Anantara

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Se eu estava em estado de choque? Sim! Meu coração batia acelerado? Muito, quase dava para o ver saltando do peito como em um desenho animado. Aquilo só podia ser brincadeira, não é? Julia estava morta. Eu estava lá na hora da explosão. Afinal, a morte dela foi culpa minha. Eu que me afastei e não pude chegar a tempo de protege-la, ela morreu por minha culpa. E agora algum idiota está brincando com minha cara. Procuro mais alguma coisa dentro da caixa e encontro um papel de carta timbrado do Antara Medjumbe Island Resort e logo abaixo escrito a mão coordenadas.
Anantara Medjumbe Island Resort

- 11.815900200184391; 40.603921270010005

Te esperarei a cada por do sol na praia. Preciso de você!

Fico tenso, meu corpo todo enrijece. Não pode ser... Julia...
Corro até o notebook e jogo as coordenadas no site de busca. O resultado, uma ilha, - meio óbvio pelo nome do resort - mas de difícil acesso.

Me pego procurando maneiras de chegar até lá, aviões, navios, barcos fretados e só alguns minutos depois de pesquisa minha ficha cai. Eu não posso largar tudo aqui e ir atrás de uma coisa incerta. Tenho meus filhos, a Vick e meu emprego também. Mas se é a Julia mesmo eu preciso encontra-la, preciso tê-la nos meus braços de novo.

Merda! Merda! Merda!

O que eu vou fazer?!

O barulho da porta abrindo me tira dos meus pensamentos, Vick entra com as crianças e fica surpresa ao me ver em casa cedo. Fecho o notebook rapidamente e abro os braços para receber um abraço dos meus filhos.

- David, está tudo bem? Por que chegou cedo?
- Pelo tom Vick não parece está nem um pouco feliz com minha presença em casa.

Segurando um em cada braço jogo cuidadosamente as crianças no sofá antes de responder.
- Não estava me sentindo muito bem, então sai mais cedo. - Lhe dei um beijo que não foi correspondido - Algum problema? - disse frio.

- Não. Vou preparar o jantar. - Ela se afasta de mim rapidamente e corre até a cozinha para preparar o jantar.

Passo o final da tarde brincando com as crianças. Percebo durante a brincadeira que Charlie parece está distante, sempre tenta me dizer algo, mas desiste antes de falar, como se não soubesse como contar ou apenas desistisse mesmo. Vick nos chama para comer algumas horas depois. O jantar ocorre com um silêncio perturbador.

Tento quebra-lo puxando assunto com as crianças.

- Então princesa, com foi o dia hoje?

- Foi bom papai! As vezes o dever é difícil. - Responde Ella com um sorriso.

- E o seu, campeão?

- Legal... Ganhei na corrida hoje.

- Esse é meu garoto! - respondi bagunçando seus cabelos.

- E você, David? - Vick perguntou com a voz baixa - Já está se sentindo melhor?

- Sim, claro! Foi só uma indisposição. A propósito, acho que vou ter que fazer uma viagem. A trabalho, duas semanas.

- Por que? - perguntou agora com o tom de voz mais sério.

- Porque é o meu trabalho. Não se preocupe.

- Está na hora de ir para cama crianças! - Vick diz sem um pingo de emoção na voz.

- Mas eu ainda não terminei de comer. - Protestou Charlie.

- Mas já está na hora de dormir. - Rebateu enquanto tirava os pratos da mesa.

- Subam! Escovar os dentes e cama. - Mandou.

Bodyguard (Segurança em jogo)Onde histórias criam vida. Descubra agora