Três

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Curiosidade 15 — Quando duas pessoas apaixonadas fixam seus olhares, as batidas do coração entram em sincronia, batendo ao mesmo tempo.

Sexta-feira chegou com lindos raios de sol que iluminavam a cidade toda, os prédios mais altos servindo como refletores para os menores. A felicidade pelo fim de semana era geral, pois estudar e trabalhar naquele calor era quase insuportável e muito desgastante. Para Hinata, cujas mangas da camiseta estavam enroladas, apesar de já serem curtas, o sol não a importava muito no momento.

Ela estava encostada à grade do terraço do colégio, olhando para Gaara, esse sentado e apoiado na parede do pequeno depósito.

— Você tem certeza que não quer suco...? – perguntou, batendo levemente os dedos na caixinha num claro sinal de nervosismo. Não ter gaguejando foi surpreendente. – É de laranja – continuou, desviando os olhos das pequenas gotas de suor que escorriam do maxilar dele, até o pescoço, e sumiam na gola da camiseta. Fez ela se sentir ainda mais calorenta.

— É a terceira vez que você me oferece. – E o ruivo revirou os olhos, puxando a camiseta que insistia em grudar em seu abdômen suado. Como o terraço era aberto, o sol ficava torrando o lugar como um grande forno; no caso, Hinata e ele eram os assados. – E eu já recusei – murmurou, fechando os olhos e desejando um ventilador gigante. Ou uma piscina cheia de cubos de gelo.

Depois disso, tudo o que eles podiam ouvir era o barulho que Hinata fazia ao sugar o líquido pelo canudinho – e, céus, como isso era irritante. Estar alí em cima não tinha sido, exatamente, uma decisão espontânea e divertida; era necessário, no entanto, pois precisavam disfarçar o namoro. Se estivessem no meio de todo mundo, teriam que agir como um casal apaixonado e grudento durante longos – e quentes, tão quentes! – 30 minutos. Isso incluía, é claro, mãos dadas e abraços constrangedores.

Embora Gaara preferisse isso à tostar no sol, como uma torrada, naquele dia Hinata estava muito mais do que a palavra "tímida" poderia expressar.

Olhando de baixo, ele conseguia ver o ponto exato onde as coxas dela se uniam e a saia terminava, o ponto mais vermelho de suas pernas brancas, pois era onde a pele se encontrava mais frequentemente. O Sabaku desviou os olhos rapidamente; se ele tivesse erguido só um pouco mais seu queixo, teria visto bem além da saia... Obviamente, ele retornou ao pensamento que estava tendo, sabia que a culpa de todo aquele acanhamento era dele próprio. Mas bem que Hinata poderia colaborar, né? Tudo aquilo por causa de um selinho? Um mísero selinho?!

Ele nem queria imaginar se de repente tivesse deslizado sua língu...

— Gaara – ela o interrompeu, chamando-o devagar. Gaara ergueu a cabeça para encará-la; o cabelo azulado, preso num rabo de cavalo, brilhava impressionantemente sob a luz do sol. – É amanhã que, hm, vamos encontrar sua família... – disse, mordendo o lábio inferior.

Gaara suspirou alto, tendo vontade de bater na própria testa. Tinha pensado muito sobre Hinata naqueles dias, mas tinha se esquecido de pensar na festa – mesmo esse sendo o motivo para tudo ter começado! Droga.

— Tem razão. Acho que preciso te dizer algumas coisas sobre eles – comentou, ficando de pé e mais perto dela. Hinata acenou com a cabeça, concordando.

— Sim, eu ia te pedir isso – murmurou, olhando para todos os cantos possíveis, menos para ele. Estava apertando a caixinha, agora vazia, com tanta força que seria capaz de rasgar o papelão. Gaara franziu os lábios.

— Hinata, sobre ontem...

— Gaara, sobre ontem...

Os dois ficaram quietos, se encarando. Ela respirou fundo, corada; para todos os efeitos, que Gaara pensasse que era só de calor. Enquanto isso, ele passava a mão pelos fios ruivos, se sentindo ansioso. Já estava arrependido pelo dia anterior. Bem, o que mais ele poderia ter feito? Se não tivesse a beijado, eles ficariam plantados na porta da casa dela por um tempão, só esperando que a Uzumaki resolvesse deixar de ser enxerida e fosse embora, o que aconteceria, sei lá, no dia de são nunca. Ou, pior ainda, Karin poderia espalhar por aí sobre a fria relação que eles mantinham, o que faria todos os amigos deles – tirando, talvez, Ino, cuja a inteligência não era uma das maiores qualidades – juntarem A+B e perceberem que, ei, eles estavam mentindo todo esse tempo.

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