MÚSICA DO CAPÍTULO — Parks Squares and Alleys - We're Not Just Friends.
No momento em que eu acordei, eu sabia que tudo seria novo. Um novo ano letivo, um novo ciclo. Diferente de todos, eu preferia permanecer deitada em minha cama até que tudo aquilo acabasse, mas nada na minha vida era fácil.
— Acorda sua idiota, você tem que me levar na escola. — Garry gritava do outro lado da porta, batendo nervosamente.
Este espécime de pequeno demônio é meu meio irmão, que mais parecia uma grande penitência. Desde que minha mãe pegara mais um turno no hospital da cidade, eu era responsável por lhe levar e buscar na escola. Me encolhi na minha cama relutante, mesmo que soubesse que uma hora ou outra, eu deveria sair dali.
Soltei uma lufada de ar irritada, e descobri metade do meu corpo, pingos de água tilintavam a janela que ficava em cima de minha cama. O clima era propício para dormir e assistir uma maratona de Hora do Pesadelo, mas eu sabia que não existia terror maior do que faltar no colégio no primeiro dia.
Quando toquei a maçaneta, o diabinho que estava atrás da porta riu e correu para o banheiro, trancando a porta logo atrás de si. Eu odiava conviver com Garry, queria xinga-lo de todas as coisas possíveis, mas logo que comecei a bater na porta, Andrew, meu padrasto insuportável abriu a porta de seu quarto com a cara amassada.
— O que está acontecendo? — ele perguntou.
Revirei os olhos.
— Seu filho idiota não quer abrir a porta. — respondi irritada.
Há! Uma coisa que eu esqueci de mencionar, Garry era filho de Andrew, desde que o homem de trinta e poucos anos mais inútil que eu conhecia havia se enfiado em casa, minha vida jamais tinha sido a mesma. Andrew trabalhava na parte administrativa da delegacia da cidade, saia gritando por aí que era policial, porém não tinha licença para usar sua arma, trabalhava de madrugada e quando não estava fazendo plantão, estava azucrinando a mim ou minha mãe pedindo incontáveis cervejas com gosto de urina.
— EU NÃO VOU ABRIR, IDIOTA. — Garry gritou de dentro do banheiro, e eu continuei chutando a porta, mesmo que a ponta de meu dedo doesse.
— Tessa, use o banheiro de sua mãe e deixe seu irmão em paz. — Andrew disse descendo as escadas.
— É serio isso? Por que tudo tem que ser como ele quer? — grunhi irritada.
— Você está atrasada, da próxima vez, acorde mais cedo. — ele sorriu e continuou a descer.
Olhei para o quarto de minha mãe e me dei por vencida. Eu odiava usar o banheiro da minha mãe, ela era obcecada por manter suas coisas em plena ordem, e eu sempre acabava tendo que arrumar tudo nos mínimos detalhes. Respirei fundo e adentrei o ambiente, fechando a porta atrás de mim e trancando a mesma. Finalmente alguns minutos de paz, não eram nem oito da manhã e eu já queria morrer.
Liguei o chuveiro em água quente, joguei um pouco dela sob meu rosto e pude finalmente, ter uma visão mais clara. Observei meus traços arredondados e meus olhos castanhos. As sardas no meu rosto eram evidentes em todos os pontos, cílios longos, boca um tanto quanto ressecada, e duas bolsas arroxeadas que evidenciavam o horário que eu fora dormir no dia anterior.
O contato da água quente em minha pele fez meu corpo estremecer, e meu cabelo agora molhado grudava em meu corpo. Era uma sensação de extrema tranquilidade e conforto, ainda que eu soubesse que saindo dali eu teria que enfrentar o mundo.
Talvez eu deva te explicar uma coisa; eu não sou uma rebelde sem causa, ou uma rebelde em sua totalidade, a questão é que a vida é um pouco difícil quando se mora em Lexiton, no interior, bem interior do Texas, onde Judas bateu as botas, um pouco depois de Tão, Tão, Distante. Esperança é provavelmente a única maneira de sobreviver nesse lugar. A não ser, é claro, que você seja um caipira jogador de futebolamericano, adorador-de-caminhões, fã-de-música-country. Se for esse o caso,naturalmente, seria o seu paraíso. U-hu pra você.Mas se você por acaso é uma garota desajustada,, com tinta azul nocabelo, então Lexiton podia ser, e geralmente era, uma gigantesca bola de chatice.
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Eu e Você.
Ficção AdolescenteTessa Vaugh não tinha ideia do que fazer da sua vida, mas ela sabia que precisava fazer algo para escapar do futuro deprimente que todos os jovens da pequena cidadezinha de Lexiton, Texas acabavam. Quando Tessa conhece Kai, um garoto da cidade grand...