Pseudos árvores de natal

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Pedro e eu conversamos bastante sobre tudo, especialmente sobre o natal. Claro que o assunto do momento não poderia ficar de fora de nossas conversas. Infelizmente durante a tarde tive que me despedir dele pra poder ajudar meu pai a preparar as coisas para a ceia de mais tarde. Foi ótimo poder cozinhar com ele, meu pai é uma pessoa maravilhosa e ficar perto dele é sempre bom.

Quando era umas sete da noite, os parentes do meu pai começaram a chegar, assim como amigos dele. Durante o que pareceu horas, fiquei cumprimentando as pessoas que iam chegando. Minhas bochechas já doíam de tanto sorrir para aquelas pessoas desconhecidas.

- Lolaaaaaa! - ouvi uma voz feminina animada me chamar.

Olhei e vi minha madrasta vindo me cumprimentar com um abraço.

- Que saudades de você, queridaaaaa! - disse já agarrada ao meu pescoço.

Seu cheiro era de álcool com abacaxi, o que significava que ela havia exagerado nas batidinhas. Ela, assim como meu pai, era um tanto amorosa, entretanto a bebida turbinava essa amorosidade.

- Mari, você me viu há dois segundos atrás. - a lembrei sorrindo e retribuindo seu abraço.

- Mesmo assim, eu tô com saudadeeeeee! - apertou mais ainda meu pescoço contra o seu corpo.

Ri e vi meu pai vindo em nossa direção.

- Amooooooooooor! - Mari me soltou e correu pra abraçar meu pai.

- Oi, querida, acho que você devia vir comigo tomar um café. - disse ele a puxando.

- Mas eu estava falando com a Lola. - choramingou.

Assim que terminou de falar, a campainha tocou.

- A Lola precisa receber os convidados, querida, depois você fala com ela.

Ambos saíram em direção a cozinha, acredito eu para procurar um café pra curar essa bebedeira da Mari. Sorri da situação e fui até a porta pra atender um desconhecido, provavelmente. Felizmente não era um desconhecido, assim que abri a porta vi o irmão e a cunhada de Mari.

- Oi, tio Carlos, tia Eliana. - os cumprimentei com dois beijinhos na bochecha.

Notei que havia mais alguém atrás deles e supus que fosse seu filho, que nunca tive a oportunidade de conhecer.

- Oi, querida. Esse é o Pedro, nosso filho. - disse tia Elena dando espaço para que seu filho aparecesse pra mim.

Arregalei os olhos assim que vi o Pedro do mercado na minha frente. Definitivamente o Papai Noel havia caprichado no meu presente.

- Oi. - disse ele sorrindo e me deu dois beijinhos na bochecha.

Corei me lembrando na nossa última conversa. Ela envolvia se agarrar atrás da árvore de natal.

- Onde está a Mari e o seu pai? - perguntou meu tio.

- Hã, eles estão na cozinha. A Mari exagerou nas batidinhas. - respondi me obrigando a desviar o olhar de Pedro.

- Ah, mas é a cara dela mesmo fazer esse tipo de coisa. Vem, amor, vamos lá com eles. - disse tia Eliana puxando seu marido até a cozinha.

Olhei para Pedro que se encontrava fora de casa ainda. Cedi espaço pra que ele entrasse e, assim que ele o fez, fechei a porta.

- Bom... - disse ele olhando em volta - É uma enorme coincidência nós sermos quase primos, não acha?

- O que? Nós não somos primos. Você é parente da Mari e ela é só minha madrasta. Não temos nenhuma ligação de sangue. - cruzei os braços.

- Por isso que eu disse "quase primos". - se explicou e piscou pra mim - Mas eu devo confessar que estou um tanto decepcionado.

Encolhi os ombros criando mil e uma explicações pelo motivo de ele estar decepcionado. Será que me reencontrar é decepcionante?

- Eu não estou vendo nenhuma árvore de natal por aqui. - completou sorrindo.

A clara malícia na sua voz me fez corar, falar esse tipo de coisa por mensagem era mil vezes mais fácil do que falar pessoalmente. A verdade verdadeira é que eu sou uma frouxa.

- Meu pai encheu as plantinhas do quintal do fundo com pisca-pisca e bolinhas. Então nós temos pseudos árvores de Natal. - expliquei.

- A coisa mais criativa que vi hoje. - comentou sorrindo.

Nós ficamos sentados na escada conversando e algumas vezes íamos atender a porta juntos. Ele era engraçadíssimo e, o melhor de tudo, ria das minhas piadas.

- Tá bom, tá bom, chega. - disse rindo do meu último comentário sobre o senhor bigodudo do nosso campo de visão.

- É melhor parar mesmo, você está quase tendo um ataque.

- A culpa é sua, poxa. - disse me abraçando pelos ombros - É cedo demais pra eu dizer que estou encantado?

O olhei, ele ainda tinha o mesmo tom e expressão de divertimento no rosto, mas suas palavras não pareciam uma brincadeira.

- Acho que não. - respondi.

- Então, eu estou encantado. - sorriu.

Alguém gritou que já era meia noite, então vários "feliz natal" foram ouvidos pela casa.

- Já é natal. - falei o óbvio como se eu fosse uma tapada.

- Já é sim. - ele me abraçou mais forte - Feliz Natal, gracinha.

Dito isso ele beijou o canto da minha boca. Sorri feliz por ter passado esse natal com ele. Fiquei mais feliz ainda por não ter sido o único.

F I M

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