Dois

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Curiosidade 7 — Se dois estranhos forem forçados a conversar e a manter contato visual por algum tempo, é muito provável que eles se apaixonem.
 

— Hm...? – Hinata soltou um sorriso nervoso, envergonhada, pois certamente tinha escutado errado. Obviamente, ele não tinha perguntado aquilo que ela entendera. Impossível.

— Preciso que você seja minha namorada.

Ela se sentiu tão surpreendida que precisou se sentar, decodificando lentamente o que ele havia dito. Sua boca abriu e fechou várias vezes, espantada. Com os olhos arregalados, encarou-o abismada.

— Quê?!

Gaara imaginou se ela tinha sentido vontade de soltar um lindo palavrão, que caberia muito bem naquele tom de voz, e suspirou alto. Até passou as mãos nos cabelos, antes de se aproximar dela, já meio arrependido do que tinha dito. A verdade é que não pensara direito; se tivesse pensado, teria chegado à conclusão que Hinata era sua pior escolha. Era uma ideia muito, muito idiota, até um pouco absurda. Ainda assim, já tinha falado, então teria que continuar.

— Não é o que você está pensando! – E suspirou de novo, ansioso. Estava tentando achar as palavras certas para explicar. – Não iríamos namorar de verdade, seria só fingimento. 

Hinata pareceu ficar mais constrangida ainda, tão espantada que era como se Gaara tivesse aberto seu box durante o banho. Franzindo a testa, ele sabia que poderia quebrar um ovo na cabeça dela e ele fritaria só com o calor. 
Ela precisou juntar muita coragem para dizer:

— P-Porque você fingiria namorar comigo?!

Bom, ele pensou, pelo menos ela ainda continuava ali, tentando entender, e não tinha simplesmente dado o fora. Gaara se sentou numa cadeira próxima à dela, franzindo a testa quando a menina foi ligeiramente para o lado, como se ele tivesse alguma doença contagiosa.

— Tudo bem, olha, você não foi uma escolha particular ou algo do tipo. Quando você me disse que eu poderia pedir qualquer coisa, bem... – Ele penteou o cabelo para trás, com a mão. – A oportunidade surgiu. Foi isso. – Então voltou a olhá-la e Hinata se surpreendeu com a força do ato. – Seria só até segunda-feira. Depois disso, nós podemos... romper. 

Gaara havia pensado naquelas condições desde domingo, quando Temari anunciou que eles iriam se reunir com toda a família no sábado, o clássico almoço com os parentes. Ele só não tinha imaginado que Hinata seria a garota que escolheria. Mentalmente, o Sabaku repetia que "é o desespero!"; embora não pensasse que Hinata era feia, ela era calada demais para o que ele precisava. Quase se desmontou na cadeira ao lembrar do que ele precisava.

Quieta, a garota estava pensando. Cara, aquilo tudo era tão esquisito! Ela nunca teria pensado ouvir aquelas palavras da boca de Gaara, sem chance. Ela ainda estava vermelha com o "romper" – mal tinha começado um namoro (de mentirinha, mas...), e ele já tinha um prazo de validade. Desconfiada, ela estreitou os olhos. Ele tinha sido bom com ela o dia todo, tudo bem; tinha a salvado de cair da escada, de mostrar o sutiã para todos da sua sala e de entrar na estatística de sem teto ou desaparecidas, pois seu pai certamente lhe expulsaria ou sumiria com ela se ela não fosse capaz de manter suas chaves na bolsa. Ainda assim, se ela falasse "tudo bem!" para qualquer cara que fosse minimamente legal com ela, Hinata poderia estar numa biqueira nesse exato momento.

— O motivo, você ainda não me falou... – insistiu, meio tensa. Gaara não era feio e ela imaginava que era perfeitamente possível para ele encontrar uma namorada de verdade. 
Gaara tossiu.

— Primeiro preciso saber se você aceita.

Ela arqueou a sobrancelha, as bochechas rosadas ressaltadas de repente.

Namora Comigo?Onde histórias criam vida. Descubra agora