Sim, sua majestade.

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A temperatura no barco estava agradável. O sol já havia baixado de seu ápice há pouco, restando apenas o calor que era abrandado por uma gentil brisa fresca. O navio era de madeira branca, com acomodações delicadamente projetadas para acomodar a família real.

O jovem príncipe se encontrava no meio do convés, apreciando o céu azul que o envolvia durante o dia precedente de um dos dias mais importantes de sua vida. O retorno apressado para sua casa após uma negociação com o reino Kyushu, também conhecido por reino do fogo, graças às costumeiras altas temperaturas. Como logo seria coroado como o próximo rei do reino Hokkaido, precisava se reafirmar nas relações com a nova geração de governantes, amigos seus de outros verões.

A noite logo se coloca sobre sua cabeça, conduzindo-o até o seu quarto onde ficou observando a madeira desenhada com padrões delicados que lembram flocos de neve. Por algum motivo, mesmo que fosse uma sensação vaga, parecia que algo faltava. Mesmo podendo comprar tudo, ir onde desejasse, ainda sentia um pequeno vazio. Não sabia dizer o que seria, mas não se sentia completo.

Entre pensamentos profundos sobre suposições, acabou adormecendo em um sono inquieto. Não poderia permanecer com essa dúvida, afinal, em breve teria de guiar uma nação inteira. Seus pensamentos fugazes, costumeiros da primeira fase do sono, são interrompidos por sons de passos apressados na parte superior do navio.

Desnorteado, o jovem de cabelos cinzas se coloca de pé e se dirige para a porta do cômodo, não sem antes apanhar a sua adorada katana. Logo que toca a empunhadura, a lâmina passa a emitir o costumeiro brilho azul, sinal de que sua magia havia começado a percorrer o frio metal.

Com passos rápidos e decididos, se retira de seus aposentos, dirigindo-se até a área do convés. Vozes até então desconhecidas gritavam palavras de ordem ou apenas interjeições de dor. O mais silenciosamente possível, tentou se aproximar dos desconhecidos mais próximos. Não tentaria conversar, afinal, já desconfiava do que eles seriam e teria a certeza de fazê-los se arrepender por escolherem o dia e embarcação errados para atacar.

Sua lâmina, fria e impetuosa, refletia o seu contraditório estilo de luta. Apenas, mais uma vez, reforçando o seu título de Príncipe dos Campos de Neve. Uma grande onda de ar frio já o cercava e tomava conta de toda a atmosfera, cobrindo com névoa fina os corpos que apenas caiam e iriam se amontoar diante de si.

Seus sentidos, ampliados pelo frio criado por sua magia, lhe indicavam que haviam pelo menos mais vinte invasores, considerando que houveram apenas as oito baixas confirmadas de sua tripulação.

Correndo por entre os corredores apertados da embarcação, eliminava sem piedade qualquer pirata que encontrava. Conforme avançava, atualizava os números no seu quadro mental. Tudo isso veio por terra quando alcançou o convés. Toda a comitiva responsável por guardar o navio principal havia sido destruída, restando em pé apenas a que se encontrava. Seus olhos afiados confirmam a morte de todos os tripulantes, o colocando no pior cenário possível. Respirando profundamente, avança, se utilizando de todo o treinamento que teve a sua disposição durante toda a vida. Por serem pegos de forma despreparada, o elemento surpresa resultou em uma redução de cinco integrantes de uma vez só, sendo auxiliado de mais duas mortes por conta de lâminas secundárias de gelo formadas por sua magia.

Tudo estava correndo de forma como foi planejada, porém, algo não havia sido contabilizado, ou melhor, alguém. Um jovem que havia chego por trás, o nocauteando.

- Parece que conseguimos um dos grandes. - Foi tudo o que o jovem herdeiro conseguiu ouvir antes de apagar.

Conforme foi recobrando a consciência, a primeira coisa que conseguiu perceber em relação ao seu redor foi o cheiro. O cheiro forte de peixe podre e outras coisas indistinguíveis por cima. Após quase vomitar tudo o que tinha no estômago apenas por reflexo, uma pontada de dor de cabeça o fez voltar a sua realidade, só então sentiu a sensação da corda envolvendo seus punhos. Com isso, se lembrou a partir de alguns flashes o que havia acontecido um tempo antes.

Yes, Your HighnessOnde histórias criam vida. Descubra agora