Dahyun piscou várias vezes para sair do transe e o contato visual foi quebrado. Pela alça, ela pegou a mala no chão e começou a caminhar pela calçada molhada até a garota bonita sentada nas escadas da danceteria que seus pais vez ou outra frequentavam. Não sabia o motivo de estar indo até a garota, ela não parecia nada simpática e observava as pessoas com uma expressão horrenda de desprezo, mas quando Dahyun percebeu, já estava próxima o suficiente, olhando para baixo e sendo observada de volta com a mesma expressão ruim enquanto posicionava o guarda-chuva para que ambas fossem protegidas.
— Você está se molhando, moça... – disse o óbvio, procurar boas palavras era algo que não fazia parte de si.
— Não me diga? – Sana respondeu sarcástica e soltou uma risada nasal breve.
— Não seja rude, só estou tentando te proteger. Pode ficar doente, a chuva está forte.
— Então, obrigada...? – não completou por não saber o nome da outra.
— Dahyun. E você?
— Minatozaki Sana.
— Prazer, Sana... – tentou dizer, mas o nome saiu de seus lábios em um sussurro.
Com a mão esticada, Dahyun mordeu seu lábio inferior, percebendo que aquele nome soava perfeitamente. Era uma boa pronúncia, parecia diferente e combinava com o estilo nada comum dela. Em resposta, Sana apenas virou a cabeça para desviar o olhar, riu novamente e não apertou a mão de Dahyun de volta.
— É, pode ser.
— Qual o problema? – Dahyun abaixou sua mão, desistindo do cumprimento. Estava preparada para xingar a garota bonita caso fosse necessário, porque absolutamente ninguém ria ou zombava dela.
— Você é tão patricinha, tão metida... Não combina comigo, não entendo porque veio até mim.
— Primeiramente, não sou nada do que você disse! – se defendeu rude. – E eu vim porque tenho um bom coração e quis te ajudar, você nem se preocupou em pegar um guarda-chuva.
— Certo, então obrigada pela grande ajuda, senhorita Dahyun! – a ironia começava a ser recorrente entre as duas, mas a coreana era ingênua demais para perceber todas as vezes que aquele tom era usado. – Sente-se, é uma pena que não temos duas xícaras de chá, não é mesmo?
Dahyun revirou os olhos antes de se sentar ao lado da outra no último degrau. Para que não se molhassem, precisou encostar seu ombro no dela e segurar o guarda-chuva entre seus corpos.
— Eu só estava te ajudando e pensei que poderíamos ser amigas, porque você também parece perdida, mas se está incomodada ou vai me tratar mal, posso ir embora.
A brincadeira então havia acabado. Se continuar sendo sarcástica e brincando com a ingenuidade da tal Dahyun significaria perdê-la e não tê-la para si aqueles dias, então precisaria tratá-la melhor. Não que se importasse com a presença daquela personalidade ao seu lado, mas isso estava atrelado a um corpo bonito, precisaria se comportar para merecer.
— Me desculpe novamente. – Sana olhou para a garota ao lado para perguntar: – Quantos anos tem, Dahyun?
— Tenho dezessete e você?
— Dezenove – respondeu e sentiu uma pontada de dor de cabeça acompanhada com um esforço maior para respirar. Infelizmente, a ansiedade estava próxima, mas felizmente sabia muito bem como se acalmar. – Você tem cigarros aí? – deu uma pausa e bufou. – Pff, é claro que você não tem, esquece.
— Por que eu não teria? – Dahyun questionou curiosa enquanto Sana puxava o penúltimo cigarro de um maço preto. Ela não aparentava fumar, mas ao olhá-la melhor, realmente toda aquela maneira de se vestir denunciava que talvez ela fumasse até mais do que apenas cigarros.
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Sana is Broken | SaiDa
FanfictionO primeiro encontro entre duas pessoas de culturas distintas nunca é confortável. Sana estava quebrada, foi despedida de seu emprego e vagava com seu maço de cigarro pelas ruas de Busan, cidade que decidiu visitar com as últimas notas que lhe sobrou...