Silence Company

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- Que merda na cabeça ela tem em olhar na minha cara e me chamar de chata? Quer dizer, eu não sou chata. Não é? - Jennie nunca teve problemas em demonstrar a sua melhor amiga quando algo a deixava irritada.

- Talvez você não precise ficar brava com isso, Jennie. Quer dizer, quem se importa se ela te acha chata? - Jennie se importava muito em relação ao que diziam sobre ela, mas Jissoo era a única pessoa que nunca precisou medir suas palavras para dizer algo a sua amiga, E claro, sua mãe não podia faltar nessa minúscula lista.

Mas, nesse dia em específico, Jennie queria se importar muito com o que Jissoo dizia, então apenas ignorou tudo o que ela falou e soltou um: - Por favor Jissoo, você acha que eu sou chata?

- Quer dizer... - Jissoo se enrolou em suas próprias palavras, talvez nada mais esteja tão enrolado quanto ela nesse momento, talvez um rolo de lã esteja menos enrolado que a situação aonde ela se encontrou. - Não acho que você seja chata, mas algumas das suas atitudes são.

- Nossa Jissoo, é a mesma coisa. Até você acha que eu sou chata?

Algum de vocês lembram quando eu disse que Jissoo nunca precisou medir suas palavras em relação a Jennie? Retiro o que disse. Jissoo realmente não entendia o que diabos acontecia na cabeça de uma pessoa que fica brava quando alguém é xingada de algo tão pequeno. Mas no fundo, lá no fundo - bem no fundinho - entendia que não se deve entender as dores de alguém, mas compreender. São coisas distintas.

- Não foi bem o que eu disse, mas você sabe, você está um pouco irritada ultimamente. Aconteceu alguma coisa?

- Não aconteceu nada, não estou irritada. - Sei.

- Sei. ­- Jissoo estacionou o carro em frente ao quintal de Jennie, que olhou para a mesma dizendo repetidas vezes que estava bem. Talvez Jissoo tenha acreditado, talvez não, mas no fundo, lá no fundo, bem no fundinho... - De qualquer maneira, você tem meu número e sabe aonde eu estou, se precisar é só me procurar. Menos depois de meia-noite e antes das sete, caso contrário vou ignorar na sua cara. - Compreensível.

- Certo. Te amo.

- I know. - As palavras de origem inglesa saltaram da boca de Jissoo com um sotaque coreano audível, acompanhado de uma piscadinha para só então ligar a chave na ignição enquanto a porta do passageiro era fechada com certa força.

Talvez estivesse irritada, mas para toda irritação existe um motivo. Certo? Ou não? De qualquer forma, foi assim que Jennie dormiu, esquentando os pés na meia de lã fofa enquanto sua mente se desprendia do sentimento ruim que nos faz querer jogar tudo para o alto. Mas, acordar no dia seguinte sempre foi algo bom, porque mesmo que por um mísero segundo, ninguém se lembra do aconteceu no dia anterior. Acordar é como recomeçar. Recomeçar ao som do despertador gritando, esgoelando, bradando. Tudo bem, são exatamente 6h30min da manhã.

Não sei se Jennie acredita em rituais ou superstições, mas seus pés encostaram no chão sentindo o chão gélido que formou uma corrente decidida a passear sobre sua coluna. Eu falei de superstições, não é? Aliás, qual foi o primeiro pé que encostou no chão? Direito ou esquerdo? Dá no mesmo, eu espero, Jennie também.

Acordar de manhã nunca fora um problema para ela, pelo contrário, sabia muito bem aproveitar as manhãs apreciando seu café e regando suas plantas. Ah! Suas plantas, como pude me esquecer? Acordar cedo para Jennie significava cuidar de suas plantas, rega-las e talvez conversar um pouco. Os vizinhos sempre acharam que a jovem era solitária demais a ponto de conversar com seres que definitivamente não falam. Mas, assim como acordar cedo, isso também nunca foi um problema para ela. Talvez o problema fosse eles.

O caminho até a faculdade era feito em passos lentos, deu sorte de encontrar uma casa pequena que se localizava a dez minutos da universidade então, além de olhar a movimentação da rua, podia curtir o frescor em seu rosto ao que escutava música em seus fones de ouvido.

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⏰ Última atualização: Apr 04 ⏰

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Dawn - Jenlisa.Onde histórias criam vida. Descubra agora