Simpatias que não dão muito certo

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Jeon Jungkook e Park Jimin se conheceram quando tinham seis e oito anos respectivamente : o pequenino alfa dos Park mudara-se com eles para a casa ao lado da do ômega, aquela que tinha uma porta de madeira vermelha bonitinha, que aleatoriamente combinava muito bem com a porta azulzinha dos Jeon.
Sua amizade começou com Jimin indo para a mesma escola do outro menino e bom mesmo que não estivessem nas mesmas turmas, pois o alfa era dois anos mais velho que o outro, as mães conversavam no caminho enquanto levavam suas crianças para a aula, então eles achavam que seria legal fazer isso também, afinal papo de adulto era muito chato, e como moravam perto poderiam sempre estar brincando um com o outro. Só viram vantagens em se tornarem amiguinhos, sem contar que consideravam seus cheirinhos gostosinhos demais. Os cheiros deles já indicavam sua classe: Jungkook tinha um cheiro mais doce, floral e Jimin tinha um cheiro mais masculino, algo puxado para grama molhada.
Logo dormir um na casa do outro, emprestrar brinquedos e roupas, e dividir lanches já não era algo novo, nem mesmo para Jungkook que era um tanto territorialista e temperamental. Odiava dividir, mas não se importava quando o assunto era o pequeno Park.
Jimin era mais tranquilo, apesar de ser firme e mais protetor que o outro, era um alfinha mais centrado, menos bagunceiro, diferente de Jungkook. Mas ali entre os dois as diferenças pareciam coisas boas a si lidar, seus lobinhos pareciam gostar da misturinha que formavam.
Enquanto Jungkook demonstrava talento para a música e arte, Jimin facilmente poderia resolver uma difícil equação matemática. Eles se completavam de uma maneira meio diferente.
E o tempo foi passando e junto dele os meninos foram crescendo, descobrindo que aquela amizade era algo a mais.
Não que não houvessem ômegas e alfas que fossem apenas amigos, na realidade haviam muitos, mas no caso dos dois era diferente. Lá pelos doze anos de Jungkook e quatorze de Jimin as mães começaram a notar que o grude que tinham não iria passar, não iriam haver outras pessoas para tornar-se seus companheiros, pois mesmo não admitindo, eles já sabiam que gostavam um do outro. Tudo era uma questão de tempo, tudo era uma questão de deixar cair o véu da infância.
Foi no baile de formatura de uma turma qualquer da escola em que Jimin dançava com Jungkook que as coisas evoluíram: eles deram o primeiro beijo de verdade. Jimin, que na época era mais alto que o outro menino, sentia o cheiro terno de flores dele aguçar os sentidos e sua boca que cantarolava incansavelmente a música que tocava pareciam ser o paraíso. Já havia tido aquela ideia, na verdade já davam selinhos a algumas semanas - com a desculpa de que nunca haviam beijado e precisavam de experiência - e andavam ainda mais grudados, mas só naquela noite tomou coragem para beijar Jungkook de língua.
Jungkook se sentiu ofegante, realizado e entorpecido ao ser rodeado pelo cheiro de chuva que Jimin amanava naquele momento misturado ao cheiro já conhecido e habitual dele de grama. E aquilo foi inédito aos dois e maravilhoso, mesmo que meio desengonçado, afinal não sabiam muito bem o que estavam fazendo.
Depois daquele dia os beijos foram evoluindo: aprenderam que chupar o lábio e a língua alheia podia ser algo bom, que mordidas eram gostosas também e que a cada dia algo mais estranho crescia no âmago de cada um.
Já haviam se masturbado, sozinhos, em suas casas, sabiam o que era excitação, mas foi estranho para Jimin quando Jungkook passou a estampar o fundo de suas pálpebras ao se tocar e Jungkook achava estranho sua garganta arranhar e chamar pelo melhor amigo a cada ápice.
E então Park fez dezoito anos e junto da quase maior idade veio seu cio: uma vontade maior ainda de ter Jungkook e de perder sua virgindade até então intacta. E Jungkook estava lá naquele dia, viu o amigo ficar quente, faminto e feroz, mas diferentemente de muitos ômegas seu corpo não acendeu em brasas, ele não gemeu instantaneamente, ele não teve seu cio também, mesmo que sentisse muito tesão e muita felicidade ao ser desejado daquela forma. Ele se entregou e passou o cio com Park Jimin porque quis e ainda foi responsável o bastante para não esquecer a camisinha.
Para os pais de ambos o sexo em si não havia sido preocupante, gostavam do casal que formavam, eram bons um para o outro e aquilo era algo normal, o preocupante fora Jungkook não ter tido seu cio também. O cio do alfa, principalmente o primeiro que é mais forte, tende a solicitar o cio do ômega que o acompanha, ainda mais por ser tão novo e por ter os hormônios a mil.
Quando foram no médico, Jungkook e sua mãe, houve uma descoberta que todos acreditavam ser impossível: Jeon não teria cio. Ele era um ômega, tinha cheiro e podia ser marcado, mas seu corpo não havia sido capaz de criar o hormônio para o cio, não na quantia necessária.
Aquilo o deixara trancado no quarto por um dia inteiro, sozinho, em silêncio, nem mesmo suas amadas músicas ele queria ouvir ou tocar. Ele só queria ficar em silêncio.
Ele tinha medo do que seria dos dois a partir dali, era novo mas tinha consciência da realidade do mundo e tinha medo de Jimin não querer mais nada consigo, ver que tudo aquilo não havia passado de um engano, afinal, o mais velho logo iria para a universidade, haveriam muitos ômegas normais lá, ele poderia muito bem mudar de ideia. Ele poderia não amar Jungkook de verdade, eles poderiam estar confundido seus sentimentos por serem tão colados. Ele era um ômega defeituoso e talvez Jimin percebesse isso e o trocasse, era uma garotinho muito inseguro ainda.
E foi pensando nisso que Jungkook decidiu que precisava de um tempo: da família, da vida e infelizmente, de Jimin. Se inscreveu numa escola de artes e música no Japão e lá concluiria seu ensino médio, enquanto Jimin iria para a faculdade de arquitetura. Ambos podiam mudar de ideia se quisessem, podiam mudar sobre o amor que sentiam.
Jimin se sentiu o pior dos piores com a proposta, mas no fim aceitou a partida do amado e o distanciamento. Precisava se focar nos seus estudos, no vestibular, em si mesmo. Decidiu que também precisava de um tempo de Jeon Jungkook.
Dois anos haviam se passado quando se reencontraram, mas não em Busan nas casas em que seus pais ainda residiam, eles se encontraram em uma boate em Seul, por acaso logo após o retorno de Jungkook para a Coréia . O amigo e colega de quarto da faculdade de música de Jungkook, Taehyung, havia conseguido um encontro com um carinha veterano chamado Hoseok e ele ia chamar um amigo para que Jeon não ficasse de vela. Ao chegar lá o ômega se deparou com Park Jimin, dez vezes mais musculoso e masculino, os cabelos coloridos num vermelho berrante, totalmente atraente e o Park quase perdeu o fôlego ao ver aqueles cabelos pretos num corte mais moderno e aquelas pernas esguias justas naquele jeans, a camisa branca mostrando a clavícula. As orelhas de ambos estavam cheias de brincos e os dedos com anéis, apesar de repararem que não usavam anéis de compromisso e que seus cheiros continuavam muito atrativos. Não haviam marcas em seus pescoços.
Eles haviam crescido, não haviam se esquecido um do outro, jamais poderiam, mas haviam tido outras experiências, eram outras pessoas.
Juravam que tentaram resistir um ao outro, mas a batida de Closer soando alta na boate e a letra tão significativa os deixaram cheios de um sentimento de querer tenso e imediato. Naquela noite eles se beijaram e dançaram colados ao som de qualquer música, mesmo que fosse algo agitado. Naquela noite tiveram certeza de que queriam um ao outro e que passariam vinte, trinta, quarenta anos e ainda iriam querer.
- Eu acho que ainda te amo - Jimin disse naquela noite quando Tinashe soou ao fundo com Flame. Seu lobo estava feliz perto daquele ômega de novo como nunca se sentira com outros durante aquele período de tempo, só ele lhe causava tal efeito.
- Eu também acho que te amo - respondeu Jungkook e o puxou para seu corpo e para sua boca mais uma vez, para seu lobo.
Não eram um casal perfeito, longe disso, mas se faziam felizes e era isso que importava e agora já faziam cinco anos que estavam casados, empregados, tinham carro, casa e um quarto sobrando no fim do corredor. Eles queriam um filho.
Na verdade quem queria um filho era Jungkook, mesmo não tendo cio ainda tinha trinta por cento de chance de ter um bebê deles, principalmente porque eram marcados um pelo outro.
- Eu quero, Jimin - ele havia dito - Quero tentar de todas as formas nos dar um bebê nosso, fruto do nosso amor.

Jungkook quer ter um bebêWhere stories live. Discover now