Entrevista

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[Conversa #1 — Irene ]

- Nossas sessões serão individuas. Tratarei de cada uma com a sua privacidade oculta de outras colegas por aqui. Saiba que a regressão é um processo que requer esforço. Um procedimento difícil as quais podem motivar algum transtorno psicológico no presente, e ressignificar o valor dessa lembrança no momento atual. - Doutora Park concluiu sua explicação.

- Me explica o motivo disso? De toda essa merda?

- Você não gosta de conversar, Irene? - Perguntou. - Por ser uma futura mamãe de primeira viagem, achei que precisaria de algum tipo de apoio. Eu vou te ajudar.

- Você me ajudaria se me tirasse daqui! - Gritei.

- Irene, você anda tendo algum tipo de dor?

- Escuta aqui, não era para eu ver a Tiffany hoje? - Perguntei impaciente. - Não sei por que estou aqui com você.

- Sim, você irá vê-lá ainda. Mas agora você está comigo, gostando ou não.

- Por qual motivo? - Interroguei.

- Me conta, exatamente, como aconteceu de você engravidar.

- Era só o que me faltava... - Exclamei ainda mais impaciente. - Você veio mesmo aqui para virar na minha cara e dizer que nunca fez sexo? Estou virgem de olhar para a sua cara de demência.

- Comportamento agressivo... - Comentou. - Estou tornando tudo cada vez mais simples, Irene. Você só precisa colaborar comigo.

Competente e divertido terem me escolhido como a primeira para começar em um novo domingo e no fim para o inicio de uma semana. Já estava no meu terceiro mês de gestação e a única coisa que me corria pela cabeça era sair dali, criar meu filho e voltar para casa. Existia forma disso acontecer? Não, não existia. Podíamos cogitar? Isso era de graça.

Eu estava bem. Até o momento eu estava bem. Nada tinha me atingido de verdade, nada iria piorar além do fato de continuar estando naquele local imundo. Porém, tudo muda e a cada segundo se torna tão diferente e imprevisível.

- Colaboração? - Respinguei. - Quer que eu comece te contando o que, Doutora? Quando tirei minhas roupas? Quando ele se enfiou dentro de mim? Ou quando ele gozou?

- Hm, bom...

- Ficou tímida, Doutora? - Perguntei sínica.

- Vamos entrar em um assunto que irá te interessar, o que acha?

- Tipo?

- O que você ouve pelos corredores? Poderia me contar?

- Doutora, você não tem amigos aqui dentro?

Pigarreou. - Como foi seu primeiro dia aqui dentro? Com tantas pessoas que você não conhecia e mais, longe da sua família? - Indagou.

- Desagradável. - Relembrei.

- Pois então, não queria que o meu fosse dessa maneira. Você pode me ajudar e eu iria te ajudar de alguma forma. Você precisa de mim.

- Não, eu não preciso.

- Sim, você precisa.

Silêncio.

- Não sou sua amiga, não serei isso. Não se preocupe, não temos laços sanguíneos. Você é a minha paciente e eu sou a sua Doutora, nada além disso. - Esclareceu. - Sua gestação está em torno do quê? Uns três meses?

- Sim. - Respondi seca.

- No seu registro médico, diz que você tem ataques de pânico e um estresse agressivo. Tem algum pensamento psicopata?

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