02 - Memórias

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Andrew ficou por 15 minutos acordado vasculhando suas memórias e ao sentir cansaço acabou dormindo por duas horas.

Ele conseguiu organizar boa parte das memórias nos 15 minutos que esteve acordado e agradavelmente ao dormir, assimilou por completo suas memórias.

"Aos 12 anos em uma certa noite, meu pai entrou pela porta do meu quarto, bêbado e sob efeito de entorpecentes como sempre. Ele sentou ao meu lado em cima da cama e começou a acariciar tanto meu corpo quanto minhas partes íntimas.. Aqui minhas memórias tinham embaçado, mas agora consigo lembrar como se fosse ontem.

Ele tirou minha roupa e em seguida a sua, minha mente estava em branco. Ele se aproximou e aparentemente estava tentando forçar seu pênis em minha boca.

Nesse momento senti como se algo tivesse quebrado, não parecia que fosse algum membro ou órgão meu, mas senti que o que for que tivesse quebrado, definitivamente quebrou dentro de mim. 

Como um jarro de barro com seu conteúdo ultrapassando o limite aceitável, assim aparecendo rachaduras e finalmente se despedaçando.

Eu abri minha boca inconscientemente facilitando a entrada e fechei com toda minha força, ignorando o grito que soou com a boca ainda fechada virei a cabeça para os dois lados freneticamente como se fosse um pit bull puxando um pedaço de carne da mão do dono.

Sangue jorrou no chão e em cima de mim, eu cuspi a mistura de carne e sangue no chão e cai para trás.

Eu estava inesperadamente.. Calmo.

Eu vi meu pai ajoelhado tapando com as duas mãos o meio de suas pernas que continuava a vazar sangue e senti o sangue do meu corpo inteiro entrar em ebulição.

— SEU FEDELHO BASTARDO?! AHHHHHH!!

— DEPOIS DE TODO ESSE TEMPO TE SUSTENTANDO E DANDO UM ABRIGO É ISSO QUE VOCÊ FAZ COMIGO?! EU NEM MESMO SEI SE VOCÊ É A PORRA DO MEU FILHO, CONSIDERANDO O TANTO DE HOMENS QUE SUA MÃE TREPOU.

Enquanto meu pai gritava como um porco morrendo, brotava um sentimento satisfatório dentro de mim, mas após um tempo observando fiquei com tédio.

— Tudo o que você sabe fazer é gritar e me ameaçar enquanto segura o resto do que você chama de pau?

—Ahn?!

— Sabe eu já pensei em acabar com a minha vida, mas por que eu devo me matar? E nesse momento eu descobri algo magnífico, eu não preciso morrer se eu te matar não é mesmo? Hahaha

Enquanto gargalhava chutei o pé da cama de madeira podre e o segurei com a mão na parte mais composta deixando a parte afiada para fora.

Comecei lentamente andar em direção ao meu querido papai, como um bebê aprendendo a andar pela primeira vez.

— Não! Saia de perto! Não venha, por favor. POR FAVOR NÃO!!!!

***

"Após esse dia, minha mãe fugiu para algum lugar do mundo e fui levado pela policia, que me encaminhou para um psicologo e depois a um detento juvenil por um tempo.

O psicologo afirmou que eu não estava em uma condição mental segura para a sociedade e a mim próprio.

Depois de algum tempo eu sai da 'prisão juvenil' e tinha exatos 15 anos.

Foi declarado que eu estava apto a retornar a sociedade, tudo já estava encaminhado e eu iria morar com minha vó.

Mas se você parar para perguntar se meu estado mental mudou muito desde aquela época, eu lhe responderia.. definitivamente não!

O que mudou foi meu comportamento adotado perante as pessoas e a sociedade. Não é difícil fingir que esta bem por fora, difícil é enganar a si próprio.

Comecei a frequentar a escola, não era difícil se encaixar com pessoas da minha idade e forçar alguns sorrisos falsos que a partir de algum ponto, não eram nada diferentes de um verdadeiro.

Um dia eu vi um aluno sendo humilhado por outro, acho que isso era o tal bullyng que acontecia em escolas. Não me sentia no dever de ajudar-lo mesmo sabendo que eu tinha capacidade para isso.

Como não tinha nada de interessante para fazer no meu tempo encarcerado, minha atividade mais frequente eram exercícios físicos e lutas aprovadas pelos superiores entre os 'jovens infratores'.

As lutas eram monitoradas, então não era nada brutal como seria em locais com pessoas como eu, que fizeram algo de errado para estarem lá.

Então decidi ignorar o que estava acontecendo e continuei no meu caminho passando ao lado deles.

Mas de repente minha visão mudou rapidamente e quando fui ver tinha batido com a cara no chão.

— Opa, me desculpa. Eu estava tão cansado de chutar esse merdinha aqui, que decidi alongar minha perna um pouco.. mas quem poderia imaginar que você seria tão cego ao ponto de tropeçar nela. hehe

Ao levantar minha cabeça com o nariz começando a escorrer sangue, ouvi o maior garoto dos três que estavam em volta do garoto no chão, falar em minha direção com um leve tom de sarcasmo, na verdade um grande tom de sarcasmo.

Eu levantei, limpei o sangue do meu nariz com o braço, caminhei na direção dele e falei:

— Desculpa eu sou meio desatento e sempre acabo sofrendo acidentes — sorrindo eu levanto a mão para cumprimentar ele — Esse é meu primeiro ano frequentando uma escola, espero nos darmos bem.

— Haha claro vamos nos dar mui-

Bang!

Antes mesmo dele conseguir apertar minha mão, eu levantei meu braço e segurei os cabelos dele com força e rapidamente puxei para baixo acertando sua cabeça com tudo no bebedouro ao lado.

— Desculpa mas eu realmente não consigo suportar essa sua cara, então meu corpo de mexeu automaticamente.

***

Depois daquele dia, eu me envolvi em diversas brigas, durante a escola e todo meu ensino médio.

Mas após terminar a escola, eu percebi o quão merda eu sou e não consegui arranjar nenhum emprego que me contratasse.. além do submundo do crime.

Lutar bem me dava um grande valor em trabalhar como um cobrador de dívidas.

Então passei o resto da minha vida como um cobrador de dívidas, também aceitava pedidos de assassinato por uma quantia adequada.

Certo dia, quando fui cobrar de um cliente que pediu 50 mil dólares emprestado, com juros de 10% a cada mês, sendo esse o seu quinto mês sem arranjar a grana, totalizando 75 mil dólares de dívida.

Obviamente ele não tinha a grana e tentou me empurrar uma tal de 'relíquia' que ele achou em deus sabe onde.

A tal relíquia era um fragmento vermelho parecendo um caco de vidro, não tendo simetria alguma e sendo irregular com uma ponta afiada.

Continha algumas letras desconhecidas bem pequenas por todo o fragmento e se não prestasse bastante atenção nem notaria de tão pequenas que eram.

Minhas memórias acabam exatamente aqui...





Fragmento VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora