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Mark Tate

A ansiedade me consume e posso sentir minha cabeça a mil, os pensamentos a tomando. Meu inconsciente questionando repetidamente, Como fui tolo de cair nisso? Como cogitei de fato acreditar nessa farsa? Como permiti essa mulher adentrar a minha vida?

Bato na porta constantemente, mais nervoso do que gostaria. Preciso falar disso com ela. Preciso de seu apoio.

Quando a porta se abre meu coração se acalma instantaneamente. São o par de olhos abaixo de mim que me chamam a atenção e em seguida o sorriso banguela que é a coisa mais importante da minha vida. 

Mesmo com a situação, não posso evitar sorrir. Encarando agora a dona dos olhos a minha frente, a expressão surpresa ao me ver a postura rígida, apenas meneio a cabeça em cumprimento antes de me agachar e tomar Jessie nos braços.

-Papai! - Ela grita, enquanto fala perfeitamente. É como canção para mim e tenho que me forçar a não esquecer do real motivo de estar e de toda a confusão em que me meti e levei a mulher que amo e minha filha junto a mim.

Dando um beijo na bochecha da minha filha que sorri ainda mais, apertando minhas bochechas com suas mãozinhas, tomo a liberdade de entrar um pouco mais na casa. Com alguns passos me vejo no interior da sala.

Jennifer fecha a porta atrás de nós. Ela engole em seco antes de voltar sua atenção pra mim e mal tenho tempo de falar quando ela abre a boca para fazer o mesmo.

- Fico feliz que tenha vindo ver Jessie. Espero que esse seja o único motivo pelo qual tenha vindo aqui e aconselho a sair com ela.

Enrijeço o maxilar, ciente de como está fechada de qualquer tentativa minha de aproximação. É explicita a maneira como está na defensiva e expõe.

-Temos que conversar.

Ela cruza os braços.

Nos meus braços, Jessie se sacode, pedindo para que a coloque no chão para que possa brincar em meio aos inúmeros brinquedos espalhados no tapete. A coloco no chão e a encaro quando puxa uma de suas bonecas e a abraça, os olhinhos logo se voltando a mim. Tamanha inocência que mal percebe o clima tenso entre mim e sua mãe.

-Depois vém binca comigo papai!

-É claro! - Me aproximo um pouco para acariciar seus cabelos, mas logo encaro Jennifer novamente. 

Ela gesticula com a cabeça para irmos até o seu quarto. Provavelmente, pensando como eu que Jessie não precisa presenciar nossa conversa, mesmo que nenhum de nós tenhamos a intenção de discutir.

Nos afastando, confiro mais uma vez Jessie a vendo brincar, entretida, então ando pelo pequeno corredor, atrás de Jennifer, até entrar em seu quarto.

-Pode falar. Mas eu espero que não sejam os assuntos já resolvidos. Não quero voltar a esse ponto.

-Não acredito e nem vou conseguir acreditar no que disse. - Ela desvia o olhar impaciente - Foi uma desculpa e você sabe muito bem o porquê.

-Não foi uma desculpa, Mark. Você deve aceitar isso e sumir da minha vida. Ela estava bem melhor antes de você aparecer!

Contrario o rosto em descrença, balançando a cabeça em negação.

-As coisas começaram a dar errado por conta de Zoe e sei muito bem que é esse o motivo pelo qual se afastou - Vejo como seu corpo se repele pelo simples fatos de tocar no nome de Zoe, seus olhos se inquietam e sua postura só confirma minhas suspeitas.

-Eu decidi isso por conta própria, não por conta dela e mais ninguém! - Cruza os braços mais uma vez.

-Pode contar mentiras para mim, Jennifer. Mas não pode contar para si mesma.

RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora