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     — Café da manhã! — foi a primeira coisa que Ramona ouviu quando acordou, logo antes da claridade que entrou pelo seu corpo, a fazendo franzir o cenho, ainda de olhos fechados

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     — Café da manhã! — foi a primeira coisa que Ramona ouviu quando acordou, logo antes da claridade que entrou pelo seu corpo, a fazendo franzir o cenho, ainda de olhos fechados.

Ramona mal havia dormido esta noite. A ruiva chegara no internato durante a madrugada, e ainda estava em estado de choque por conta dos últimos dias.

Após o "ocorrido" em sua casa, seu pai não demorou um minuto para mandá-la para longe, bastiu uma ligação. Parecia até que o mais velho já planejava se livrar de sua filha bem antes.

Seu pai tinha apenas uma preocupação: Ramona contar algo a alguém. Mas graças ao estado da garota e a mentira que ele havia inventado para as freiras do internato — que ela estava conturbada e as vezes via ou imaginava coisas que não eram reais —, ele havia ficado muito mais tranquilo.

     — Isso aqui não é retiro de férias, ninguém virá te trazer café na cama — disse a freira que tinha ido "acorda-la" ao perceber que Mona provavelmente não levantaria para o café — Se quiser comer, trate de ser breve.

     Ramona lentamente dirigiu seu olhar para a senhora na porta. Seu rosto ainda estava inchado por conta de todo o choro, a garota mal conseguia abrir os olhos.

     — Te aconselho que coma, você está completamente sem cor — a mulher virou o rosto, como se fosse para enxergar a garota melhor — Pobrezinha, está pálida! Deveria comer mais cenouras.

     Após ouvir isso, Ramona voltou lentamente seu olhar para o teto. Na verdade, "ouvir" é uma palavra muito forte. A verdade é que ela não havia entendido uma palavra, sua cabeça estava muito confusa.



     Mesmo sem fome e sem estômago para comer por ainda estar revendo a cena de sua mãe morta em sua cabeça, a ruiva decidiu se levantar da cama e ir pelo menos tomar algo.

     O refeitório estava cheio de meninas usando uniformes sem graças — que Mona ainda não usava por ter chegado a pouquíssimo tempo. Aquilo era uma zona, por mais que as freiras tentassem de todo jeito manter a calma e a cautela.

     Estar sem o uniforme parecia deixar uma seta enorme por cima da cabeça de Ramona, deixando claro que ela era novata, já que muitas meninas a olhavam.

     Apesar dos olhares, ninguém chegava perto de Mona, a não ser uma garota de cabelos grandes e negros e olhos azuis. Ela era realmente muito bonita, mas o uniforme a deixava sem cor.

     — Olá, eu sou Érica Sinclair — a garota estendeu a mão para Ramona, que demorou alguns seguntos para aperta-la — Não fique aí parada! Venha!

Mona saiu do canto que estava observando tudo e seguiu Érica. A garota parecia animada. Para Ramona, animada demais.

— Você pode se sentar em qualquer mesa, mas eu não recomendo qualquer uma — a morena disse baixo enquanto andava ao lado da novata — Eles não levam a comida até você, então você mesmo tem que pegar.

As duas foram andando até uma pequena fila que dava para o espaço — um tanto imundo — onde a comida era servida.

Assim que chegou na vez das garotas, Érica pegou uma bandeja cinza esverdeada da pilha de bandejas cinzas esverdeadas e entregou para Ramona, pegando outra bandeja logo em seguida.

— É aqui onde colocamos a comida.

Mona olhou para a bandeja com vários repartimentos e depois olhou para as comidas expostas, logo sentindo seu estômago revirar. É aqui que vou comer pelo resto dos anos?, a ruiva se perguntou.

Érica estava na sua frente, então seria servida primeiro.

— Apenas o bolo de carne e ervilhas — ela disse para a mulher muito magra para alguém que cuidava das comidas e que tinha uma berruga um tanto peluda em sua bochecha, a mulher que estava servindo todas as garotas — Sem purê de batatas, por favor.

A mulher encarou a Sinclair e então sem nem mesmo ver o quanto estava pegando, colocou um punhado de purê de batatas no prato da morena. Ramona podia jurar que quando a concha bateu na bandeja fazendo aquela ameba cair na mesma, ela ouviu um "ploc".

Ela colocou também o bolo de carne e as ervilhas. Na verdade, não tinha muitas opções assim.

Mesmo após a merendeira ter ignorado o pedido para não colocar o purê, Érica continuava entusiasmada, o que irritava muito Ramona.

Érica também pegou um copo — que por sinal também era cinza esverdeado, assim como todos — de suco e caju aguado — que colocou no compartimento da bandeja que era especialmente para copos — e uma sobremesa — que era uma fatia de mamão.

— Eu não estou com fome — Ramona disse para a mulher magrela demais ao chegar na sua vez — Vou ficar só no suco, obrigada.

A mulher ignorou Ramona assim como fez com Érica e então encheu sua bandeja com purê e bolo de carne.

— Aqui ninguém fica sem comer, melhor ir se acostumando — disse a mulher, fazendo Mona torcer o nariz — E é melhor essa bandeja estar vazia quando voltar.

𝗕𝗨𝗥𝗬 𝗔 𝗙𝗥𝗜𝗘𝗡𝗗  †  original Onde histórias criam vida. Descubra agora