(c) Três meses na Itália

432 38 4
                                    

Ellora estava desconfortável, isso era visível. Pela primeira vez as pessoas que estiveram por perto desde que ela foi encontrada viram o sorriso da menina fraquejar, mas nem mesmo assim ele abandonou seu rosto. Lentamente ela ergueu seus braços para que pudesse corresponder o abraço que estava recebendo, ela não queria ser mal-educada e vendo a felicidade do homem que a apertava entre seus braços resolveu retribuir mesmo sem entender o porquê daquilo.

Eles se conheciam? O homem então se afastou não o suficiente para que seus corpos se separassem, com um sorriso no rosto mostrando seus dentes levemente amarelados apertou as bochechas da menina com ambas as palmas da mão, seus olhos brilhavam por conta das lágrimas.

- Sei così bella bambina

Ellora ergueu as sobrancelhas em confusão, não entendia as palavras que saiam da boca do homem mesmo que a palavra bambina lhe fosse familiar. Sentia uma angústia dentro de si, ela queria se lembrar, queria poder o responder com o que ele gostaria de escutar, não sabendo o que fazer sorriu tentando mascarar seu nervosismo. Felizmente ou infelizmente estava cercada por perfiladores, que afastaram o homem da garota com a desculpa que tinham que discutir o que ia acontecer agora que Ellora voltou.

Todos ficaram apreensivos quando Lorenzo correu na direção de sua sobrinha, não foi intencional o levar até ela, antes queriam conversar com ambos, os preparar para o encontro, mas Lorenzo a viu pelas janelas de vidro quando a mesma abandonou a sala em que estava para que pudesse beber água.

Ellora manteve uma boa impressão do homem, ele era caloroso e parecia feliz por ver ela e se as pessoas que estavam cuidando dela não o impediram é porque ele não tinha más intenções. Ela se esforçou para entender as palavras que saíram da boca dele mesmo que o mesmo já não esteja presente, fez uma nota mental para assim que tivesse a chance descobrir o significado de bambina.

...

Ela se olhou no espelho novamente, pela quinta vez ela se verificou, ela sentia que não era a mesma pessoa que aparecia no espelho, o sorriso que seu reflexo mostrava parecia ser tão verdadeiro, as roupas que trajava a deixavam com um ar tão sério, era ela vazia, sem personalidade e novamente uma casca com uma roupa que definitivamente não fazia o estilo dela.

Passou as mãos pela camisa tentando a deixar sem amassados olhou para sua calça que era justa na cintura e larga nas pernas juntou as pontas dos pés que agora estavam calçados com um par de tênis pretos. Os pensamentos tão desgovernados foram atrapalhados pela batida na porta do banheiro.

Olhou mais uma vez no espelho e abriu um sorriso, mesmo que agora não houvesse mais necessidade para isso Marcel não estava ali, ele estava embaixo da terra se deteriorando, com bactérias comendo sua carne até que não sobre nada além de ossos e dentes, com suas próprias células se digerindo, um corpo vazio, frio, uma casca que já foi habitada e agora não é nada.

Abriu a porta sorrindo para Agnes, uma estagiária que foi designada para comprar roupas para que ela pudesse passar o dia.

- Eu adorei essas roupas - Ellora disse, recebendo um sorriso da estagiária contente por ter acertado na escolha de roupas. Então seguiu a liderança da mulher que a levou para uma sala que ela já havia estado, ela fez o que foi pedido e aguardou sentada no sofá de couro marrom. Se remexe tentando se acostumar a usar calças pela primeira vez, Marcel sempre a encheu de vestidos, de cores claras, longos e leves, era a unica coisa que ganhava além de materiais artísticos. Parou de se mexer quando ouviu passos perto da porta que logo foi aberta para que dois homens entrassem.

Aaron a deixava intrigada, na verdade, tudo a deixava intrigada. O homem sempre estava sério diferente de sua equipe que em algum momento compartilhou um sorriso com ela, mas naquele momento ele sorriu e ela obviamente sorriu de volta. Ele a informará com seu tio que ela iria passar um tempo com Emily pelo menos até que ela se adapta-se e se estabilize. Se questionou mentalmente do por que não iria ficar com o seu tio, ela não entendia muito da jurisdição do país, mas não era o correto? Ela ficar com o único parente vivo? Ela não precisou perguntar, não que fosse de qualquer maneira, Lorenzo, seu tio, que aparentemente não gosta de silêncio explicou com lágrimas nos olhos que só tinha 3 meses de vida e não queria que ela se apegasse a ele para então ter que experimentar a dor da perda por isso ia passar seus últimos meses na Itália seu país natal. Ele fez uma pausa enquanto segurava nos dois ombros da menina esperando que ela falasse algo, palavras de conforto, qualquer coisa, que compartilhasse lágrimas com ela, mas não ela apenas sorriu e concordou. Lorenzo fraquejou, seus lábios tremeram, enrugou a testa e por um momento seus olhos se desviaram do dela, não por muito tempo antes que ele voltasse a abraçar e chorar em seu ombro.

disclosed, criminal mindsOnde histórias criam vida. Descubra agora