Brincando com fogo

8.2K 730 16
                                    

Estendi a mão e o encarei esperando que meus olhos dissessem para se manter longe, mas o dele não dizia nada além de polidez.

O elevador parou e percebi que os dois moravam um de frente para o outro, nada bom. Se despediram e logo Elena abriu a porta de seu apartamento, colocando seu corpo de lado e me dando passagem.

Assim que entraram, John notou que o apartamento era como o prédio, simples, mas bonito e com uma decoração de bom gosto.

–Só um minuto, não aguento ficar em cima desses sapatos por nem mais um minuto.

Ela disse se encaminhando para o que ele julgou ser um corredor que levaria ao quarto o deixando sozinho no meio da sala.

Aproveitou para bisbilhotar as coisas ao redor. Viu porta-retratos com fotos em que ela aparecia sorrindo como nunca a havia visto fazer.

Elena se apoiou contra a porta e após respirar fundo, levou a mão aos olhos.

O que estou fazendo? Ela sabia, sentia falta do contato, de flerte. Depois do imbecil do seu ex se fechara para qualquer relacionamento. Aquilo não era tão clichê? Fora simplesmente magoada como qualquer outra mulher, mas a diferença entre ela e todas as outras é que aprendia com seus erros e que a medida que o tempo foi passando se fechou cada vez mais para o amor.

Ela queria estar sempre no controle, preferia magoar a ser magoada e não se importava em mentir. Ela às vezes era um monstro e sabia disso. A questão é que, diferente do que disse a John, queria um relacionamento,  o problema é que velhos hábitos não morrem facilmente e estava cansada de seus casos superficiais. 

Decidiu parar de se preocupar, não teria nada com ele. E mesmo que tivesse, aquilo terminaria da mesma forma de todos os outros: em nada.

Se dirigiu a sala e o pegou olhando para suas fotos. 

– Ninguém te ensinou que é feio ficar bisbilhotando as coisas dos outros? - Ela disse fingindo um tom sério, mas com ar divertido.

Ele se virou calmo, como se não tivesse fazendo nada de mais.

– Não. - John respondeu sem vacilar.

Ela sorriu, mas ele teve vontade de ver aquele sorriso das fotos direcionado a ele.

– Vou preparar seu café. - Elena decidiu a fim de não ficar encarando aquela bonitas feições como uma idiota.

 Seguiu para a cozinha com ele em seu encalço, se movia com leveza e naturalidade pela espaço e logo o cheiro inconfundível de café encheu o ar.

O serviu e se serviu de um suco.

– Não vai tomar café? - John questionou curioso sentado a sua frente na bancada.

– Tomo café só pela manhã ou quando preciso acordar.

Ele concordou com um aceno de cabeça e provou da bebida, estava uma delícia.

– Muito bom.

–Obrigada. - ela disse simplesmente.

– Mora aqui há muito tempo?

–Não, dois anos.

- Entendi.

Conversaram trivialidades enquanto tomavam o café e no momento em que ela se levantou e colocou os utensílios usados na pia se viu presa entre os braços poderosos e a mesma.

- O que está fazendo? - Elena perguntou surpresa.

- Seguindo um impulso.

-Normalmente impulsos não terminam bem. - Tentou manter sua postura determinada e tranquila, apesar do calor que a proximidade do corpo forte lhe trazia.

- Então esse será uma exceção.

Sentiu uma das mãos dele em sua cintura a obrigando a se virar enquanto a outra lhe adentrava os cabelos aproximando a boca dos dois...

-Não fa...

Mas era tarde demais, ele assaltou sua boca não lhe dando escolha. John beijava de forma voraz, determinada, exigia resposta e não havia como negar. O gosto dele a intoxicava, não conseguia raciocinar, queria continuar a beijá-lo sem pensar nas consequências. Ele aumentou o aperto, os dois gemeram com o atrito dos corpos.

Ela estava perdida e ele mais ainda. Iria levá-la pra cama de qualquer jeito, estava faminto e não havia outra forma de acabar com aquilo. Descontrolado, a levantou e a sentou na bancada, subiu sua saia até que ele pudesse estar no meio de suas magnificas pernas, parecia um adolescente afobado que não sabia no que tocar primeiro. Assim que estava próximo o suficiente, ele empurrou e a sensação de seu pau indo de encontro ao centro dela, quase o matou. Meu deus! A queria nua, ali msm.

Mas então ela se afastou e ele quase gritou em frustração.

Os olhos dela brilhavam desfocados, o desejo estava ali, cru, selvagem. A respiração dos dois alterada...

- Droga! - Elena exclamou e começou a se ajeitar e afastá-lo.

Ele não queria isso, logo a pressionou de volta e pôs seus braços de cada lado dela.

- Não, não venha com essa agora. Não negue o que você quer.

Ela olhou a raiva nos olhos dele e sentiu a sua própria crescer, não é porque a atração que sentiam era forte assim, que deveria rolar na cama com ele.

- Sai de perto de mim!

Elena o empurrou e rapidamente se afastou dele.

-Elena pelo amor de Deus, você é uma mulher adulta não tem porque ficar negando ou fazendo joguinhos!

Ela o fuzilou com o olhar.

-Acha que é isso o que estou fazendo? Mas é um imbecil mesmo. Pois como mulher adulta estou dizendo que não quero nada com você e pedindo para que saia agora!

ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora