Where Were You In The Morning?

Delicate

Music by Taylor Swift.

Sábado.

A brisa dessa manhã de sábado brincava com meus cabelos, enquanto eu admirava o sol se colocar de pé nesse imenso céu azul de Londres, que até o final do mês deixaria de ser o mínimo de ensolarado e voltaria ao seu sempre cinza e nublado, mas que eu aprendi a gostar desde que cheguei.

Levo a xicara com café até meus lábios e dou mais um gole desse meu eterno vicio, apreciando o sabor tão conhecido por mim e deixando com que ele me esquente um pouco, já que deveria estar uns 17° graus aqui fora e eu ainda estou de camisola, sem a menor vontade de me trocar ou de pôr os pés pra fora do meu apartamento.

Ontem eu até poderia ter ido trabalhar já que não estava com dor de cabeça nem com nada grave — exteriormente falando — mas optei por ligar para Pete e pedir que tudo o que fosse necessário fazer, que me passasse por e-mail e de casa mesmo eu resolvia, e assim fiz. Pra ser sincera, eu só não tenho cabeça nem a coragem necessária para enfrentar todo mundo me olhando com pena por conta das coisas que aconteceu, tanto que nem telefonemas ou mensagens que não envolva trabalho não tenho respondido.

Talvez seja covarde da minha parte me esconder nesse momento, eu provavelmente pensaria isso caso acontecesse com alguma amiga que sei que enfrentaria tudo de cabeça erguida sem se importar com opiniões alheias. Eu costumava ser esse tipo de pessoa, mas o problema é que depois que descobri tudo, ficou inevitável não me sentir vulnerável só de pensar em situações que podem ocorrer quando eu pisar naquele escritório, por isso me escondi.

Não que eu tenha me escondido literalmente — afinal todo mundo sabe onde moro — mas sim evitado todos eles, menos as garotas, Chris e Patrick. Esses 5 se pudessem verificavam a cada minuto como estou, mesmo tendo passado a quinta-feira inteira com as garotas e depois ter ligado para meus dois seguranças — e em uma dessas ligações talvez ter dado uma bronca em alguém que se meteu em uma briga, mesmo ele falando que não levou nenhum arranhão — os 5 não largam do meu pé, então hoje eu me dei folga deles e desliguei o celular.

O único que vai saber sobre mim hoje é Chandler, meu pequeno que daqui a pouco vai apender a falar e me chamar de desnaturada porque não o levei para passear desde domingo passado. Ele não merece ficar trancado dentro desse apartamento só porque a dona se rebelou um pouco com o mundo lá fora, mas pelo menos ele tem uma ampla varanda para brincar e se distrair.

— É só pensar que você aparece, não é rapazinho? — escuto o barulho das patinhas dele e deixo minha caneca apoiada no parapeito antes de o pegar no colo — Sei que deixei você na mão essa semana, mas que tal irmos em um parque diferente hoje como pedido de desculpas, huh? — falo empolgada e recebo uma lambida como resposta, nesse momento eu tenho vontade de esmaga-lo de tanto amor — Ainda bem que aceitou meu pedido de desculpas, eu não quero vacilar com meu carinha. — encho o rosto dele com vários beijos e seu latido fica mais forte — Você também me ama? Oh meu Deus, como eu tenho sorte por ter você, Chandler.

Volto ele para o chão e o mesmo corre pra dentro da sala, provavelmente em busca do inseparável macaquinho que Shawn deu para ele de presente, e como pensei, Chandler volta em segundos com o objeto na boca e se deita perto de mim. Acabo sorrindo que nem boba ao olhar a cena, e minha mente me lembra do dia em que fomos no petshop e o moreno queria levar a loja inteira para o cachorrinho e eu não deixei, então ele viu o brinquedo em uma das prateleiras, o pegou com um sorriso travesso nos lábios e balançou para Chandler, que em segundos abocanhou o objeto e se apossou dele.

"Parece que esse você vai ter que levar, noiva. — ele sorriu convencido e se abaixou para alisar o cachorro — Ei carinha, eu consegui! Ponto para os homens! — o sorriso que tinha nos lábios é um dos que Shawn dá raramente, e confesso que meu coração transbordou de amor nesse momento."