Quem sou eu?

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A cada manhã que surge, meus olhos se abrem vagarosamente a querer presenciar o novo dia. Meu respirar segue em sincronia com a minha visão e meu suspirar demonstra cansaço, exaustão de uma vida que me traz mais frustrações do que qualquer outra coisa.

Aguço a minha audição a ouvir os pássaros a cantarolarem, revelando o contentamento com o novo dia que apareceu a eles. Busco esboçar ao menos um sorriso, mas mal os músculos da face se mexem, porém preciso esforçar-me se eu quiser conseguir obter um dia normal, no entanto, eu não estou normal. Analiso-me frente ao espelho e questiono-me sobre o que farei a seguir. Sei que ele não me responderia; é tão inanimado quanto eu. Sinto-me num corpo programado para ser qualquer coisa menos o que eu realmente desejo. Tento gostar de quem eu sou, porém a palavra fracassada ressoa em meu psiquê como um eco infindável. Talvez esse seja o meu destino e ainda não sei quem poderia ajudar-me. Porventura existe alguém que possa me socorrer antes que Minh' alma sucumba e padeça pela eternidade?

Espelho, espelho meu, que me traz à tona quem sou eu, mas toda vez que olho através de ti, penso se irei amar a mim mesma como eu simplesmente sou. Mas ainda preciso me recordar. Há algo que preciso lembrar.

(...)

A comida desce como um bocado de pedras por meu esôfago e ao chegar no estômago parece fazer-me mais mal do que bem. Ainda assim, esforço-me a fazer uma simples refeição. Ao menos a água traz um refrigério, e, cada gole que dou, devolve-me um pouco da força que fora tirada de mim enquanto eu dormia. Não anseio que meu fôlego cesse de maneira alguma, mas a amargura de meu ser só faz-me pensar que não viverei mais um dia para ver o futuro.

Tento memorar do que é importante e meus neurônios desfalecem a cada instante que passa. Do que eu preciso recordar-me afinal? E, como uma luz, em minha pequena mente, ainda lúcida, lembro de Deus. Sim! De onde virá o meu socorro? Daquele que fez os céus e a terra. Como eu pude esquecer dele? Do meu Criador? Do meu Pai? Sejas tu, ó Deus, o meu consolo, o meu ajudador. Ajude-me a lembrar quem eu sou. Ajude-me a ver que tu me amas, que eu não estou só. Ajude-me a gostar mais de mim!

(...)

À tarde estou eu mais risonha. Miro o céu, e, de repente, ele parece estar com mais cor, mais vida. Uma linda combinação de gases que nos permitem um majestoso vislumbre de parte do que Deus deixou para nós.

Uma brisa passa por mim e essa é tão suave que me faz querer flutuar. É apenas a Minh' alma ansiando por leveza. Dê-me asas e eu voarei mais alto que eu puder, mas sei que não me darás, não desta maneira.

(...)

A noite traz consigo as estrelas, ou apenas o brilho delas que viajam anos-luz para se achegar a nós. Elas morreram para poderem brilhar, mas nós não podemos ser como elas. Eu não serei como elas. Eu irei viver para ver a beleza desta vida porque eu não estou só. Alguém nesta terra me ama mesmo que eu não o veja e apenas o verei no tempo que ele tiver determinado para mim, pois ceifar a minha vida para apressar este encontro não seria o correto e eu nunca iria vê-lo como gostaria, porquanto minha eternidade junto a ele não seria. Estaria condenada a perecer para sempre.

Mais uma vez estou diante do espelho e murmuro: Espelho, espelho meu, que me faz ver quem eu sou e eu apenas sou alguém que irá sorrir no próximo amanhecer. Você não precisa me responder espelho, espelho meu; porque eu já encontrei a resposta. Ela estava em mim o tempo todo e eu só precisava recordar novamente. Apenas necessitava enxergar além. Não tem porquê eu continuar vendo translúcido quando posso mirar com clareza. E é por isso espelho, espelho meu, que tu não falas, pois sou eu quem tenho que dar a voz. E esta é a minha voz: DEUS.

Quem sou eu? Eu sou quem eu sou. Eu sou alguém que pertence a um Pai que tem muito amor para me dar. Eu sou alguém que precisa mudar, mudar apenas para Ele porque não importa o que as pessoas pensam de mim e nem como elas me veem e, sim, como eu me vejo, mais ainda como Ele me vê. Sou alguém que necessita enxergar além todos os dias. Que precisa deixar a alma respirar, sossegar nele: EM DEUS.
No fim é e sempre será ele: DEUS.

Esta sou eu, espelho, espelho meu.

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Este é só o primeiro capítulo.

Espelho, espelho meu (Conto)Onde histórias criam vida. Descubra agora