P.O.V's Alice
Eu estava trancando a ultima porta da casa, quando ouvi barulhos no andar de cima, corri pra sala onde estavam todos reunidos olhando para o teto.
—O que é isso?— Eu pergunto retirando uma faca do meu bolso que trouxe de casa.
—... 5, 6, 7, 8... Estão todos aqui! — Diz Gaby ao terminar sua contagem. Ela havia nos dito que tivera problemas com seu pai, mas não confirmou sua morte, eu posso dar um jeito nisso.
—Eu vou! — Arthur e eu falamos juntos, ele me olha com cara de "me deixa ser o herói dessa vez", com certeza ele queria impressionar Gaby e ganhar vantagem sobre o Guilherme, porém odeio essa forma de thur agir, passo a frente dele. Fiquei em posição de ataque com a faca na minha mão direita e com a esquerda fui abrindo as portas, mas a sensação de perigo e aventura logo se esvaiu do meu corpo, quando ouvi os passos de Arthur vindo atrás de mim.
—Por que veio? — Perguntei com um desanimo na voz.
—Você sabe bem o porquê eu estar aqui prestes a matar o pai da Ga... — Ele se cala assim que vê Gaby chegando.
—Eu tenho de fazer isso — Ela me olha estendendo a mão e pedindo a faca.
—E se você não conseguir?
—Ai você vai entrar, tomar a faca da minha mão e matá-lo por mim assim como eu tenho certeza de que faria isso!
—Mas vai que não de tempo e ele acabe te mordendo?...
—Por favor, Alice!
—Deixa ela tentar. — Fala Arthur à defendendo como sempre.
—Daqui a pouco ele derruba a porta e mata-nos todos! — Durante a discussão nem havia notado que o pai de Gaby estava se debatendo com força na porta.
—Certo. — Lhe entreguei a faca e segui logo atrás, ela segurou a faca em uma mão e com a outra ela segurou o trinco com força... Passou-se alguns minutos e nada, ela apenas respirava e isso já estava me deixando irritada, então finalmente ela deu um passo brusco para trás levantou uma das pernas e com toda sua força chutou a porta. Não caiu, chutou novamente, uma das dobradiças se soltou do batente, mais um chute e finalmente caiu sobre o seu pai, ela partiu para cima da porta pisando sobre o zumbi, se agachou, o segurou pelo pescoço e o fitou por um minuto. Lagrimas rolaram de seus olhos e assim enfiou a faca bem no meio de sua testa, o matando instantaneamente, ela se levantou limpou as lagrimas, se voltou para mim e vi em seus olhos nada alem de dor e sofrimento, não vi a vida e nem a alegria que Gaby sempre continha dentro de si.
Ela desceu as escadas, abraçando a si mesma, se sentou no sofá e começou se balançar pra frente e pra trás como uma pessoa com algum problema mental. Ate Vitor se aproximar.
—Gaby o que aconteceu? — Estávamos todos na sala, os olhando, sem nenhuma reação, apenas com um aperto no coração.
—Nada meu anjo. Só estou com saudades do papai e da mamãe! Eles tiveram que viajar, pra um lugar muito longe, e vai demorar pra voltarem, mas sabe de uma coisa? Eu não devia estar chorando se agora você virou o homem da casa e vai-me proteger, não é? — Vitor a abraça, e ela repousa seu queixo sobre a cabeça dele, e mais lagrimas escorrem pelo seu rosto, a dor que ela transmitia a todos na sala era quase que física e não sentimental. Todos sabem o quanto ela era ligada aos pais, eles sempre foram a vida dela...
—Mas é claro Gaby! Eu sou o capitão deste navio agora e vou protegê-la com a minha vida! — Vitor fala todo cheio de si, convencido de que ele que mandava em todos agora. — Gaby pare de chorar — Ele fala limpando suas lagrimas com suas mãozinhas pequenas e gorduchas — Eu tenho certeza de que não vão demorar! Eu também sinto muito a falta deles, mas eu sei que eles nunca nos abandonariam! — Gaby não aguenta e desaba em lagrimas.
— Paraaa Gaby! — Ele grita desesperado. Guilherme se aproxima e fala enquanto o leva para o seu quarto.
—Ela ta cansada cara, mas logo vai estar super bem e vai ir brincar com você. De um tempo a ela, um dia você ira entender o que esta acontecendo. Um bom capitão também tem de respeitar as damas e dar um tempo a elas, não acha?
—Tudo bem — Ele sai de cabeça baixa e vai brincar com Samuel. Guilherme volta e abraça Gaby.
—Hoje de manhã foi você que me ajudou, e agora eu te ajudo — Falou ele lhe dando uma piscadela que a fez sorrir e dizer bem baixinho "obrigada".
Resolvi ir la prestar solidariedade, até por que eu mesma já passei por isso. Eu mesma tive que matar a minha mãe, e meu pai... Sentei-me ao seu lado e a abracei fortemente, um silencio se instalou sobre a sala, ninguém sabia o que falar, simplesmente ficamos ali, abraçadas enquanto os outros saiam disfarçadamente e voltavam a fazer seus afazeres, do nada fui tomada por um desespero e comecei a chorar lembrando da minha mãe, Gaby me acompanhou e em poucos minutos estávamos encharcadas de lagrimas.
—Agora sei como deve se sentir. — Assim que enfiei a faca na cabeça da minha mãe minhas mãos tremeram, eu deixei a faca cair e o sangue respingou em todo chão, segurei minha mãe que caiu em meus braços, desacordada e sentei no chão com ela em meu colo, chorei por muito tempo enquanto Sofia estava trancada em seu quarto chorando também. —Não precisa ficar aqui se não quiser, vai la fazer algo invés de ficar me consolando, deve ser bem chato! — Gaby era grossa naturalmente.
—Tudo bem, prefiro ficar. — Eu lhe dou um beijo na testa, e me encosto no sofá limpando minhas lágrimas com as mãos.
P.O.V's Ana.
Eu ainda estou chocada com o que aconteceu, em apenas um dia perdi minha querida cachorrinha, meus pais que me enchiam o saco, mas eram legais e vi a Gaby ficar traumatizada ao MATAR O PRÓPRIO PAI! Isso é a mais pura loucura. Era realmente um pesadelo, sempre tive medo do fim do mundo, ele esta acontecendo e muitas pessoas já morreram!
Pra falar a verdade, eu sempre temi o final dos tempos citado na bíblia e não os citados em filmes e series. Por que o meu maior medo não era perder meus entes queridos, por que do jeito que eles são santos, com certeza iriam direto para o céu e não enfrentariam os "inimigos de Deus" e toda aquela besteira. Já eu com certeza ficaria, deixei a igreja para noitadas, que as vezes acabavam em drogas, descumpri quase todos os mandamentos e não me arrependo disso, esse é o problema, Gaby não gosta disso, ela vive tentando me salvar e vive falando sobre como Deus deve estar decepcionado comigo, eu sei que estou errada por isso tenho medo, por que afinal "Quem não deve, não teme" e bom eu temo muito, por que devo muito.
Vi um vulto passando na minha frente e interrompendo a minha linha de pensamento, levei um susto e larguei as garrafas cheias de água que estavam na minha mão, no chão. Sempre muito atrapalhada.
—Meu Deus! Que susto!
—Desculpe... — Sofia me olha estranhamente de cima a baixo.
—Foi nada... Quer algo?
—Não... — Ela fala me observando e andando na minha direção, nunca parei pra analisar como Sofia era bonita.
—Então... O que quer aqui? — Ela esta cada vez mais próxima de mim, e exita em responder... Parece que esta esperando o momento certo, parece que esta sensualizando para mim... Finalmente ela esta na minha frente, tão perto de mim que sinto sua respiração, eu encaro seus olhos escuros, com certo medo do que ela possa fazer estando tão perto de mim.
—Eu só... Só estou analisando umas coisas por aqui... — Enquanto falava, chegou a acariciar minha bochecha e a ficar muito mais perto, quase me beijando! O que esta acontecendo? Ela da meia volta e sai da cozinha rebolando. E por que diabos eu olhei pra bunda dela!? Eu nunca havia sentido uma coisa assim...
—Eita, o que foi isso... — Eu digo a mim mesma.
—Isso o que Ana? — Alice me questiona enquanto entra na cozinha.
—Nada não, e-eu já volto vou ao banheiro! Tchau! — Sinto minhas bochechas queimarem.
Alice abre um sorriso de canto de boca e responde.
—Ta...
VOCÊ ESTÁ LENDO
We Will Survive, My Love.
Teen Fiction[Contém gatilhos, abusos físicos e mentais, violência descrita, morte... Preserve sua saúde mental.] "Tudo parecia em ordem. Após o grande surto de uma doença que transformava os seres humanos em canibais, as organizações envolvidas tomaram a atitud...