A casa dourada

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Sonho estalou os dedos e eles foram transportados para frente de uma mansão dourada, ao sopé de uma montanha, onde no topo ficava um castelo tão cristalizado que a luz que emitia era a fonte do brilho ofuscante visto da entrada do mundo dos desejos.

— Lá em cima é a nossa casa, o castelo, mais conhecido como sono, dei uma casa a vocês aqui porque gostei muito de você... — Sonho olhou com carinho para Rafael, e o sorriso cínico voltou-lhe ao rosto, naquele ponto o rapaz achava que a mulher não sabia sorria. — Quando tomar sua decisão pode subir e nos contar!

— Além do mais... — Pesadelo estalou os dedos fazendo surgir uma mesa e uma cadeira, sentou-se e cruzou as pernas, pegou uma caneca, com o seu rosto, vinda do além e começou a beber o líquido como se fosse um rico metido. — Nossa casa é majestosa porque eu escolhi a decoração! — o homem lançou um olhar de soberba para a irmã. — Assim como a de vocês! — Pesadelo pairou na frente de Rafael e estalou os dedos, ouviu-se um estampido dentro da casa, como se os moveis estivesse sido trocados.

— Você sempre faz isso... Por que você foi feito para me perturbar em? — perguntou Sonho encarando o irmão se vangloriar pelo que todos estavam prestes a ver.

Mas antes que Sonho pudesse estalar os dedos e abrir as portas da casa dourada, um medidor apareceu ao seu lado e piscou vermelho, como um alarme agravante.

— Infelizmente não poderemos ver sua obra prima irmão... — gozou Sonho. — Rafael tenha um bom proveito do seu desejo e quando se decidi pode subir, não se acanhe!

Sonho e Pesadelo já se preparavam para estalar os dedos e sumir quando Rafael os chamou:

— Esperem! Eu acho que...

— Pense direito! — Pesadelo cortou Rafael, e pairou na sua frente.

Sonho o encarava como se estivesse com raiva.

— Temos de ir irmão! — a mulher tentava forçar um simpatia.

Pesadelo a ignorou e continuou:

— Pense direito no assunto! — o homem olhou para Vinícios, Rafael não entendera o que ele queria dizer com aquilo, mas ficou pensativo.

Os irmãos sumiram, deixando Rafael e Vinícios à frente da casa dourada.

Rafael estendeu a mão para pegar a de Vinícios, mas que elas se tocassem o garoto abriu a porta, o rapaz sentiu um pouco de frieza naquele ato, ficará um pouco chateado por ter sido largado no vácuo por Vinícios, mas não durou muito; assim que seus olhos viram a deslumbrante decoração da casa dourada seu coração esqueceu todas as magoas de um segundo atrás. Rafael agora só prestava atenção nos entalhes dourados das paredes, no mosaico do teto e nos móveis brilhantes. O tapete era tecido com fios de ouro, assim como o sofá e todas as cortinas das janelas.

O rapaz fora passando o dedo por alguns quadros pendurados pelas paredes, não conhecia nenhuma das pessoas ali emolduradas, exceto por Pesadelo que exibia um grande sorriso de alegria, verdadeiro, muito diferente do da irmã. Rafael olhou a pequena frase no canto do quadro:

Pense direito!

E foi nesse momento que entendeu que Pesadelo queria lhe contar alguma coisa, mas o quê?!

Uma música agitada tocava no som da casa, não era muito o estilo de Rafael, muito menos o de Vinícios, mas mesmo assim o garoto remexei o quadril como se sempre adorasse aquele estilo de música, Rafael ficou parado por um tempo olhando o garoto, era lindo, e mesmo desengonçado era fofo, mas ainda assim era estranho o fato de Vinícios estar dançando.

— O que foi? — Vinícios parou de dançar, se sentindo um pouco envergonhado.

— Nada... — respondeu Rafael olhando para o garoto com devaneio, só conseguia pensar na frase que Pesadelo havia lhe dito: Pense direito no assunto?!

Mas ele estava decidido, queria ficar ali no mundo dos desejos, tinha o garoto que gostava ali ao seu lado e não tinha o pai para lhe infernizar, o que ele deveria pensar direito?!

— Então vem... Vamos dançar! — Vinícios tentou puxar Rafael, mas ele resistiu.

— Não... Não quero... — o rapaz se desvencilhou de Vinícios e andou até uma das janelas, ficou observando as casas da rua ao lado da sua, essas não pareciam tão encantadoras quanto as da entrada do mundo dos desejos, não havia brilho nelas.

— Então vamos fazer alguma coisa! — Vinícios chamou Rafael.

O garoto não estava afim de fazer nada, exceto lutar, era o que lhe ajudava a esbravejar sua raiva e com Vinícios era muito mais do que uma luta, era a dança deles, o momento deles.

— Vamos lutar!

— Ahh... — Vinícios parecera confuso. — Não, vamos deixar para depois! — Ele se jogou no sofá.

Rafael não respondeu, só ficou ali olhando boquiaberto.

— Como ele recusou uma luta?! — sussurrou Rafael a si mesmo e foi nesse momento que tudo se encaixou. — Vinícios, posso lhe fazer uma pergunta? — Rafael parecera ter uma ideia.

— Claro! — Vinícios pulou do sofá e ficou de frente para Rafael.

— Qual é a frase que você sempre me fala?

— Ham... É... Eu gosto muito de você? — Vinícios gaguejou.

Rafael riu de nervosismo.

— Você não é o Vinícios, não o meu Vinícios... Quem é você?

— O quê?! — Vinícios soltou um riso cínico. — Do que você está falando?

— NÃO SE FAÇA DE BOBO! — Rugiu Rafael. — Quem é você?!

Vinícios, ou seja, lá quem estivesse ali na frente de Rafael, viu a raiva no olhar do rapaz e ficou bem assustado.

— Tudo bem, tudo bem... Eu não sou Vinícios.

Aquilo não foi bem um baque para Rafael, mas simbolizou que ele precisava sair dali agora, precisava ver Vinícios.

— Então quem é você?!

— Eu sou um dos moradores, quando Sonho me chamou eu tinha de obedecer, é assim que funciona aqui... Ela me passou lembranças suas sobre Vinícios e me transformou, por fora, no Vinícios que você conhece, mas é óbvio que eu não tenho a mesma sensibilidade que ele e não me conseguia recordar de todas as lembranças! — O morador se sentou no sofá, se sentindo aliviado por ter contado a verdade. — Se meu conselho servir para alguma coisa eu diria para você não ficar nesse lugar, não cometa o mesmo erro que eu e outros milhares cometeram...

Agora Rafael estava se sentindo assustado.

— Diga-me, de verdade desta vez, que lugar é esse?!

— Bem... Eu diria que é um lugar de lindos sonhos, mas também de terríveis pesadelos!

Rafael tinha entendido o conselho do morador.

— Eu tenho que sair daqui! — O rapaz saiu em disparada para a saída da casa dourada.

O mundo dos desejos - concluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora