Havia uma pequena vila algures no mapa. E, com plena intenção, essa vila tinha sido mal marcada. Os sábios do reino assim o ordenaram para que aqueles que a procurassem, se perdessem na densa floresta em que se embrenhava.
Porquê esconder uma pequena vila?
Medo. Puro medo.
- Nada é ou deverá ser mais assustador do que o próprio desconhecido - foi decretado por um dos sábios. Tal dizer não era de todo descabido, havia muito que podia ser argumentado com base nele. E...
E aquele "e" era o "e" que ninguém deveria ousar desafiar, mas acabou por ser desafiado. E foste tu, sim, TU!
Desafiaste-o e descobriste o grande segredo que jazia no meio da pequena e escura vila, que não era tão insignificante quanto a tentaram mostrar.
Todos os habitantes da pequena vila viviam na ignorância da sua humildade. Entre eles, não havia grandes ambições ou expectativas, apenas o desejo de ver mais um dia nascer.
Tu, uma pequena criança ou mesmo um adolescente, perdido na curiosidade trazida pela inocência, encontraste um objeto escondido na mansão onde ninguém daquela vila ousava pisar.
Os rumores nas ruas diziam que a mansão tinha sido abandonada pelos seus donos por culpa da doença que os tomara e os amaldiçoara com morte. Como morreram? Difícil dizer. Demasiados anos passaram para que a verdade dos fatos não tivesse sido perdida pelos inúmeros boatos até então transformados em um mito.
O mito da mansão desolada.
"Foram todos mortos pela loucura do pai."
(A loucura... Mas que loucura seria essa?)
O mito da grandiosa moradia, de seis quartos, treze portas e um grande hall de entrada. Ou, como apelidado mais tarde, o hall de entrada sangrento. Os seus limites eram marcados pelas plantas que insistiam em tentar brotar no seu jardim, mas sempre morriam e apodreciam antes que a primeira flor pudesse sequer ser formada.
Era noite, e tu com dois dos teus mais corajosos e aventureiros amigos entraram na casa e percorreram cada centímetro que havia para ser percorrido. Até que um de vós o encontrou: o objeto que assustava os sábios do reino.
- Olhem o que encontrei - disseste com entusiasmo, trazendo o objeto para fora da mansão. Carregaste-o como se de um tesouro se tratasse. Era assim que o vias, um tesouro que estimarias até o resto dos teus dias.
Os olhares curiosos dos teus amigos não demoraram em tornar-se em surpresa.
Um objeto com tanto detalhe e requinte não podia ser um mero achado, aquilo era, sem dúvida, um objeto raro, incomum e...
- Mágico - saiu-te dos lábios. Sentiste-o como uma verdade absoluta.
Rodaste o objeto entre as mãos para perceber o que eram os desenhos esculpidos. Com a luz da lua percebeste: - É a pedra da lua e do sol.
- Não pode ser! - disse um dos teus amigos dando um pulo para trás.
- É a pedra dos desejos! - disse o segundo amigo. - O que vais pedir?
- Dos desejos? - perguntante perplexo, admirando a beleza do objeto dividido por uma parte clara, o sol, e, separado por uma pequena barra, uma parte escura, a lua.
- Nunca ouviste falar dela? Essa é a pedra dos desejos! Podes pedir o que quiseres, mas só uma vez! Uma vez! - insistiu. - Não importa o que desejes, a pedra vai realizar o teu desejo.
- Só posso pedir um desejo? - perguntaste, ainda mais perplexo por saberes que tinhas nas mãos o mundo. Exatamente isso: o mundo. - O que devo desejar?
- Não sejas tolo! - disse o primeiro amigo. - Nada é gratuito! Termos encontrado a pedra da lua e do sol na casa do mito não pode ser boa coisa. Olha à tua volta. As plantas lutam para sobreviver no meio do manto de podridão de todas as outras que falharam.
- O que sabemos sobre a pedra dos desejos? - perguntaste ao segundo amigo.
- Que estava perdida, apenas perdida. Não esperava encontrá-la aqui.
- Não faças isso! Deve haver um custo!
Os teus olhos brilhavam com as alegrias que a pedra dos desejos tinha para te oferecer, no entanto, o teu subconsciente gritava: lua e sol. E as tuas palavras foram: - O equilíbrio.
- O que vais desejar? - insistiu o segundo amigo.
- O que vais fazer? - pergunto-te eu. Farias um desejo, ali, naquele momento?
