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Jennifer

A sensação de alívio que percorre meu corpo após a fala de Mark é quase indescritível. Sinto meus ombros relaxarem e quase toda a tensão do meu corpo se esvai. 

Um suspiro escapa da minha boca e jogo meus braços em torno de Mark, apertando-o contra meu peito como conforto. Parece o fim de um pesadelo.

As mãos de Mark acariciam meus cabelos e ele sussurra contra o meu ouvido:

- Está tudo bem. Está acabando.

Ele se afasta um pouco, segurando meu rosto e o inclinando para o seu. Seus olhos estão serenos e ele força um sorriso aconchegante.

- Nada vai acontecer com você ou nossa filha, tudo bem? - Balanço a cabeça em concordância - Vem aqui - Me puxa novamente para si.

Permaneço ali em seus braços, dando-me o luxo de me sentir, enfim, em segurança.

- Acabou? - Questiono após algum tempo. Não movo um músculo sequer, mais do que familiarizada com o toque de Mark e temendo que aquele aconchego acabe.

Mark demorou a responder. Senti seu peito inflar, em uma respiração profunda, antes da minha pergunta ser respondida.

- É provisório - Todos os pelos de meu corpo se arrepiam e em um solavanco me afasto encarando para ver seu rosto. Ele segura minhas mãos, as acariciando, sua afeição é passiva e posso ver o quão tenta me acalmar pelo tom de sua voz - Mas tudo indica que ela não vai sair de lá. Está mantida pelas provas que consegui e ao que parece vestígios finalmente encontrados no caso de Marques, é mais do que o suficiente. Felix está entrando em contato com um advogado para ter mais acesso a mais informações.

Respiro fundo, meus olhos ainda arregalados.

- A outra morte? - Refiro-me a que estive presente.

- Vão precisar de você Jennifer - Arqueio as sobrancelhas.

- Vão me prender?

Mark balança a cabeça em negação, tranquilizando-me.

- Você é uma testemunha. A policia não estava ciente desse crime, creio que vão precisar de você para relatar tudo o que houve e o mais importante... se sabe onde está o corpo.

Engulo em seco. Acalmo-me com a palavra testemunha.

- Tem certeza disso? - Sinto minha boca seca - As provas mostram o contrário - As palavras saem estremecidas.

- Tenho certeza. O áudio gravado revela que Zoe alterou a cena para te incriminar, isso basta para a polícia, Felix me prometeu isso.

Assinto com a cabeça mais para mim mesma do que para ele.

Somos levemente assustado por uma mão que repousa sobre as nossas. Encaro a dona da pequena mãozinha e vejo Jessie. Ainda sonolenta ela esfrega os olhinhos e dá curto sorriso ao ver o pai, logo pedindo colo, tendo o pedido atendido.

- Poquecholando mamãe?

É ouvindo a fala da minha filha que noto meu rosto úmido. Rapidamente o seco, livrando-me das lágrimas que desceram sem que percebesse.

Sorrio para minha filha, tentando me concentrar somente nela nesse momento.

- A mamãe só se emocionou com o papai - Forço um sorriso e vejo Mark fazer o mesmo.

Ele coloca um dos braços a minha volta, o outro com Jessie no colo e beija minha têmpora delicadamente.

- Amo você.

Nesse momento eu sorrio e dessa vez com sinceridade.

###

Algumas horas depois, havia sido convocada para dar meu depoimento. Cada nervo de meu corpo se despertou em puro nervosismo e acho que nunca gaguejei tanto ou me estremeci quando relatei todo o ocorrido.

Falei o local onde tudo havia acontecido, o lugar que nunca teria coragem de pisar novamente, mas não aceitei ir até lá com os policiais e como não era obrigatório não fui intimada a isso para minha sorte.

Chorei quando a foto da vítima foi posta sobre a mesa em um cartaz de desaparecimento. Quando reconheci aqueles olhos todo o meu corpo se estremeceu, tendo o consentimento de que de fato se tratava de um jovem que teria a vida inteira pela frente se Zoe não tivesse cruzado seu caminho.

Diariamente eu gastava tempo em uma batalha contra minha mente, tentando me convencer de que aquilo não minha culpa. Eu não era a assassina afinal. Mas o motivo... O crime foi influenciado por mim, se tivesse me afastado de Mark como Zoe havia falado, ela nunca o teria matado.

O investigador do caso me encarou após me dar a liberação no fim do depoimento. Estava junto a Felix e minha advogada, Nelly, arrumada por Logan por ser uma pessoa de confiança, a que tratou de seu caso quando foi preso. Mark me aguardava do lado de fora e Jessie estava junto ao tio em sua casa, provavelmente brincando com Sky.

Ao sair da sala, meus logos avistaram o rosto de Zoe. Ela estava algemada sendo encaminhada por um policial no corredor, em direção a onde estava.

Meu corpo se atiçou, mas não de tristeza e remorso, mas de puramente ódio. Eu sentia meu sangue ferver em minhas veias e senti meu mundo se desfocar, meus ouvidos perdendo a audição, ignorando todas as vozes a minha volta. 

Desvencilhei-me de mãos que nem ao menos sabia a quem pertencia. E em momento algum desviei os olhos do meu foco. Dela.

A passos fortes e duros, meus olhos puramente em chamas, parei em frente a Zoe vendo seus olhos se inquietarem. Meu atos foram rápidos e coloquei toda minha força, todo meu ódio no tapa que lhe desferi em seu rosto.

Seu rosto virou para o lado, sua pele branca agora ruborizada, marcada em vermelho por minha mão, os cinco dedos bem definidos e harmonizados na sua face.

- Sua vadia! - Disse entre dentes.

Mãos me puxaram pela cintura e não tinha dúvidas de que eram de Mark.

O guarda continuou as passadas, arrastando Zoe, que nem ao menos teve a coragem de me encarar, para um ala ao lado da sala em que estava. A ala dos detentos.

-Ei! Ei! - Mark segurou meu rosto e o encarei - Acabou! 

Levantei uma sobrancelha e olhei Nelly e Felix ali presentes em busca de uma resposta.

- Zoe se entregou, ela revelou o local onde o corpo estava. O calibre da bala batendo exatamente com a da pistola que tinha em um quarto de hotel que estava alugando, uma perícia de urgência foi feita e acharam as digitais dela embaixo das suas, indicando que ela as manuseou primeiramente, confirmando o que foi falado na gravação feita por Mark e agora em seu depoimento. Era só o que faltava para o encerramento do caso.

Nelly me ofereceu um sorriso singelo.

- Pode viver normalmente novamente Jennifer - Ela disse.

Meu corpo estava em puro choque, como se estivesse anestesiada em um misto de felicidade e descrença. Quase imóvel, virei-me para Mark e vi o sorriso mais lindo que poderia ver em seu rosto. Um sorriso de orelha a orelha.

Então minha ficha caiu.

Eu sorri, sendo abraçada por ele. Meus lacrimejando por pura felicidade.

- Acabou Jennifer! Isso tudo acabou! 

E ali, nos braços de Mark, eu vi a luz no fim do túnel chegar até mim. Eu vi o recomeço.

Penúltimo capítulo chegando pra vocês! Votem e comentem. É sempre uma honra terem vocês perto, ainda mais com um projeto quase concluído. 


RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora