?

- Sim. - respondi depois de tomar um grande gole do chá.

- Crianças vão pegar as mochilas, hoje o papai vai levar vocês para escola.

     Depois que Ella e Charlie subiram as escadas correndo o silêncio predominou na cozinha até novamente se ouvir barulho na escadas e as crianças pararem ao meu lado já com as mochilas nas costas.
      Fazia alguns meses que Vicky e eu resolvemos nos acertar, mas ultimamente parece que estamos mais distante do que na época que estavamos separados.  Me despedi dela com um beijo rápido e acelerei o carro seguindo o caminho para a escola das crianças. As deixei na porta da escola e voltando para o carro sinto o celular dento do bolso interno do meu palitó vibrar. Era uma ligação de Gina (chefe do comando terrorista).

- Alô? - atendi.

- Budd?... É Gina. Preciso que venha ao departamento. Recebemos um pacote que está endereçado a você.

- Estou a caminho. - foi tudo que disse ao desligar o telefone.

       Entrei no carro rapidamente e liguei o rádio, levaria um tempo para chegar ao departamento, mas não consegui arrancar com o carro porque as primeiras palavras do radialista era sobre a morte de Julia. Era só isso que passava em todas as mídias desde que esse maldito dia começou.

- E voltamos com mais algumas lembranças desse 1 ano sem a ex secretária do interior Julia Montague, que foi covardemente assassinada ao fazer um discurso... - dessa vez eu deixei o rádio ligado. E ainda com o carro parado encostei a cabeça no banco e as lembranças daquele dia invadiram a minha mente. Voltei para a realidade quando o carro de trás buzinou.

- Julia era uma mulher inteligente, ambiciosa e destemida. Ela estava na política para ajudar as pessoas. - o radialista continuou enchendo a Julia de elogios e arranquei com o carro em direção ao departamento ainda um pouco angustiado com esse dia.

       O escritório estava a mesma coisa de sempre. Na recepção não cumprimento ninguém. Sigo de elevador até o andar de Gina. Diferente dos outros andares este é mais silencioso. Bato duas vezes na porta da sala de Gina e entro sem esperar a permisão. No pequeno, porém aconchegante, escritório Gina como poucas vezes a vi estava sentada atrás da mesa, com papéis em mãos, mas os olhos viam através do documento vagando por sabe lá onde estava seus pensamentos.

- Bom dia. - disse seco a tirando dos seus devaneios.

- Bom dia, David. Quanto tempo. - a última parte ela disse com uma tentativa de sorriso, mas o que me foi lançado foi apenas um tremor de lábios nervoso e diria até... confusos.

       Sem me prolongar peço a tal encomenda em meu nome. Antes de me entregar a pequena caixa marrom que estava em cima da mesa ela faz questão de guardar os documentos em mão na gaveta da mesa e fecha rapidamente o notebook quando me aproximo para pegar a caixa não me dando visão da tela. Suspeito, ou talvez não. Na verdade tanto faz, não estava com cabeça e humor para coisas do Estado hoje.

       Dou duas voltas na caixa até achar a etiqueta de emissão. Aquele pacote chegar aqui é estranho. Não recebo pacotes e nunca compro pela internet, quase ninguém sabe meu endereço do trabalho. E está endereçado para o departamento de Gina, mas com meu nome. O mais estranho ainda é que não tem endereço no remetente só um nome 'Lavanda'.

Meu coração dispara, Me perco nos meus pensamentos: O que seria isso? O que teria na caixa? Julia está viva? ...

Bodyguard (Segurança em jogo)Onde histórias criam vida. Descubra agora