Introdução

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Brasil, ano de 2050. Os volumosos investimentos em pesquisa científica(0,005% do Produto Interno Bruto!) tornaram o país uma liderança mundial na área.

Nas décadas anteriores, a experiência de manejar um astronauta para o Ministério da Ciência e Tecnologia,possibilitou que o Brasil fosse o único Estado Nação do mundo a desenvolver o protótipo de uma máquina de viagem ao tempo.

A primeira versão, ainda não testada, foi entregue em 30 de dezembro de 2049. O modelo recorreu às teorias da relatividade de Albert Einstein utilizando da distorção do tempo, dobrando-o sobre si. Enquanto resultado, isso possibilitou um loop temporal, permitindo a viagem no tempo.

O diferencial inovador da descoberta científica foi o metal nióbio. O uso em larga escala, a partir das reservas do componente químico no solo nacional, gerou um volume substancial de matéria exótica capaz de alimentar uma fonte de energia próxima à velocidade da luz.

Em um contexto de euforia patriótica, o recém-eleito Presidente pelo PSL (Partido Sociality Libertino) lança mão de duas ações de alto impacto popular: Operacionalizar a exclusiva viagem ao tempo com astronautas brasileiros; e deliberar se a Ciências Humanas, depois de décadas enxugamento de recursos, finalmente seria extinta dos currículos nacionais.

Para cumprir às iniciativas políticas, foi estabelecida uma missão intertemporal: voltar para o passado e resgatar uma figura lendária que poderia, inclusive, contribuir com uma consultoria educacional: o filósofo Sócrates!

A seleção de Sócrates como um mito inspirador para o Brasil foi minuciosamente analisada pela comitiva governamental. Além de ser considerado "patrono" da filosofia ocidental, o grego serviu ao exército ateniense em várias batalhas, dentre elas, a Guerra do Peloponeso (431aC).

O filósofo também foi historicamente reconhecido por ter salvado a vida de Xenofonte ao carregá-lo nas próprias mãos por vários estádios de distância. Logo, trazer um militar, herói de guerra e pensador,fortaleceria a estima patriótica da sociedade brasileira e poderia resolver os debates que perpassavam a área de ciências humanas!

Na manhã de três de janeiro de 2050, sob os olhares das câmeras de milhares de emissoras do mundo, os cinco astronautas brasileiros entraram na máquina. O protótipo,no formato cilíndrico e com 50 metros de circunferência, refletia em seu casco a imagem da bandeira nacional.

Na parte externa da aeronave era possível visualizar o desenho da estátua da liberdade, símbolo da maior patrocinadora da saga, a empresa de varejo Habanana.

A máquina foi programada para o ano de 399 anos antes de Cristo na cidade de Atenas. Enquanto missão, propôs-se chegar um dia antes da execução de Sócrates, acusado de: não acreditar nos deuses gregos, corromper os jovens com suas ideias e introduzir novos cultos.

A jornada inicia comgrande apreensão pela plateia e comentaristas de emissoras mundiais queacompanham o desfecho. O receio de um novo desastre, como o ocorrido no lançamento da Base de Alcântara em 2003, gerava preocupação com que alguma tragédia pudesse abalar a popularidade do governo.

O pressentimento pessimista por parte de alguns brasileiros (que torciam contra o Brasil?!), parecia se concretizar nos primeiros minutos daquela viagem espacial. Ao ligar os equipamentos, a alavanca geradora da combustão do nióbio gerou um forte ruído e uma fumaça de coloração escura tomou conta da parte externa do ambiente.

Diferente do esperado, os primeiros minutos não apontavam para nenhum deslocamento espacial daquele grande formato cilíndrico. Para aumentar a tensão, um dos astronautas relatou para a central de comandos que a ventoinha da nave,responsável pela troca de calor, apresentava suposta pane interna.

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