"O Internato NÃO!"

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Acordei com os gritos de uma das minhas empregadas me chamando, e a luz do sol no meu rosto, pois ela havia aberto as janelas e cortinas. Perguntei o porquê de tanta agitação logo de manhã. Ela me disse que minha tutora estava uma fera porque havia perdido dez mil marcos alemães na bolsa de valores. Eu não sei pra quê tanto desespero, aliás isso não era nada perto da fortuna que tínhamos, e certamente recuperariamos a quantia perdida logo, logo. Minha criada me disse que minha tutora me queria na mesa para o café às 10hrs em ponto, não tive nem tempo de abrir os olhos e respirar e já estava me arrumando igual uma louca, pois faltavam apenas 10 minutos para às 10! Fiz minha higiene pessoal rapidamente e peguei o primeiro vestido que vi na minha frente, era um azul turquesa de bolinhas brancas que ficava um pouco abaixo do joelho, amarrei o laço em volta da cintura, calcei minhas sapatilhas e fiz um coque no meu cumprido cabelo. Ainda bem que eu não gostava de maquiagem assim não precisei perder tempo com isso.
Desci as escadas da minha enorme casa, que estava mais para uma mansão, rapidamente, infelizmente ao chegar no último degrau dei de cara com minha tutora, a pessoa que eu não estava nem um pouco afim de ver, até porque eu não tinha me esquecido do acontecimento de ontem. Minha tutora não fez uma cara nada agradável ao me ver e exclamou...

- Está atrasada, Louise!

- Perdão, senhora! Não foi a intenção é que eu acordei em cima da hor...

- Chega de explicações! - Gritou ela me interrompendo antes que eu terminasse a frase.

- Sente - se tenho coisas a lhe dizer!

- Nosso mordomo puxou a cadeira para mim e eu rapidamente me sentei.

- Olha, você sabe que seu pai tem muitas empresas e ações e eu tenho que dedicar tanto o meu tempo a elas, que quase não tenho tempo para passar com você, minha doce Louise. - Tornando sua voz falsamente meiga.

- Cínica, falsa! Desde quando você se importa comigo. - Pensei.

- Eu sei que parece que eu não me importo com você por certas coisas que eu faço, mas é tudo para o seu bem!

- Para o meu bem? Destruir tudo o que me faz feliz é para o meu bem? Pois esse bem eu desconheço. - Pensei comigo mesma, mas com uma vontade de jogar tudo na cara dessa ridícula!

- Você me entende, não é mesmo? - Perguntou ela.

- É claro que sim, senhora! - Respondi com um pouco de deboche no meu tom de voz.

- Então, pelo amor que sinto por você, não acho justo a pouca atenção que você recebe de mim, e também acredito que já esteja na hora de você conhecer pessoas novas, até mesmo quem sabe arrumar um namorado, não acha?

- Não estou entendendo o que está querendo dizer? - Senti como se algo ruim estivesse sendo planejado por aquela bruxa!

- Estou querendo dizer que pelo decorrer da nossa situação, acredito que seja melhor eu te mandar para um internato até você completar os seus 18 anos.

- Eu praticamente não acreditava no que estava a ouvir! Essa bruxa estava planejando me mandar para um internato, enquanto curte toda a minha herança fazendo compras desnecessárias e trazendo seus homens para fazer visitinhas na minha casa na calada da noite! Não mesmo que eu deixaria que isso acontecesse! - Pensei.

- Mas aqui é minha casa eu a amo, isso foi a única lembrança que me restou dos meus pais.
Por favor, não me tire daqui!

- Eu sinto muito - Disse ela rindo
- Mas sinceramente, eu vou ser bem clara com você... Eu estou cansada de você garota! É rebelde, mal criada e sem modos! Não aguento mais seus dramas adolescentes, quero você bem longe de mim! Amanhã mesmo você parte para a Dinamarca.

- O que? Dinamarca? Não poderia nem ao menos ser a França a cidade natal do meu pai! - Pensei.

- Não, você não pode fazer isso, aqui é o meu lar! Eu amo esse país, esse lugar, tudo! Você não pode me tirar tudo o que me resta, não pode! - Gritei com ela.

- Cale a boca, garota! Se aumentar seu tom de voz mais uma vez, vou pedir para que Derick faça algumas marcas em você, para que você guarde como lembrança enquanto estiver na Dinamarca!

- Eu estava com tanta raiva e ódio daquela mulher que saí correndo da onde eu estava, subi as escadas e tranquei a porta do meu quarto, coloquei meu criado-mudo na frente caso ela tentasse fazer o mesmo de ontem. Eu apenas queria chorar e chorar... Naquele momento lembrei do pedido que havia feito ontem, e de fato tudo não passava de um mito. Eu realmente estava sozinha no mundo, quer dizer não tão sozinha quanto pensava, aliás eu tinha meu caderninho de composições e Tobby que ao notar minha tristeza se aproximou de mim fazendo gestos carinhosos, como me lambendo e pulando em cima de mim!

Como eu poderia ir para Dinamarca e deixar meu doce e lindo cãozinho aqui. Será que ele sobreviveria sem mim ou pior...! Será que Cristine permitiria que ele vivesse? Adormeci novamente no chão ao lado da minha cama passando a mão no meu colar em formato de chave que minha mãe me deu antes de falecer, e Tobby em meu colo.

O Outro Lado de Berlim (Pausado)Onde histórias criam vida. Descubra agora