Dois ano antes.
- Você não parece gostar de festas, hm? - Uma voz desconhecida perguntou.
Naquela noite eu só desejava minha cama e minha televisão, nada novo. Poderia ter pedido uma pizza, uns lanches e até ter comprado sorvete, mas não, eu estava na festa que a Amber insistiu em me arrastar. Não sei por quê eu ainda resolvo sair com elas, nunca é algo que eu gosto ou que eu sinta vontade de ficar. É sempre assim. Sempre.
Eu quase não bebia, não fazia o meu estilo. Meu espirito animal era folgado e chato, então aquela música alta não fazia nada mais e nada menos do que me irritar profundamente. Ouçam só, é a última vez que caiu nesse papo de que 'vai ser legal.'
Não que eu fosse curiosa, mesmo eu sendo curiosa, mas fazem meses desde a última vez que senti um contato realmente bom. Bom de verdade, bom de dar calor, de me excitar, admito que só vim para ver se isso poderia passar se eu encontrasse alguém ou se, a Amber parasse de colocar qualquer menina acima de mim. Era inútil, eu sei. Mas não controlo meus desejos superiores a minha plena consciência. Eu era patética, acho que era hora de eu aprender a beber e aproveitar a noite como todas fazem por aqui.
- E eu não gosto. - Respondi. - Vim por causa de uma amiga.
- E não está gostando? - Perguntou. - Talvez você não tenha pegado às bebidas certas ou... Talvez não tenha conhecido alguém certo.
- E o quê eu deveria beber?
- Não sei, vodka com energético? - Sugeriu rindo.
- Coisa de adolescente. - Brinquei. - Faltou o gelo de maracujá.
- Você não deve beber, por isso que tudo fica tão chato. - Comentou e assim debruçou sobre o metal da varanda em que estávamos. - Você precisa se soltar, me mostra quem é você.
- E por quê eu faria isso? Eu te conheci agora. - Dei os ombros.
- Bom... - Ela suspirou. - Ou é comigo ou é com eles! - Apontou para o restante da festa.
- O quê você quer que eu faça? - Perguntei incrédula.
- Jogue o meu jogo!
Eu não entendi direito, na verdade, era pra eu tirar alguma conclusão disso? Digo, eu queria usar minha cabeça para pensar um pouco mais no que ela queria dizer, mas era falho, eu era falha e sem segurança nenhuma. Quando me fizeram, aposto que era na troca de ano. Nem cá e nem lá, totalmente no centro, sozinha e sem saber reagir aos desafios da vida. Se minha mãe tivesse me ensinado mais, só um pouco mais, eu saberia dizer que a desconhecida era linda.
Eu não pude evitar, eu olhava para ela como quem tivesse sido abandonada. E eu fui de certa forma, mas eu não era completamente sozinha. Sentia minhas pernas estremeceram com a voz dela, tão doce, tão desafiadora. Quem era era?
Não perguntei seu nome, droga! Mais uma vez, eu era inútil. Ela me deu um beijo na bochecha sem pensar duas vezes e sumiu na fumaça da parte de dentro da casa. E não, eu não perguntei seu nome ou de onde ela era, eu fiquei parada ali, esperando uma resposta do céu.
♪
Sim, finalmente íamos embora dali, depois de horas sentada no sofá e sem nenhuma jogo no celular que eu pudesse não enjoar, Amber resolveu ir embora e eu não poderia me sentir mais grata naquele momento do que aquilo. Finalmente eu teria meu quarto, minhas coisas, meu canto onde não houvesse barulho nenhum como aquele que acabaram com meu tímpano.
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Stolen
FanfictionVocê conseguiria perceber se estivesse cometendo um grande erro? Ou pararia para tentar explicar que a única vontade que você sente é de arriscar tudo por uma pessoa que não sabe seu nome?