Capítulo II

17 15 21
                                    

O prazo de uma semana que o professor Callister deu para a finalização do projeto tinha custado noites em claro e muitas doses de cafeina, eu usava o tempo que tinha em casa para planejar o protótipo e as horas que me restavam dentro do campus para construir o que faltava com meu colega de equipe George, um ruivo cheio de sardas e mais horas na academia do que se podia contar. A princípio eu havia julgado-o mal e de uns meses para cá eu não o trocava por outra pessoa na hora de confiar meus trabalhos acadêmicos.

Ele escrevia as etapas desde o pé projeto até a conclusão enquanto eu analisava linha por linha do que tínhamos feitos checando se estava tudo correto e tínhamos todas as obrigatoriedades ali.

- Vai sair hoje a noite? – George perguntou em um tom casual.

- Não, não quero gastar o pouco tempo que tenho em casa pra ficar fora dela.

Respondi apoiando as costas no encosto da cadeira cinza estofada da sala de pesquisa do nosso bloco. As cursos menores como os de exatas sempre tinham um bloco apenas e cada bloco havia uma sala tematizada onde os alunos podiam relaxar no tempo livre ou usar para fins acadêmicos também.

O ruivo revirou os olhos e riu balançando a cabeça na negativa depois de ouvir minha resposta, era sábado a noite e provavelmente todo mundo iria fazer alguma coisa. Eu sabia que ele não seria o único a me perguntar sobre os meus planos então mandei mensagem para que Anastásia e Theo também não fizessem o mesmo.

Há alguns anos atrás eu até aceitaria sair com eles e beber uma rodada, porém tudo o que eu queria agora era um dia livre para deitar na cama e passar um tempo comigo mesma ainda mais quando o apartamento estaria vazio e silencioso.

De banho tomado, café na caneca e meus pijamas de listra lá estava eu em frente a tela do computador com a barra de carregamento do jogo sendo preenchida aos poucos. Ainda criança eu descobri que minha habilidade com tecnologia ia além do que as dos meus colegas e aos onze anos comecei a estudar as bases de alguns jogos que meus primos jogavam quando todos se reuniam na casa da minha avó nas ferias de natal. E agora dez anos depois eu pagava minhas contas com o dinheiro da venda do meu primeiro projeto que durou anos até ser finalizado e notado por alguma empresa.

Velvet era uma mistura de ação e suspense onde podia-se jogar em grupos ou sozinho, basicamente como se você fosse um agente do FBI e quanto mais níveis você sobe mais difíceis as pistas ficam.

Meu personagem não era o nível mais alto porque eu não tinha jogado todas as fases depois de ser lançado e agora, quatro horas depois eu havia subido duas fases e estava alucinada para ser a melhor naquele jogo. A sensação da qual eu gostava e sentia prazer sempre que jogava algum jogo havia voltado e eu estava inspirada, minha mente vagava de uma pista aqui e uma nova ideia em talvez um Velvet Volume 2. Aquilo certamente ocuparia muita parte da minha vida social – que eu já não tinha – e minha vida acadêmica.

Na terceira rodada eu escolhi um grupo, eram dois personagens homens apesar de eu achar que o nickname Lidymu era uma mulher. Nós tínhamos achado as quatro pistas iniciais e invadido varias corporações inimigas quando a Lidymu morreu pelo grupo rival e eu e Maximuskill tivemos que escapar pelo bueiro da cidade subterrânea – o que na época fez sentido na minha cabeça.

"Maximuskill: Vamos deixar as invasões pro final e coletar só as pistas agora"

Meu colega de partida digitou na caixa de conversa no lateral esquerda da tela e não respondi, apenas o segui para a próxima casa aberta do mapa, após entrarmos e vasculharmos a procura de algum intruso eu deixei meu personagem em um dos quartos da casa e levantei da minha cadeira agora não tão confortável e segui para a cozinha procurando por mais café.

VELVETWhere stories live. Discover now